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SEGUNDO DIA DE PROTESTOS | Equador: os protestos contra os planos do FMI desafiam o estado de exceção

Com greve dos transportes por tempo indeterminado e mobilizações em distintos pontos do país, se desenvolve o segundo dia de protestos no Equador, desafiando a repressão e o estado de exceção decretado por Lenín Moreno.

segunda-feira 7 de outubro de 2019 | Edição do dia

Os equatorianos voltaram a sair esta sexta-feira massivamente às ruas, no segundo dia de protestos contra os planos do FMI aplicados pelo Governo de Lenín Moreno.

Apesar da brutal repressão e do estado de exceção decretado quinta-feira pelo Governo, as principais cidades estiveram paralisadas pela greve indefinida nos transportes e se multiplicaram os bloqueios e manifestações em distintos pontos do país.

Com a implementação do estado de exceção, Moreno duplicou a aposta contra os manifestantes e os chamou de "golpistas" e violentos, ao mesmo tempo que advertiu que "castigará com a lei" os organizadores dos protestos.

A pesar dos mais de 370 detidos que se contabilizavam ao fechar da jornada de sexta, as declarações de Moreno não fizeram mais que atirar combustível ao fogo do protesta, que ameaça crescer nas próximas horas.

A resposta governamental é de militarizar por completo as ruas do país, o que não fará mais que inflamar os ânimos fazendo escalar as demandas dos manifestantes, que por agora pedem que se revogue o "paquetaço", em referência à série de medidas apresentadas por Moreno a pedido do FMI, que inclui o fim dos subsídios ao combustível, uma reforma trabalhista e outra tributária.

Moreno se apega às exigências do FMI e se decidiu confrontar com os manifestantes ao colocar que o único objetivo destes é "desestabilizar o Governo", e desacreditou o chamado a greve, argumentando que o estado de exceção é para "garantir a segurança e o normal funcionamento de serviços básicos e instituições".

O segundo dia de protestos, no entanto, mostrou um panorama diferente. A paralisação foi notável em várias cidades. Centenas de estudantes universitários e ativistas de movimentos sociais romperam as cercas de segurança que cercavam os arredores do palácio de Governo, o Carondelet, e se enfrentaram com policiais.

A paralisação do transporte provocou a suspensão de aulas e piquetes nas ruas e avenidas da capital equatoriana, aonde se queimaram pneus y madeiras.

Em diferentes setores da cidade de Guayaquil, considerada a capital econômica do Equador, se produziram enfrentamentos, além de alguns saques a comércios e estabelecimentos públicos, mostrando que a situação está longe de ser controlada, como insinua o Governo.

Em um discurso que parecia de ficção, e enquanto que nas redes sociais se mostravam imagens dos protestos, Moreno manifestou que os ministros do Governo o informaram a partir de Quito que "se está controlando quase em sua totalidade os focos de violência que se foram gerados".

Militarização

A militarização e detenções massivas é a forma que encontrou o Governo para avançar com os planos do FMI. Além dos 250 detidos da primeira jornada de protestos, a Ministério Público do Estado equatoriano informou esta sexta-feira que havia detido dois dirigentes do setor de transporte.

Em sua conta oficial de Twitter, o Ministério Público indicou que durante a madrugada foram detidos para ser investigados Mesías V., secretário geral do Sindicato de Motoristas da província de Azuay, e Manolo S., presidente da Câmara de Transporte da cidade andina de Cuenca, "por suposta paralisação de serviço público".
Por sua vez, a Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) denunciou a "arbitrária detenção de Marlon Santi pela Polícia Nacional", e adicionou que "junto a Jairo Gualinga, dirigente de Juventude da Conaie, e dois jovens universitários, serão levados para a prisão de Putuimi, para depois irem à audiência de flagrância".

A Confeniae (outra das organizações indígenas) também fez declarações, expressou seu "repúdio aos atos repressivos da polícia e do exército, e a política de criminalização da luta e do protesta social pela Ministra do Interior, María Paula Romo, e pelo Presidente Lenin Moreno".

Apesar do estado de exceção, que durará sessenta dias, a paralisação de transporte se mantêm indefinida.

Equador se soma a lista de países que vem registrando protestos devido a aplicação dos planos de ajuste exigidos pelo FMI, que não trajem mais que penúrias, miséria e fome para a população. Países como Costa Rica, Nicarágua, Sudão, Tunísia, Honduras ou Haiti já mostraram protestos similares. Junto ao Equador, Argentina poderia ser o próximo país que se some a lista tendo em conta o nível de dívida contraída com o FMI, e a exigência de ajustes e reformas estruturais que exigiram nos próximos meses.




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