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UNIVERSIDADES | Estudantes de medicina são impedidos de antecipar formatura e entrar no combate à COVID-19

sábado 11 de abril de 2020 | Edição do dia

Já faz cerca de 10 dias de foi publicada no Diário Oficial da União a MP que autoriza universidades a anteciparem formatura de estudantes dos cursos de medicina que estejam no último semestre, para que possam se somar no combate ao novo coronavírus. E mesmo assim, diversas universidades do país ainda não anteciparam formaturas, e ajudaram a colocar médicos no campo de batalha.

Uma estudante de medicina da Universidade do Estado do Pará (Uepa), fez um levantamento que mostra que 35 universidades que receberam pedidos de antecipação, não deram data para formação, não se manifestaram, ou diretamente negaram antecipar.

Segundo um levantamento feito pela estudante de medicina da Universidade do Estado do Pará (Uepa) Maitê Gadelha, o número de instituições que ainda não autorizaram a formatura antecipada é alto: pelo menos 35 universidades não deram data de formatura, não se manifestaram ainda ou mesmo negaram a antecipação da formatura.

Ao redor do país vemos pesquisadores e estudantes, buscando as formas, dentro das universidades públicas, para colocar seus recursos em função das necessidades do combate a pandemia. Muitas vezes, se enfrentando com a estrutura das universidades públicas, com investimentos em pesquisa, recursos materiais, laboratórios, etc, em enorme parcela vinculados à empresas privadas, grandes monopólios de cosmético, da indústria farmacêutica e de diversas outras áreas.

Frente a essa situação, em algumas universidades, como a USP, vemos o Reitor, cinicamente, saudar as iniciativas de pesquisadores e estudantes, para lavar a própria cara, enquanto deixa os trabalhadores e o Hospital Universitário em condições extremamente precárias, para poder dizer que a “universidade está a serviço de resolver os problemas da sociedade”.

Nossas universidades públicas, atacadas por diversos governos, e em 2019 atacadas, em especial as federais, por Bolsonaro e Weintraub e seu negacionismo, que cortou investimentos que hoje poderiam estar fazendo alguma diferença no combate à pandemia, infelizmente não estão totalmente voltadas para atender aos interesses e necessidades da população frente à pandemia. E é exatamente por termos nas estruturas das universidades públicas, laços muito estreitos com a iniciativa privada, limitando as condições de pesquisadores, e limitando o papel que nossas universidades poderiam cumprir com o conhecimento que nelas é produzido.

Em meio a este cenário, é um absurdo que universidades se neguem a responder ao chamado destes estudantes, e não antecipe as formaturas. Com o quadro de falta de médicos na maior parte dos hospitais do país, fruto da política de todos os governos anteriores, e também de Bolsonaro, com políticas de sucateamento do SUS, as forças destes estudantes são necessárias para lidar com a crise sanitária.

É claro que a entrada de estudantes de medicina não resolverá o quadro profundo de falta de médicos e enfermeiros nos hospitais do Brasil. Pode ser uma grande ajuda. Mas é necessário também, exigir dos governos que efetuem contração imediata de funcionários para atender a demanda crescente no país. Isso passa por exigir que se derrube a Lei do Teto de Gastos, que congela os investimentos em saúde e impede o governo federal e os governos estaduais de contratar médicos.




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