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POEMA | Epitáfio de outro sem nome (Descanse em paz)

terça-feira 18 de outubro de 2016 | Edição do dia

Desceu pro asfalto,
Trabalhou.
Voltou pro morro,
Atrasou.
Fugiu do assalto,
Escapou.
Levou esporro,
Acatou.

Chegou em casa,
Mas não descansou.
Olhou para a cama,
Mas não se deitou.
Preparou a comida,
Porém não jantou.

Gritos na rua:
“É os verme!” “Ó os homi!”
Tiros à toa,
E ele lá, com fome...

Bala perdida?
Achada.
Vida perdida?
Tirada.

O sangue que escorre não é do bife mal-passado.
O corpo esticado não dorme nem está acordado
O silêncio ecoa como em uma caverna
De herança deixa dor e a falta eterna

...

A polícia pacificadora,
Às vezes um por um, às vezes no atacado,
Sempre atinge seu alvo.

Sua paz é o descanso,
Eterno como o vácuo, silencioso como o tempo,
Do túmulo e da lápide.




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