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AMAZÔNIA | Escândalo: reportagem revela a organização das queimadas criminosas na Amazônia

terça-feira 27 de agosto de 2019 | Edição do dia

Uma reportagem realizada pelo Globo Rural revela fatos escandalosos sobre as queimadas criminosas ocorridas na Amazônia este mês, no "Dia do Fogo". O grupo criminoso contratou operadores de motosserra, motoqueiros, criou pistas de pouso clandestinas e muito mais.

Segundo a reportagem, a organização do "Dia do Fogo" iniciou-se no grupo de Whatsapp "Jornal A Voz da Verdade". O grupo foi criado por João Vgas em 17 de agosto de 2016 e tem 246 participantes, entre produtores rurais, grileiros de terra e comerciantes do município Novo Progresso, no estado do Pará.

Destes, 70 aprovaram os planos do "Dia do Fogo", e então criaram o grupo "SERTÃO" - referência ao nome do estabelecimento de Ricardo de Nadai, criador deste grupo. Até o fim dos preparativos, o grupo chegou a ter 80 participantes.

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O objetivo principal do grupo era, no dia 10 de agosto, incendiar matas e terras devolutas (terras controladas pelo poder público), e fazer com que este fogo avançasse sobre a Floresta Nacional Jamanxim, que é uma reserva de 1,3 milhão de hectares. Com isso, pretendiam alcançar a Terra do Meio, palco dos maiores conflitos fundiários do Brasil. A revista Globo Rural apurou que pelo menos 4 membros deste grupo já foram presos por crimes ambientais.

A ação dos criminosos

Antes do ateamento do fogo, várias áreas foram previamente desmatadas. A reportagem ouviu um operador de Motossera dizendo que "ninguém ficou sem serviço". Pessoas foram trazidas de outras regiões da Amazônia e até de regiões do Nordeste para realizar o corte ilegal.

O procedimento deste tipo de ação criminosa é primeiro desmatar e depois queimar, e a ação predatória contra a natureza contou até mesmo com pistas de pouso clandestinas para desembarcar gente para a destruição da mata.

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No dia 10, motoqueiros contratados pelo grupo atearam fogo nas matas às margens da BR-163. Ainda não se sabe se este grupo pode ter se organizado junto com outros grupos. Mas o resultado todos viram, uma nuvem de fumaça que cobriu o país, podendo ser visualizada de satélites. A mesma nuvem que cobriu São Paulo e fez o dia virar noite.

O governo Bolsonaro sabia

No dia 7 de agosto, três dias antes destas queimadas, o promotor do Ministério Público local, Gustavo de Queiroz Zenaide, avisou o que iria ocorrer ao gerente executivo do Ibama de Santarém, Roberto Fernandes Abreu, através de ofício.

Este aviso veio através de documento oficial protocolado pelo Ibama de Santarém no dia 08 de agosto. Nele, Gustavo escreve: “produtores rurais planejam realizar uma queimada na região do Município de Novo Progresso na data de 10 de agosto de 2019 como forma de manifestação.”

Apesar de tudo isso, durante todo o período Bolsonaro tentou negar a existência das queimadas, tendo sido desmentido pelas nuvens de sujeira que fecharam os céus de São Paulo.

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A política de Bolsonaro, de deslegitimar os dados do INPE, intervir no IBAMA, não só encoberta como defende os interesses destes fazendeiros, grileiros e latifundiários. Ele e seus parvos Ministros, defensores de que o aquecimento global não existe, no fundo, por trás de sua verborragia irracional, tem um programa bem claro e extremamente compreensível por qualquer pessoa racional: transformar todas as riquezas nacionais em lucro capitalista, jogar no lixo o futuro do país, o futuro da juventude, atacar os povos indígenas, fortalecer os assassinatos no campo, a perseguição aos Sem Terra e acabar com os direitos dos trabalhadores.

Contra isso, dissemos: A transformação dessa realidade perpassa por uma mudança radical da sociedade em que vivemos. Não há conciliação histórica possível entre uma produção voltada para o lucro – cuja dinâmica inexorável é a acumulação do capital – e qualquer coisa parecida com a utilização racional e ambientalmente correta dos recursos naturais. Somente a organização de uma sociedade emancipada das garras do capital e, portanto, com base nos produtores livremente associados poderá superar a exploração predatória da natureza, a crise ambiental e a miséria social na qual estamos submetidos.

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Com informações do Globo Rural. Veja a reportagem aqui.




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