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SÃO CARLOS | Esclarecimentos sobre o incêndio no Horto de Itirapina. Toda solidariedade à Djalma Nery

Incêndio na região do Horto Municipal de Itirapina, em São Carlos, é vinculado de forma caluniosa à ativista da região, o candidato à vereador pelo PSOL Djalma Nery. Reproduzimos neste artigo o depoimento do mesmo na íntegra. O Esquerda Diário repudia a perseguição e se solidariza com Djalma Nery.

quarta-feira 28 de setembro de 2016 | Edição do dia

Desde que postamos esse vídeo, recebemos inúmeras mensagens de apoio e solidariedade, as quais agradecemos muito. Muitas delas pediam mais informações e esclarecimentos. Decidimos então fazer uma matéria mais completa a respeito, demonstrando os elementos concretos do caso (mais informações encontram-se também na descrição do vídeo no facebook e no youtube).

No domingo, dia 25/09, fomos visitar o Horto Municipal de Itirapina, aonde ocorre uma ocupação de luta pela reforma agrária que está sendo acompanhada individualmente por alguns apoiadores de nossa candidatura, mas que não tem qualquer relação direta conosco ou com o partido ao qual pertenço.

Para minha surpresa, lá chegando, encontrei os resquícios de um incêndio. Acampados me informaram haver sido o mesmo ateado de maneira criminosa. Momentos depois recebi uma ligação, informando-me que eu estava sendo vinculado ao tal incêndio (!!!), e me enviaram uma sequência de fotos e um texto que estaria circulando por grupos de WhatsApp com um print da mensagem. A sequência de fotos, que primeiro apresenta um carro com adesivo de minha candidatura e, depois, uma foto do incêndio, sugere que eu estaria dando suporte à atividades ilícitas, e tenta me responsabilizar de alguma forma pelo fogo.

Mensagem circulando com texto em anexo por grupo de whatsapp de São Carlos chamado ‘Vem pra Rua’, e encaminhado de uma das participantes do mesmo

Relato de uma companheira de partido da abordagem que receberam durante um evento eleitoral, onde a informação veio à tona em tom de crítica por parte da oposição

Compilado de fotos circulando pelo grupo de whatsapp

Nada disso foi veio à tona de maneira mais pública, pela óbvia fragilidade das ‘denúncias’, mas bem sabemos que redes sociais como whatsapp podem atingir uma enorme circulação em pouco tempo, sem que possamos mapear concretamente o trânsito das informações e determinar sua autoria. Eu, e outras pessoas citadas já registramos boletim de ocorrência, e estamos acionando os canais judiciais para localizar a origem destas calúnias e puní-las devidamente pela irresponsabilidade.

O fato é que, um apoiador de minha candidatura, sobre o qual não tenho qualquer responsabilidade ou influência, foi fotografado em visita à ocupação e, posteriormente, sua foto combinada à foto do incêndio, com o fim único de produzir uma narrativa fantasiosa que me ligaria ao crime ambiental, possivelmente encomendado por pessoas avessas a ocupação. Por último, nem eu nem a outra pessoa citada temos qualquer vínculo direto com o MST, como afirma a mensagem.

Em âmbito jurídico, o advogado do acampamento, Dr. Waldemir Soares, após contato, nos explicou em nota que

“No dia 02-09-2016, integrantes da Frente Nacional de Lutas – FNL ocuparam a Estação Ecológica de Itirapina/SP. A Estação integra o pacote de áreas que o governo do Estado de São Paulo disponibilizará para iniciativa privada através da Lei nº 16.260/16. Não bastasse, a paralisação do Programa Nacional de Reforma Agrária pelo Tribunal de Contas da União, o governo do Estado de São Paulo, ao invés de destinar a área para a Reforma Agrária, decidiu, disponibilizá-la para empresas que farão sua exploração. (…) Desde o inicio da ocupação, os integrantes da FNL, já protocolizaram pedido de ajuda ao Instituto Florestal para impedir incêndios criminosos, também fizeram Boletim de Ocorrência relatando tais fatos ao Batalhão da Comarca de Itirapina.”

Cabe ressaltar que existem vários pontos a serem considerados nesta história. De um lado, há uma narrativa que se busca construir de criminalização dos movimentos sociais e de luta pela terra, da qual, um dos elementos constituintes, é promover uma opinião pública negativa através de sabotagens, mentiras e desinformações apoiadas pela mídia hegemônica e diversos outros atores. De outro lado, o momento eleitoral intensifica diversos interesses, e a proeminência de uma candidatura de esquerda certamente incomoda os interesses da mesma elite local, que não tolera uma ocupação de luta pela reforma agrária em seu território.

Para entendermos os métodos espúrios que estão sendo utilizados nesta campanha difamatória e de desgaste de adversários.

Um dos exemplos deste incômodo foi a criação de um abaixo assinado no Avaaz chamado “Geraldo Alckmin: salve o Aquífero Guarani e o Broa“, por parte de um candidato a vereador de Itirapina do PPS (em coligação com o PSDB, partido do governo estadual, responsável pelo projeto de privatização dos parques) chamado Eduardo Mancuso, com um texto que acusa os acampados de cometerem diversos crimes ambientais

O Instituto Florestal da cidade de Itirapina – SP desde o dia 03/09/2016 vem sendo INVADIDO, estão cometendo vários crimes ambientais, desmatando, matando animais silvestres e colocando fogo numa AREA DE PROTEÇÃO PERMANENTE. Além de construirem fossas negras que contaminarão o nosso AQUÍFERO GUARANI que é o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo.

Além disso estão sendo produzidas montagens de fotos que afirmam que os acampados estariam matando animais silvestres, encontradas no perfil de um outro candidato a vereador de São Carlos, conhecido por Wander Japa, também aliado ao PSDB, além da própria Alice Altomani, esposa do prefeito Paulo Altomani (PSDB), que também compartilhou em seu perfil pessoal as informações falsas, que atingiram cerca de 2.400 compartilhamentos no facebook.

Postagem acusando os acampados de matarem animais silvestres usando fotos falsas

Fonte da imagem verdadeira usada para montagem

Fonte da imagem verdadeira usada para montagem

Primeira dama de São Carlos, esposa de Paulo Altomani (PSDB)

Tudo isso demonstra o desespero dos coronéis locais em, simultaneamente, projetarem-se com base em mentiras, e combater inimigos no plano institucional (adversários eleitorais) e ideológico (movimentos sociais organizados). Todas essas informações estão registradas, e iremos buscar os meios legais de ativar judicialmente as pessoas responsáveis pelas mentiras.

Em síntese, me parecem existir três grandes objetivos oportunizados na mesma narrativa: primeiro, projetar-se politicamente com base uma plataforma calcada em mentiras, angariando atenção e votos; segundo, combater um inimigo ideológico presente no território (os acampados que lutam por reforma agrária); e desgastar um adversário político de esquerda cuja campanha ganha força na cidade.

Aqui em São Carlos, nós não deixaremos passar em branco esse tipo de calúnia, e faremos o combate direto à produção de narrativas fantasiosas e desleais, desmascarando-as. Existe muito mais gente que continua reproduzindo tais discursos inverídicos, e temos o dever de, ao menos, fazer com que a verdade venha à tona de maneira irrefutável, não permitindo a propagação destas farsas.

Contamos com você para disseminar estas informações, pois, de norte à sul do Brasil, os coronéis e elites locais tentam fazer o mesmo. Aqui em São Carlos eles vão encontrar resistência. Nós estamos de olho, e vamos plantar um outro futuro possível.

Do site Plantar o Futuro, em solidariedade à Djalma Nery, de São Carlos.




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