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DESCASO | Escola destelhada pelas chuvas em dezembro permanece sem reforma, denunciam mãe e professora

O temporal de ontem na capital paulista deixou um enorme rastro de destruição e prejuízos. Porém, nem mesmo impactos de chuvas anteriores, como a ocorrida no dia 10 de dezembro que destelhou uma escola na zona sul já foram sanados. Replicamos a carta de uma mãe, que prestes a recomeçar as aulas, se queixa do estado da escola. Além do questionamento de uma profesora ao secretário de educação de São Paulo.

terça-feira 11 de fevereiro de 2020 | Edição do dia

No dia 10 de fevereiro, após forte temporal na capital paulista uma árvore caiu sob uma escola na zona sul, a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Tenente Paulo Alves, na Vila Mariana. Mesmo após diversos pedidos por parte da direção da escola para a poda e corte da árvore que claramente oferecia riscos a escola.

Por sorte nenhum aluno ficou ferido, mas a consequência do desastre permanece até hoje, como evidenciam tanto o testemunho de uma professora da escola contra o secretário da educação e a carta de uma mãe.

Ontem após o secretário da educação de São Paulo anunciar em sua conta no Instagram que as aulas estariam mantidas para esta terça (11), a professora cobrou providências para a escola afetada desde dezembro passado.

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#Repost @educaprefsp ・・・ Aulas na Rede Municipal de Ensino estão mantidas nesta terça-feira A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME) informa que as aulas na Rede Municipal de Ensino estão mantidas nesta terça-feira (11). Em razão das chuvas as Escolas que, eventualmente, tiverem seu funcionamento inviabilizado poderão indicar ao Supervisor e à Diretoria Regional à suspensão das aulas e entrar em contato diretamente com as famílias dos estudantes. Na segunda-feira (10,) 44 unidades escolares de um total de mais de 4 mil tiveram o dia letivo comprometido de forma parcial ou total. A orientação da SME é que as aulas sejam repostas, em cumprimento aos 200 dias letivos obrigatórios. Os educadores que não puderam comparecer às unidades educacionais nessa segunda-feira não serão prejudicados, tendo suas faltas abonadas ou com as atividades sendo oportunamente repostas, caso necessário.

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Veja na íntegra também a carta de uma mãe a esse respeito.

Carta de uma mãe angustiada e uma nota de repúdio

Hoje é dia 4 de fevereiro de 2020. Hoje é véspera do início das aulas na rede municipal de Ensino, mais especificamente na EMEI Tenente Paulo Alves.
Antes de me aprofundar, queria fazer duas perguntas.

Você deixaria seu filho de 4 a 5 anos iniciar o ano letivo numa escola nessas condições?

O filho ou filha da diretora da DRE Ipiranga, do chefe de gabinete ou secretário municipal de educa-ção ou o do subprefeito da Vila Mariana iniciarão o ano letivo numa escola nessas condições?

Pois é, eu já imagino a sua resposta. Mas infelizmente essas são as condições da escola da minha filha, que iniciará, junto com outros 180 alunos o ano letivo de 2020 numa unidade de ensino nessas condições.

Agora você pode me perguntar. Por que a escola está assim?

Eu te conto. A história é um pouco longa, então peço que não desista de ler até o final.

Em 10 de dezembro de 2019, por volta das 17:30 da tarde, a EMEI Tenente Paulo Alves foi atingida por uma árvore da praça Benjamin Rejinato, situada ao lado da escola, destruindo boa parte do telhado e estruturas do forro de três salas de aula. No momento do ocorrido a escola estava em horário de atendimen-to, havendo crianças e professoras dentro de uma das salas que, felizmente, conseguiram correr a tempo e escapar de uma tragédia.

A atual diretora da Diretoria Regional de Ensino do Ipiranga, sra. Marta Malheiros, esteve no local no dia seguinte ao ocorrido e afirmou para a imprensa que o atendimento seria mantido normalmente e que NÃO havia crianças dentro das salas no momento da queda dos galhos − fato testemunhado por uma mãe de aluno que estava no local no momento da afirmação.

Mesmo sabendo que a árvore estava localizada fora do espaço da escola, tal acontecimento evidencia a falta de resposta e negligência por parte de todos os órgãos públicos envolvidos no processo de poda das árvores.

A direção da EMEI Tenente Paulo Alves encaminhou à Subprefeitura da Vila Mariana a solicitação de poda de várias árvores que estão no interior da escola em fevereiro de 2018. Após diversos pedidos para que o laudo do engenheiro agrônomo fosse realizado e a autorização de poda fosse publicada em Diário Oficial, o engenheiro foi até a escola apenas em agosto de 2019, ou seja, após dezoito meses da solicitação.

