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Estudantes e professores da FM- USP também saíram às ruas contra Bolsonaro e a censura

Professores e estudantes da Faculdade de Medicina da USP também saíram, nesse domingo (7), às ruas contra Bolsonaro, o fascismo, contra o ocultamento de dados do coronavírus pelo presidente e em defesa do SUS. A manifestação tomou a famosa avenida Dr. Arnaldo. Veja nota emitida por eles.

domingo 7 de junho de 2020 | Edição do dia

Professores e estudantes da Faculdade de Medicina da USP também saíram, nesse domingo (7), às ruas contra Bolsonaro, o fascismo, o racismo e contra o ocultamento de dados do coronavírus pelo presidente genocida. A manifestação tomou a famosa avenida Dr. Arnaldo. Veja nota emitida por eles:

"Mais uma vez na história, a Faculdade de Medicina da USP toma a vida e a democracia como inegociáveis! ✊🏼👊🏼

FORA BOLSONARO!

Manifesto dos profissionais da saúde contra o governo e a favor da democracia

Nos últimos meses vivemos a maior crise sanitária de nossa história recente, a pandemia da Covid-19. Até o dia de hoje, são mais de 6 milhões de casos confirmados e aproximadamente 379 mil mortes pelo mundo. No Brasil, superamos a marca dos 30 mil mortos nesta semana, com mais de 500 mil casos confirmados, fora os casos não computados pela constatada subnotificação. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que teve toda sua estrutura reorganizada para ser o principal centro de acolhida de pacientes graves na cidade de São Paulo, apresenta no momento 90% dos leitos de UTI ocupados por pacientes com a Covid-19 e expectativa é de preencher todos os leitos nas próximas semanas.

Neste contexto de mortes em massa, escassez de recursos (disponibilidade de equipe de saúde, materiais de EPI, leitos de enfermaria e leitos de UTI), dificuldade de acesso de doentes crônicos aos serviços de saúde, desemprego em ascensão, maior vulnerabilidade da população de baixa renda e incertezas na duração da pandemia; o Brasil carece de uma liderança. Caberia ao líder do país entender a dimensão do problema e coordenar representantes de diversos setores como saúde, economia, justiça, planejamento, cidadania, entre outros. Somente com coordenação e coerência seria possível o enfrentamento de fato da pandemia que assola o mundo todo.

Este não é o papel exercido pelo presidente Jair Bolsonaro.
Desde as primeiras notificações, o presidente difundiu de maneira ativa por vários meios de comunicação - inclusive oficiais - que a Covid-19 era apenas “histeria”, “resfriadinho” ou “gripezinha”, minimizando sua gravidade. Da mesma maneira enérgica, sempre incentivou a população a sair às ruas, frequentar escolas, cultos religiosos e jogos de futebol. Sempre divergiu das recomendações das autoridades de saúde, como a Organização Mundial da Saúde e o próprio Ministério da Saúde (antes encabeçado pelos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich), refutando, em suas fake news, estudos científicos que comprovavam a eficácia do isolamento social e o risco à segurança dos pacientes de usarem a cloroquina indiscriminadamente. Seus argumentos sempre foram ideológicos e nunca baseados em evidência.

Infelizmente não houve por parte dele a mesma inclinação para garantir novos leitos de enfermaria e de UTI, buscar novas fontes de kits diagnósticos - com novos laboratórios para análises químicas - incentivar o desenvolvimento de ventiladores
mecânicos de produção nacional, coordenar com os governadores dos estados um planejamento organizado de isolamento e possibilidade de reabertura. Aos profissionais da saúde, não foram garantidas condições dignas de trabalho. Estamos pressionados a desempenhar cuidados em um cenário de múltiplos carecimento, com os serviços impactados pelo afrouxamento da medida de distanciamento social.

Trata-se de um descaso do governo junto àqueles que hoje dedicam seus dias no combate à doença. A dimensão de tal descaso chega ao ponto do governo de Jair Bolsonaro não ter sido capaz nem ao menos de garantir o pagamento das bolsas- salário dos residentes em saúde, médicos e multiprofissionais que possuem uma carga horária de trabalho de 60 horas semanais, muitas vezes ultrapassadas. Isto sem falar no fato de estarmos há mais de duas semanas sem um ministro da saúde, apenas com um interino que nem sequer é profissional da saúde. Em último mão, também tivemos a atuação do atual ministério de revisar os dados epidemiológicos divulgados sobre a pandemia no Brasil a fim de manipular seus resultados e subnoticá-los ainda mais, visando, com efeito, maquiar a crise sanitária.

A agenda de prioridades do presidente não inclui o combate à pandemia, pelo contrário. De maneira direta ou indireta sua política tem um efeito de desassistir aos idosos, pobres e doentes crônicos, facilitar a disseminação do vírus pelo país, promover imunidade de rebanho de maneira drástica às custas de milhares de vidas. Segundo o presidente, “é o destino de todo mundo”. Além do negacionismo da ciência, existe uma ação de se “purificar” a população dos fracos e vulneráveis. Vale lembrar que a pandemia afeta as pessoas de formas diferentes, tanto na economia quanto na possibilidade de contrair o vírus SARS-CoV2 e de receber um tratamento adequado. De acordo com um boletim epidemiológico de São Paulo de 30 de abril, pessoas negras tem 62% a mais de chances de morrer pela Covid-19 do que as brancas. Entendemos, assim o que significa a fala do presidente a respeito das mortes que ocorrerão: “e daí? ”. Há pouco mais de 80 anos um governo (inicialmente) legitimamente eleito na Alemanha promoveu a mesma política.

Por estes motivos, nós profissionais da saúde nos manifestamos contra o governo de Jair Bolsonaro e favor da manutenção da democracia, bem como independência dos três poderes (legislativo, judiciário e executivo). Somos contra as manifestações de autoritarismo do presidente, a favor da saúde universal gratuita e de qualidade, da valorização dos profissionais da área, contra o desmonte do ministério da saúde em meio à pandemia, a favor da ciência e contra o racismo e a desigualdade no acesso à saúde.

Entidades consignadas do manifesto realizado pela comissão organizadora do ato dos profissionais da saúde contra o governo e em defesa da democracia: SIMESP, AMERUSP, CAOC, CAAVC e CAMA"

Defendemos testes massivos para toda a população, equipamentos de segurança para que parem de morrer os profissionais da saúde onde o Brasil é líder no ranking. Defendemos que a produção das grandes empresas esteja voltada para suprir as necessidades da pandemia como a produção de álcool em gel, leitos de UTI’S e respiradores e não para o lucro de uma minoria de ricos. Fora Bolsonaro, Mourão e militares! Por uma Constituinte Livre e Soberana imposta pela luta para que a população decida os rumos do país. Basta de mortes e autoritarismo!




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