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Yzalú é uma cantora, compositora e intérprete paulistana que se tornou conhecida no movimento Hip Hop incorporando o seu violão em interpretações de músicas clássicas do rap nacional. Nascida na periferia de São Paulo começou a criar música aos 16 anos. Seu vídeo da música “Mulheres Negras” – composta pelo Eduardo Tadeo (ex-Facção Central) - viralizou, sendo muito reivindicado pelas integrantes dos movimentos feministas, servindo como uma espécie de bandeira musicada, trazendo em sua letra muitas pautas e reivindicações políticas, com uma interpretação emocionante. Atualmente prepara o seu primeiro CD intitulado "Minha Bossa é Treta".

sábado 25 de julho de 2015 | 15:49

Nesse 25 de julho, Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha, o Esquerda Diário entrevista Yzalú, cantora que conquistou fãs em vários cantos do Brasil com sua musicalidade, acima de tudo, política.

ESQUERDA DIÁRIO: O que te levou a ter contato com a música e posteriormente tornar-se cantora?

YZALÚ: Foi através do violão, aos 14 anos, a primeira vez que o vi me apaixonei. Participei do Grupo de Rap Feminino Essência Black tocando somente violão, pois, nesta época ainda não tinha coragem de cantar. Ao sair do grupo, toquei em bares, e desiludida com a música em 2003, resolvi parar para trabalhar e estudar, foi quando em 2008 a convite do DJ Bola 8 (Grupo Realidade Cruel) tive a oportunidade de tocar no show de lançamento da sua Mixtape, lá eu toquei antes do Grupo Facção Central a música "Um Bom Lugar" do Sabotage, um dia inesquecível, muito loko, e hoje estou aqui contando esta história pra vocês, rs!

ED: Como é ser uma mulher em um universo predominantemente masculino, como o mundo do Rap?

Y: Um desafio.

ED: A questão do gênero perpassa seu repertório musical. O que te levou a falar sobre esse tema em suas canções?

Y: A minha condição enquanto mulher e negra. A teoria na arte ajuda, mas em se tratando de temas tão delicados como o que citou não é o suficiente, por isto, ser o próprio elemento da condição nessas horas é importante.

ED: Para você qual a importância de que as mulheres, especialmente as mulheres negras, se coloquem politicamente e lutem em defesa dos seus direitos?

Y: A mulher negra sempre esteve em luta mesmo sem saber que estava, é só olhar para a história que perceberá o que falo, porém a grande questão é que nunca deram ouvidos e se em algum momento deram, não foi o suficiente. E não se trata de uma luta vitimada que implora por aceitação, pelo contrário, a luta é por respeito e liberdade, e não falo da liberdade que fere a moral e o direito do outro, mas sim aquela que inclui que aprende com a experiência do outro, esta é a importância.

ED: A música “Mulheres Negras” retrata a realidade da vida dessas mulheres numa sociedade fundada sobre a base do racismo e machismo como o Brasil. Qual o recado que você deixa as milhares de mulheres negras nesse 25 de julho?

Y: Acreditem e continuem. Abram as portas para àqueles que se interessam e se sensibilizam com a causa, estejam abertas ao diálogo, sejam pacientes, pois, somente assim terá valido a pena. E aos ignorantes, não percam seu tempo!!

ED: Está em andamento dois projetos que buscam criminalizar a juventude negra no Brasil, a redução da maioridade penal e aumentos das penas. Qual a sua opinião sobre esse projetos principalmente em relação a vida das mulheres negras?

Y: Como se já não bastasse o genocídio da juventude negra comprovado nas estatísticas, eles buscam cada vez mais formas de nos tirar do mapa, só que eles se esqueceram de que nós somos um país tropical, e isto, a ciência explica.

ED: Como você encara que deva ser a postura dos artistas negros e periféricos diante desse ataque?

Y: Eu não falo por outros artistas, cada um toma a postura que julgar mais adequada.

Fotos: Suellen Porto




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