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CORONA VÍRUS | "Eu trabalho em um hospital. Eles não garantem plano de saúde pra gente", relata jovem aprendiz

Após uma semana de estágio de atenção, por conta do corona vírus, no Rio de Janeiro, boa parte da juventude do programa jovem aprendiz está sendo obrigada pelas suas empresas, mesmo sem seu funcionamento pleno ou informações, a trabalharem e serem expostos ao transportes públicos aglomerados e precários em plena pandemia.

sexta-feira 20 de março de 2020 | Edição do dia

Alguns relatos do jovens:

“Eu trabalho em uma escola e tive a resposta sobre minha situação apenas três dias depois do alerta, disseram que eu continuaria trabalhando pois cumpro apenas quatro horas e não daria para me liberar, mesmo sem alunos, sem professores, sem inspetores e outros diversos setores. Não explicaram como seria caso houvesse funcionário com suspeita e não deram também nenhuma informação sobre prevenção. ”

“Na minha empresa não pensaram em nenhuma forma alternativa e não estão dando garantias para ir ao trabalho, seguimos tendo que enfrentar o transporte público e se expor ao vírus, só ofereceram álcool em gel portátil feito pelo laboratório da própria empresa. Me fizeram assinar um termo de compromisso dizendo que eu não poderia deixar ninguém entrar na minha sala, que só pegarei matérias com luva, que lavarei minha mão e usarei mascara quando for falar com alguém, pois trabalho na logística recebendo produtos de todo lugar do mundo e também tenho contato com diversas pessoas que trabalham nas transportadoras. Eles fizeram também uma reunião falando como se prevenir. No horário do almoço não podemos colocar nossa própria comida, quem põe são as terceirizadas da limpeza. ”

Uma jovem que trabalha em um hospital como aprendiz relatou as condições em que está trabalhando, sem receber o mínimo de informação sobre o covid-19, mesmo não tendo nenhuma formação na área da saúde, mostrando o total descaso da empresa:

“Eu trabalho em um hospital, o que me coloca em situação de risco, pois há pacientes internados com caso de corona vírus. Eles não garantem plano de saúde pra gente, então se eu for contaminada precisaria arcar com as consequências. Trabalho no setor da farmácia e a única coisa que garantiram foi álcool em gel, mas apenas isso, nada de máscara ou informações. Fizeram mudança no meu horário, trabalhando agora pela manhã para não enfrentar o horário mais movimentado dos transportes, mas acaba não mudando muita coisa pois utilizo o trem e pela manhã segue cheio. Assim como eu, todos os jovens aprendizes seguem trabalhando no hospital. ”

As associações que fazem a mediação do programa jovem aprendiz com as empresas contratantes, simplesmente suspenderam suas atividades e informaram a essas empresas que os jovens estariam a disposição deles, sem orientar ou dialogar sobre a situação que é expor esses jovens nesse momento. Muitas empresas determinaram que esses jovens então deveriam seguir o trabalho normalmente, mesmo não garantido informações e materiais de prevenção, também não seguem o recomendado pelo Ministério Público do Trabalho de afastar imediatamente seu quadro adolescente, sem prejuízo da remuneração integral.

A maior parte da juventude precarizada que trabalha como jovem aprendiz são jovens negros, pobres e que moram nas favelas e nos bairros mais pobres do Rio. Essa mesma juventude, que em especial é o setor mais atingido com o desemprego crescente do país, só tem como alternativa para ganhar alguma renda os trabalhos precarizados, como os aplicativos de entrega, que não têm nenhum vínculo empregatício e nenhuma segurança, e o programa “jovem aprendiz”, onde apesar da jornadas ser 4/6hrs, os jovens recebem remuneração extremamente baixa e realizam o serviço de um trabalhador que ganha um salário integral, sendo assim mais um posto de trabalho precário, cansativo, com mão de obra desvalorizada e que muitas vezes compete com a permanência desses jovens na escola.

Vemos que os planos dos capitalistas é que sejam a juventude precarizada e os trabalhadores a pagarem com suas vidas por essa crise. É necessário exigir dos governos medidas que garantam saúde e condições dignas para esses jovens e liberação imediata dos funcionários de serviços não emergenciais, com direito de pagamento dos salários e proibição de demissão.

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