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ESCOLAS EM LUTA RIO | Estudantes e professores discutem questão negra em atividade na escola Visconde de Cairu

A atividade foi organizada por professores grevistas e pelo Coletivo Negro Minervino de Oliveira. O debate foi iniciado com dados e estatísticas sobre a mudança na composição social das universidades que implementaram políticas de ações afirmativas,como as cotas raciais, por exemplo.

Artur LinsEstudante de História/UFRJ

quarta-feira 30 de março de 2016 | Edição do dia

Na apresentação inicial da atividade, o professor Igor Fernandes buscou mostrar também que era um mito o discurso de que com as cotas raciais, os alunos cotistas não aguentariam o ritmo universitário de estudo e que acabariam ficando pra trás dos demais estudantes, mostrando estatísticas que provavam a paridade e inclusive melhores notas de cotistas em comparação aos não-cotistas.

A apresentação que veio em seguida foi do militante do Coletivo Negro Minervino de Oliveira, Daniel Reis, abordando a insuficiência da assistência estudantil como obstáculo à permanência dos negros na universidade, a elitização da universidade pública e sua composição social majoritariamente branca, o racismo institucional e temas relacionados à identidade negra como forma de resistência ao racismo estrutural de nossa sociedade.

Logo depois das falas iniciais da atividade, abriu-se espaço para os estudantes e professores presentes debaterem. Alguns estudantes negros relataram experiências próprias em que sofreram atos de racismo, como isso os impactaram e denunciaram a falta de professores negros na escola.

Perguntado pelo Esquerda Diário sobre a atividade, o estudante Sérgio Baiense nos disse: “Eu gostei mais quando o pessoal falou das experiências que tinham passado, porque dessas experiências foi formando mais debates e ficou bem legal. Eu só discordei do professor de química que falou que os negros que enriquecem reproduzem o preconceito muito mais que os brancos”, se referindo a fala de um professor que conheceu negros ricos que reproduziam, segundo ele, atos racistas contra negros. O estudante ainda complementa dizendo: “Eu acho que não é bem assim. Os negros que enriquecem são minoria e sim eles até podem reproduzir esse preconceito, mas não do que a elite branca reproduz. O racismo tá aí até hoje e é visível (...) tem gente que comete e nem percebe”.

No momento final da atividade, se debateu a atual crise política nacional e como isso afetaria os negros. Os presentes debateram em cima desse tema, os cortes realizados pelo governo federal e pelos governos estaduais na educação pública, e dos cortes que o governo PT fez até em programas do próprio PT como o Pronatec e o Prouni.

Além dos cortes que o próprio governo federal vem implementando, discutiu-se também sobre o impacto que poderia ter nos avanços sociais conquistados parcialmente pelo movimento negro. Nesse sentido, debateu-se o avanço da oposição de direita contra o PT, através do impeachment ou pelo Judiciário, que deseja aplicar cortes e ajustes ainda mais duros e uma possível eliminação dessas conquistas por parte de um governo mais ajustador.

Dialogando com o tema da crise política nacional, os estudantes e professores discutiram sobre os atos da direita como a do dia 13/03, em que as classes média e alta brancas defendiam o impeachment de Dilma e também mostravam seu ódio a qualquer tipo de política social voltada à inclusão dos negros e oprimidos em espaços historicamente exclusivos à elite branca desse país. E nesse sentido, discutiram de como era perigoso confiar num avanço de uma oposição em que sua base social é, em sua maioria, formada pelos setores mais reacionários e racistas de nossa sociedade.

Terminando a atividade, uma estudante colocou que para avançarmos no fim da precarização do negro na sociedade era necessário o povo negro se conscientizar e lutar independentemente de qualquer governo que assumisse a direção do país pelo avanço de mais conquistas para os negros.




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