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REFORMA TRABALHISTA | Eurofarma: mais um caso de precarização do trabalho após a aprovação da reforma trabalhista

Redação Rio Grande do SulRedação Rio Grande do Sul

quinta-feira 14 de dezembro de 2017 | Edição do dia

A empresa Eurofarma é uma empresa multinacional com presença em 20 países do mundo e cobrindo 83% do mercado latino-americano com 5.000 funcionários somente no Brasil. Poucos dias após a implementação da reforma trabalhista, a empresa aproveita para coagir os funcionários a aceitar a troca do pagamento de horas extras por “banco de horas”. No banco de horas não há acréscimo de salário. O tempo superior é contabilizado para tirar folgas posteriormente ou fazendo jornada mais curta.

Após a maioria dos trabalhadores da Eurofarma em Itapevi (SP), rejeitar a proposta patronal em diversas assembléias organizadas pelo sindicato, a empresa está coagindo os trabalhadores a aderirem de forma individual ao banco de horas, passando por cima da decisão coletiva. Segundo um funcionário da empresa, “o Rh quer criar esse banco de horas e diz que é para quem votou a favor, só que eles estão pressionando todo o restante a aderir também”, diz ele. “Os chefes falam que uma hora todo mundo vai ter que aderir”. A empresa diz q a adesão ao banco de horas não e obrigatória, mas uma semana após a assembléia, a Eurofarma distribuiu um comunicado chamando os empregados ao Rh. A empresa declara que “por uma questão de justiça e respeito às vontades individuais optamos a adotar o banco de horas para os 37% que se posicionaram a favor”.

Segundo o sindicato, esse método visa mapear e coagir individualmente os funcionários que votaram contra essa proposta. Esse episódio demonstra uma das “maravilhas” da reforma trabalhista, que visa, segundo os ideólogos ultra-liberais, “deixar o Brasil mais competitivo no mercado”. Agora, na relação de força entre capital e trabalho, quando a patronal perde, ela pode reverter de forma individual coagindo os trabalhadores e passando por cima de acordos coletivos e sindicais. Ora, nessa relação de forças quem possui o maior poder? O funcionário individualizado, que depende do emprego e pode ser demitido se não aceitar a proposta, ou o patrão, que é dono do capital e pode contratar outro indivíduo que aceite? A resposta é mais que óbvia.

Pela convenção coletiva anterior entre empresa e categoria as horas extras são remuneradas em 110% sobre hora normal em finais de semana 70% em dias comuns, percentual superior a CLT. A proposta da empresa claramente pretende retirar esse direito trabalhista no intuito de diminuir os custos com a mão de obra, aumentando assim, a taxa de lucro.

O sindicato acionou a justiça do trabalho, mas com a reforma trabalhista, a parte que perde a ação deve arcar com os custos do processo judicial. Isso é justamente mais uma medida para blindar as empresas contra processos trabalhistas e intimidar os trabalhadores.

Esse não é um caso isolado. Outro exemplo de como a reforma trabalhista está destruindo a vida dos trabalhadores ocorreu na universidade Estácio de Sá, onde foi anunciada a demissão de 1200 professores, para logo após serem recontratados por salários menores, a fim de garantir os lucros dos acionistas da universidade. Ao mesmo tempo, em Caxias do Sul (RS), a prefeitura anuncia a demissão de cerca de 500 professoras da Ed. Infantil, para serem recontratadas por R$ 1000,00 reais a menos, fazendo com que educadoras desencadeassem uma forte greve com amplo apoio da população.

Ao mesmo tempo em que a reforma trabalhista já vai causando estragos na vida dos trabalhadores e vem sendo implementada em diversos locais do país, a luta e a resistência vão tomando forma mostrando que é possível resistir a esses ataques com a auto-organização dos trabalhadores em cada local de trabalho, exigindo dos sindicatos um plano concreto de lutas com objetivo de barrar a aplicação da reforma trabalhista, sendo a luta dos professores na Estácio de Sá (RJ) e das professoras em Caxias do Sul (RS), um grande exemplo de resistência para toda classe trabalhadora do país.




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