De agosto de 2019 até 11 de dezembro, a escola aguardava, então, a DRE-Ipiranga realizar o serviço de poda, correndo o risco da autorização da Subprefeitura caducar, pois esta tem validade de seis meses. Mesmo de-pois de 18 meses de espera, de agosto a dezembro deste ano nada foi feito e, apesar de terem sido encami-nhados os laudos às instâncias responsáveis e terem sido feitas solicitações constantes à DRE-Ipiranga, o serviço de pode não foi atendido.

No dia 12 de dezembro pela manhã, a defesa civil e os engenheiros da subprefeitura da Vila Mariana avaliaram os estragos e interditaram o espaço das três salas atingidas, porém liberando o restante do espaço para o atendimento às crianças e, assim, cumprimento dos dias letivos. O sr. Subprefeito e a diretora regional, que estavam presentes na escola neste dia, afirmaram que as obras emergenciais iniciariam imediatamente, mesmo havendo crianças nos dias seguintes no espaço da escola.

A isso se soma o fato de que, na madrugada do dia 12 de dezembro, um dia após a queda da árvore da praça, um galho de outra árvore caiu − esta situada no interior da escola − atingindo o telhado da secreta-ria, destruindo parte do forro e trazendo consequências como falta de internet e telefone.

Nós sabemos que toda a burocracia e os processos administrativos dentro dos órgãos públicos emper-ram a maioria das ações, mas diante desse fato, a autorização para o início das obras foi publicada apenas no dia 31 de dezembro de 2019 e as árvores que estão no interior da escola foram podadas durante o mês de janeiro. Sim, você pode até achar que foi bem rápido, mas as obras começaram de fato apenas dia 28 de ja-neiro de 2020, sendo que o início das aulas está previsto em calendário para dia 5 de fevereiro. Vale dizer que as obras começaram pela acessibilidade dos banheiros e parte elétrica (que não estão dentro do caráter emergencial propriamente dito). Sabemos que a parte da estrutura dos telhados e forros ainda não começou e a água da chuva desses últimos dias está invadindo o pátio onde fica o refeitório das crianças.

Numa reunião extraordinária do Conselho da escola, no dia 21 de janeiro de 2020, com a presença da diretora regional de ensino, questionamos a demora para o início das obras e as tomadas de decisão efetivas para a garantia da segurança das crianças, bem como o encaminhamento da retirada da árvore que causou todo o estrago.

Após essa reunião, no entanto, ainda passamos mais de uma semana para o início efetivo das obras, como contei acima. O engenheiro responsável pela empreiteira nos disse que a ordem de serviço “ficou para-da” na mesa do chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Educação.

Então, eu insisto... a árvore continua lá, as chuvas estão cada vez mais fortes e frequentes, ou seja, to-do o esforço e o trabalho de reparos pode ser perdido, imaginem só! Nessa reunião de Conselho, a sra. Marta Malheiros nos explicou que a obra já está sendo considerada como uma obra de caráter emergencial e que a solicitação de retirada das árvores há de ser levada diretamente para a subprefeitura da Vila Mariana. Mas quanto tempo isso vai levar? Quantos riscos mais vamos ter que correr?

Sobre a realocação dos alunos e a garantia de segurança, a sra. Marta nos informou que não havia es-paço em outras unidades de ensino nas proximidades e que as crianças teriam que ser atendidas ali mesmo, ao mesmo tempo em que acontecerão as obras no telhado.

Mas eu gostaria de fazer mais uma pergunta à diretora regional da DRE Ipiranga. Uma obra emergen-cial que apenas começou em 28 de janeiro? A culpa é apenas da demora dos processos burocráticos e das outras instâncias públicas? Quem garante a segurança da minha filha enquanto as chuvas acontecem e a esco-la estará funcionando nessas condições? Não há uma outra saída? A DRE Ipiranga não tem condições de alugar um espaço seguro enquanto estamos na época de chuva e as obras irão acontecer?

Como você pode sentir, são perguntas na maioria das vezes jogadas ao vento, porque as respostas não são efetivas e não vão resolver o problema que aflige o coração da equipe da escola e das famílias. Imagine você nessa situação: “Preciso que meu filho(a) retome as aulas, preciso trabalhar, mas ele/ela estará seguro? E se alguma coisa acontecer com ele?”.

São vidas. Vidas de crianças que estão na expectativa do retorno às aulas. Quem garante que essas vidas, tão cheias de futuro e alegria estarão seguras amanhã, depois de amanhã e nas semanas seguintes en-quanto as obras estarão acontecendo na escola e a árvore que ainda oferece risco continua onde está? Quem garante a segurança da vida das nossas crianças?




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