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ED NAS FÁBRICAS | Esquerda Diário na fábrica da Gestamp em Taubaté

A Gestamp é uma multinacional espanhola que atua no ramo de fabricação de peças e acessórios para automóveis. No Brasil desde 1998, ela opera no estados do Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Fábio NunesVale do Paraíba

quinta-feira 26 de maio de 2016 | Edição do dia

Em 2015 a empresa recebeu inúmeros incentivos fiscais dos governos estadual e federal, além dos empréstimos milionários do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Mesmo com todos os benefícios, a Gestamp não deixou de demitir, retirar direitos trabalhistas e precarizar o trabalho. Em outubro do ano passado ela anunciou a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE) para a sua fábrica de Taubaté, cidade do Vale do Paraíba, interior de São Paulo.

Conversamos com dois operários da Gestamp de Taubaté sobre a situação da fábrica e o papel do sindicato neste período de crise econômica/política e de profundos ataques contra a classe trabalhadora.

Trabalhador 1 - No ano passado a Gestamp alegou que estava passando por um momento muito difícil porque o seu maior cliente, a Volkswagen, tá em crise. O sindicato (Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, filiado à CUT) fez uma assembléia e aceitamos a proposta da empresa de aderir ao PPE, programa do governo de proteção ao emprego que reduz o salário e a jornada de trabalho. A empresa desconta 20% do nosso salário e o governo paga 10% para a fábrica.

Para uma pessoa que ganha 1.200 reais descontar 20% é bastante. Mais de mil trabalhadores foram afetados pelo desconto, mas é melhor do que ficar desempregado. Mas para a empresa era melhor reduzir a jornada de trabalho do que pagar o salário inteiro.

E nos últimos seis meses de PPE a produção foi alta, a empresa montou os robôs para dar início aos novos projetos e mesmo assim ela continuou reclamando, mesmo com a gente trabalhando mais, porque com o plano do governo a empresa não pode demitir mas também não pode admitir ninguém, ou seja, depois das últimas demissões, trabalho que era feito por dois, três trabalhadores, hoje é feito por um.

Trabalhador 2 - A Gestamp não conseguiu renovar o PPE este ano porque ela tem projeto novo, ou seja, parece que não está tão ruim assim. E agora, neste mês de maio, mês de pagar a primeira parcela da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), ela simplesmente ficou em silêncio.

O sindicato marcou uma reunião na terça-feira (10/05) mas a empresa cancelou dizendo que não tinha como apresentar uma proposta.

No outro dia (quarta-feira, 11/05) o sindicato apareceu na porta da fábrica para fazer uma assembléia já dizendo que a fábrica não iria pagar o valor combinado e além disso pretendia fazer reajustes no plano de saúde e no transporte.

O sindicato foi contra a proposta da empresa e votamos decretar "estado de greve" se não houvesse um acordo, pegando de surpresa a Gestamp e os próprios trabalhadores que já estavam "meio de esquerda" com o sindicato por causa de outras negociações meios suspeitas com a empresa.

O representante da fábrica, que tava na assembléia, pegou o microfone e na mesma hora disse que aceitava nossa proposta, mas que iria pagar a primeira parcela da PLR só depois de vinte dias. Ele ainda ameaçou dizendo que não garante o emprego de ninguém nos próximos meses e fez piada perguntando se a gente tá precisando muito de dinheiro.

Conseguiram o pagamento da primeira parcela da PLR. E os reajustes no plano de saúde e no transporte? E as possíveis demissões? Segundo os trabalhadores o sindicato não parece muito decidido.




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