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Cúpula de Versalhes | Europa avança no rearmamento imperialista e busca terminar com a dependência energética com a Rússia

A UE enviará até 1 bilhão de euros em armas para a Ucrânia e aumentará o orçamento conjunto de defesa. A reunião dos 27 membros da UE busca também resolver a dependência energética em relação à Rússia.

sexta-feira 11 de março de 2022 | Edição do dia

“Pedimos a Rússia que cesse suas ações militares e retire todas suas forças e equipamentos militares da totalidade do território ucraniano, imediatamente e sem condições, e respeite completamente a integridade territorial, a soberania e a independência da Ucrânia”, comunicava a declaração emitida ao término da primeira jornada da Cúpula da União Europeia em Versalhes.

Nesta quarta-feira, o alto representante da União Europeia para Assuntos Exteriores, Josep Borrell, adiantava à imprensa que propôs aos líderes europeus destinar mais 500 milhões de euros do orçamento conjunto para entregar mais armas à Ucrânia.

“Propus isso aos líderes e a Facilidade Europeia de Apoio à Paz dobrará seu apoio em até 1 bilhão de euros”, disse Borrell em sua chegada, no segundo dia da cúpula.

Há duas semanas, a UE acordou em, pela primeira vez em sua história, destinar 500 milhões de euros do orçamento europeu para financiar o envio de armas a um país [Ucrânia], uma decisão tomada três dias após o início da invasão russa. Ao mesmo tempo, vários Estados imperialistas têm utilizado a desculpa da guerra da Ucrânia para aumentar de forma alarmante seus orçamentos militares.

A União Europeia (UE) teria entre 65.000 e 70.000 milhões de euros a mais por ano para a defesa, se aumentar seu gasto militar para 2% do PIB, disse nesta quarta o comissário europeu da indústria, Thierry Breton. Os Estados membros da UE gastam uma média de 1,5% do PIB em defesa, e o objetivo da OTAN é, como mínimo, 2%. Após a invasão russa à Ucrânia, alguns países como a Alemanha e a Dinamarca anunciaram um aumento muito importante nos gastos militares.

Por sua vez, desde que começou o ataque contra a Ucrânia no último 24 de fevereiro, a UE já aprovou quatro pacotes de sanções contra Rússia e Bielorrússia. Entre eles, foram congelados os fundos que os bancos centrais de ambos países têm na UE, se retirou 7 entidades russas e três bielorrussas do sistema de comunicação interbancário SWIFT e foram sancionados um total de 862 indivíduos e 53 empresas, entre eles o presidente russo, Vladimir Putin.

Guerra na Ucrânia | Onda de fechamentos e demissões: a classe trabalhadora russa paga pelas sanções da UE e EUA

Essas sanções estão afogando a economia russa, impactando nos bolsos dos setores mais empobrecidos, e o fechamento de empresas ocidentais na Rússia está provocando milhares de demissões ou falta de pagamento de salários, abrindo espaço às primeiras greves de protesto.

A cúpula também debate sobre como terminar com a dependência energética da Europa com a Rússia, algo que não é fácil de conseguir. Enquanto isso, a inflação e o aumento dos combustíveis já estão afetando a economia de vários países europeus.

Uma parte importante da discussão foi a apresentação por Von der Leyen dos detalhes do plano da CE para pôr fim à dependência energética europeia com a Rússia, que é mais forte no gás natural. “Dependemos demais dos combustíveis fósseis russos, especialmente do gás. Devemos diversificar provedores, principalmente passando ao GNL. E devemos aumentar nossa parcela de renováveis”, afirmou no Twitter.

A proposta da Comissão para que em 2027 tenha se alcançado um final progressivo da dependência energética da Rússia será apresentada por volta de maio. A UE “deve se preparar para ser independente do gás russo, para assegurar sua própria defesa… Porque nos demos conta de que nossa democracia está ameaçada”, advertiu Macron.

O plano da CE concentra-se em diversificar os provedores e o uso de fontes de energia, de forma que, até o final de 2022, se possa prescindir de 100 bilhões de metros cúbicos de gás russo (100 bcm), dos 155 bcm que importou em 2021.

Concretamente, o objetivo é obter 60 bcm (60 bilhões de metros cúbicos) de outros países. A UE e seus Estados membros discutem há meses com produtores como EUA, Noruega, Qatar e Argélia. A Comissão crê que outros 10 bcm possam ser supridos desenvolvendo o hidrogênio e mais 17 bcm com a produção europeia de biometano.

Além do gás, o bloco europeu importou da Rússia 27% do petróleo e 46% do carvão que consumiu em 2021. As compras energéticas da UE com a Rússia implicaram em 148 bilhões de euros para Moscou. “Não deveríamos nos ver obrigados a financiar as bombas que caem sobre a Ucrânia”, afirmou de forma gráfica a presidenta do Parlamento europeu, Roberta Metsola, em sua intervenção inaugural diante dos 27.

No entanto, um plano dessa envergadura não será levado adiante sem contradições, pelo atual nível de dependência e os negócios que implica para os diferentes imperialismos. Isso ficou demonstrado na negativa da Alemanha ao anúncio dos Estados Unidos de proibir por completo o abastecimento de hidrocarbonetos provenientes da Rússia, mostrando assim as fissuras entre os países da OTAN.

Fissuras que, no entanto, por hora, não aparecem no que concerne ao rearmamento inédito desde a segunda guerra mundial por parte das potências imperialistas.

O rumo da UE reafirma as tendências belicistas dos Estados imperialistas. Algo que só pode trazer novas catástrofes para os povos do mundo inteiro.

Editorial MRT | Diante da guerra na Ucrânia, é necessária uma batalha internacionalista por uma posição independente dos trabalhadores




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