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RACISMO | Ex-apresentadora acusa Globo de racismo após demissão: "São as chibatadas contemporâneas"

“Nunca falei disso publicamente, mas me dói demais ver isso acontecer. São as chibatadas contemporâneas”, comentou Alinne Prado em suas redes sociais.

sexta-feira 20 de julho de 2018 | Edição do dia

Imagem: Reprodução/ Mídia Interessante

A ex-apresentadora do programa global Vídeo Show postou em redes sociais que sua demissão ocorrida no ano passado pode ter ocorrido por motivações racistas: “Apesar de ser a primeira negra a sentar na bancada do programa, fui demitida sob justificativa de que, apesar de gostarem muito do meu trabalho, precisavam de alguém mais ‘neutro’ (sic)”, escreveu Alinne.

Prossegue afirmando que apesar das alegações da emissora de ter que demiti-la para “enxugar” o quadro profissional, o número de repórteres cresceu. Ela disse: “Nunca falei disso publicamente, mas me dói demais ver isso acontecer. São as chibatadas contemporâneas”.

Com as novas contratações de ex-participantes do BBB para assumirem o posto de novas apresentadoras do programa houve uma série de questionamentos também nas redes sociais sobre a falta de diversidade.

Alinne fez questão ainda de deixar bem claro que não culpa as novas integrantes do programa. “Não é nada contra as meninas do Vídeo Show. Inclusive as sigo e sou fã delas. É contra a colonização do nosso imaginário. Só podemos aparecer na tv se for em situação de subserviência e sofrimento. E sempre como cota. É contra acharmos que não existe racismo”.

Em nota enviada a EXAME, a Globo afirma que não houve racismo e busca elementos para justificar tal afirmação com a própria trajetória e profissional de Alinne dentro da emissora:

“A trajetória de Alinne Prado na Globo por si só mostra que essa acusação não procede. Durante 6 anos, Alinne Prado passou por 4 programa na Globo. E em todos pode atuar em diferentes funções, como repórter ou apresentadora. Alinne entrou em 2011 na Globonews, onde ficou até 2012, quando foi transferida para o Entretenimento da Globo para ser umas das repórteres do programa ‘Encontro Com Fátima Bernardes’. Em 2015, Alinne teve a oportunidade de integrar o time do ‘Vídeo Show’ fazendo reportagens e apresentando o programa, onde permaneceu até 2017. Com os ajustes no Vídeo Show, Alinne ainda foi escalada para trabalhar na equipe de reportagem do ‘Mais Você’, no ano passado, por dois meses. Após essa passagem pelo programa, seu contrato chegou ao fim e não foi renovado, numa dinâmica comum a qualquer outro profissional ou empresa”.

Não é preciso ser fã de carteirinha da emissora para notar o quanto esta está a serviço dos moldes da indústria cultural. Em sua programação há cada vez mais pautas que apontam para falsos discursos de inclusão, que trazem à tona questões como racismo, homofobia, machismo e afins. Tudo isso mascarado de um pseudo progressismo a serviço, na verdade, de perpetuar no imaginário da população os estereótipos impregnados há tempos nas mulheres, negros, pobres e trabalhadores. Vê-se facilmente nas figuras negras que se destacam nas novelas, séries e na programação como um todo, a perpetuação da imagem atrelada a características que a burguesia considera como inerentes a população negra, e não o que de fato representa essas pessoas.

Segundo dados do Atlas da Violência 2018, que traz dados do Ministério da Saúde e foi divulgado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) recentemente foi revelado que a taxa de homicídios de negros e negras cresceu 23% em 10 anos. "Os negros, especialmente os homens jovens negros, são o perfil mais frequente do homicídio no Brasil, sendo muito mais vulneráveis à violência do que os jovens não negros. Por sua vez, os negros são também as principais vítimas da ação letal das polícias e o perfil predominante da população prisional do Brasil", afirma o estudo.

Nesse contexto e com o visível avanço dos discursos reacionários na mídia e nas redes sociais, por exemplo, é inaceitável que se perpetuem atitudes racistas e que a mídia e as próprias redes sociais continuem a propagar tais absurdos.




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