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INTERNACIONALISMO | Esquerda argentina rechaça golpismo institucional no Brasil

Os dois principais partidos da esquerda argentina se pronunciaram contra o impeachment e apoiaram a mobilização independente dos trabalhadores para lutar contra o golpismo institucional e os ataques do governo do PT.

sexta-feira 1º de abril de 2016 | Edição do dia

Para o candidato a presidente pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores na Argentina, Nicolas Del Caño “A tentativa de impeachment contra Dilma ou de cassação de seu mandato na justiça buscam encobrir com uma aparência legal manobras golpistas do parlamento e do poder judiciário. Está claro que o juiz Sérgio Moro e a Operação Lava Jato violam direitos democráticos elementares a serviço de favorecer uns setores capitalistas em detrimento de outros e recompor a imagem do sistema político para implementar ataques aos trabalhadores ainda mais duros do que o atual governo do PT já está implementando. Se a direita e esses métodos continuarem avançando no Brasil, será um claro sinal para que o mesmo ocorra em outros países da região. Por isso nós rechaçamos o impeachment e todas as formas de golpismo institucional que estão em curso, tanto as parlamentares como judiciais”, colocou o dirigente do Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS).

Para o dirigente do Partido Obrero, Jorge Altamira (PO), “O golpismo (parlamentar, judicial, midiático, financeiro) é o resultante da crises política, não sua causa (…) A cidadania, incluída uma parte importante dos trabalhadores, entretanto, não adverte que o comando da saída política se encontra nas mãos da fração que advoga pela derrubada do governo, ou seja dos golpistas. (…) No Brasil se desenvolve um enfrentamento brutal entre frações capitalistas, com um trâmite necessariamente golpista. Na agenda do capital figura um ajuste extraordinário contra as massas. (…) Nenhum trabalhador pode alinhar-se com o golpe, alegando a corrupção existente, nem sequer a neutralidade; tampouco pode apoiar o governo de plantão, que transa todos os dias com o golpismo para postergar sua própria queda ou para conseguir um espaço no processo posterior”, colocou o dirigente do PO em sua página de Facebook.

Em função dessa confluência entre os dois principais partidos da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores na argentina, o PTS fez um chamado ao PO para impulsionarem em comum uma Conferência latino-americana da esquerda revolucionária: “não podemos ficar sem iniciativas frente aos acontecimentos que temos vivenciado em nosso sub-continente (a passagem de governos burgueses de contenção a governos de ataque direto ao nível de vida das massas operárias e populares). O acaso de todo o ’processo’ de governos nacionalistas ou centro-esquerdistas e o cenário de lutas e choques abertos entre as classes que se vislumbra no próximo período em países como Brasil e Argentina obriga a esquerda revolucionária a ter um posicionamento e uma intervenção comum. A Fração Trotskista (a corrente internacional à qual pertencemos) tem importantes grupos no Brasil, Chile e México, além de organizações na Bolívia, Uruguai e Venezuela, com as quais podemos trabalhar a concretização desta Conferência para ser realizada em meados deste ano”.

Nicolás del Caño realiza atividade internacionalista com trabalhadores da prefeitura do campus universitário da USP em dezembro de 2015.

Comentando a gravidade dos acontecimentos no Brasil, Nicolas Del Caño destacou que “é muito importante a resolução que os trabalhadores da USP adotaram em sua assembléia, exigindo que as centrais sindicais ponham em prática um plano de mobilização com assembléias de base para criar um pólo de luta operária contra o impeachment e os ataques do governo do PT, exigindo da CUT que rompa sua subordinação com o governo para implementá-lo. Esse é um passo importante que vai no sentido da luta pela independência política dos trabalhadores que nós damos aqui na Argentina a partir da atuação do PTS nos sindicatos e na Frente de Esquerda e dos Trabalhadores. Os trabalhadores da USP são companheiros valorosos que pude conhecer quando estive em novembro do ano passado. Tivemos uma importante troca internacionalista em uma ampla reunião que fizeram junto ao companheiro Brandão na Prefeitura do Campus universitário. Essa posição de independência de classe foi conquistada pela batalha dos companheiros do MRT no Brasil, organização irmã do PTS na argentina. Nossos companheiros do MRT hoje colocam a necessidade de criar uma mobilização de massas com essas bandeiras e que assuma para si a luta por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana para atacar a impunidade do sistema político pela raiz, fazer com que os capitalistas paguem pela crise e enfrentar os problemas estruturais do país”.




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