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8 DE MARÇO | Escândalo: Direção nacional do ato do 8 de março quer silenciar quem denuncia o regime do golpe

Um grande escândalo nesta noite de sexta-feira (26.02). A Direção nacional de organização do 8 de março, composta pelo PT, PCdoB e PSOL, vetou que as organizações que não tivessem acordo com seu manifesto pudessem ter voz no ato do 8 de março.

Pão e Rosas@Pao_e_Rosas

sexta-feira 26 de fevereiro de 2021 | Edição do dia

A realidade é que em nome da unidade entre a esquerda que capitula ao golpismo e a que capitula ao petismo, posições que postam firmemente contra o regime golpista - congresso nacional, governadores como João Dória, STF e Rede Globo - e ao mesmo tempo não deposita nenhuma ilusão em um processo de impeachment que na realidade só serviria para legitimar esse regime podre, se tornam extremamente incômodas.

Nós nos organizamos no movimento de mulheres com uma perspectiva de total independência de classe. Como dissemos na noite de hoje pela voz da Letícia Parks: “Quando o Nego Beto foi assassinado no Carrefour, o presidente disse que "era daltônico" e que não vê negros no Brasil. O Mourão quando o Evaldo Rosa foi assassinado pelo exército no Rio de Janeiro lamentou que "só uma pessoa foi atingida. foram disparos péssimos".

Hoje, no estado de São Paulo, nós professoras estamos voltando para as salas de aulas em meio ao crescimento de contágio e mortes, por ordem de João Dória, herdeiro de escravocratas, golpista e hoje governador do estado. Em Campinas, uma criança de 13 anos morreu de COVID, e provavelmente ela foi contaminada na escola.

A verdade é que a gente chegou na pandemia e já vínhamos pagando caro pela crise por conta do golpe e das reformas, levando adiante ataques maiores do que os que sofremos nos governos do PT.

Essas são as posições que viemos apresentando durante toda a construção do 8M, da qual participamos desde o início, e é por isso que nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas não assinamos o Manifesto elaborado pela Comissão organizadora do 8M. E não somos as únicas que pensamos diferente do que está escrito lá. Tem milhares de mulheres espalhadas pelo país com ódio de Bolsonaro, Mourão e de todo o regime do golpe, desse judiciário de milionários que humilha mulheres como a Mari Ferrer, milhares de mulheres que por tudo isso não assinariam um Manifesto que sequer fala que houve um golpe nesse país, e que troca a luta nas ruas por uma saída institucional como o impeachment, que colocaria Mourão no poder e que distribui confiança nos golpistas do Congresso.

Tem sido dito que a nossa discordância e de outros grupos que não assinam o manifesto nos impediria de falar no ato. As nossas posições, companheiras, não são novidade para vocês. O que é novidade para nós é que a prática do silenciamento seja utilizada dentro do movimento de mulheres, logo nós que lutamos por séculos pelo direito de falar, de votar, de ir às ruas, fazer greve.

Não podemos atuar no movimento de mulheres como atuam as direções das grandes centrais. Lutamos para que todas expressem suas posições nesse ato, um ato, inclusive, que viemos dizendo que deveria ser nas ruas, com todas as medidas de segurança sanitária, porque diferente do que vem dizendo as companheiras do PT, nós sim achamos que as massas devem ir pras ruas, e que só assim é possível vencer, como mostraram as argentinas na conquista histórica da legalização do aborto.”

Como reafirmamos durante a reunião de hoje, nossas posições são largamente conhecidas por toda esquerda, são públicas, se encontram facilmente aqui no Esquerda Diário e viemos intervindo desde o dia 1 da construção do 8M defendendo estas posições! É um absurdo sem tamanho que PT, PCdoB e PSOL, dizendo defender uma suposta “unidade”, vetem a voz de quem não tem acordo com suas posições e que defende uma saída independente da classe trabalhadora. Não podemos aceitar que este seja o modus operandi das direções das organizações que dirigem o movimento de mulheres, que imponham a cartilha das suas mesmas direções sindicais dentro do nosso movimento.

Já é tradição do PT e PCdoB buscar calar as vozes críticas na maneira como conduzem os sindicatos que estão à cabeça - CUT e CTB -; sindicatos estes que englobam mais de 40 milhões de trabalhadores e os quais suas direções mantiveram total paralisia diante de todos os ataques do regime do golpe, deixaram passar a reforma trabalhista, da previdência, e querem deixar passar a reforma administrativa sem lutar! Mas a novidade é a total conivência do PSOL, que tenta se colocar em um espectro à esquerda do PT, mas que já se mostra totalmente adaptado à seus métodos, aprofundando o seu giro à direita que ficou bem marcado nas eleições municipais de 2020, aceitando todo tipo de aliança com PSB do bolsonarista Márcio França, PDT do Ciro Gomes e Rede da Marina Silva.

Não podemos permitir que esses métodos burocráticos se instalem no movimento de mulheres, pois desde a nossa gênese, viemos lutando para ter voz! Um grupo reduzido não pode se sentir no direito de afirmar que representam todas as mulheres. Queremos que as vozes dissonantes se expressem e chamamos à todas as organizações que não tiveram acordo com esse manifesto e assim como nós do Pão e Rosas, do Nossa Classe e Juventude Faísca também foram silenciadas, a repudiar esses métodos burocráticos.




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