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CORONAVÍRUS | Entre fatores biológicos e sociais, porque trabalhadores da limpeza estão mais expostos ao vírus

terça-feira 24 de março de 2020 | Edição do dia

Em estudo publicado na revista científica The New England Journal of Medicine, no último dia 17, intitulado “Aerossol e a estabilidade do SARS-CoV-2 em superfícies em comparação com o SARS-CoV-1” serve de comprovação ainda mais forte - ou como se diz na academia: corrobora - da importância que se deve ter com os processos de higienização e como é criminosa a política de não esclarecimento e de fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para os trabalhadores da limpeza, que, em sua maioria trabalham em condições precárias, sendo os mais explorados e os que mais sofrem com as mazelas do capitalismo em todos os momentos de sua vida.

Todos os dados apresentados no estudo, que compara o tempo ativo dos dois vírus - o causador da nova crise sanitária que estamos vivenciando e o vírus do mesmo grupo causador da síndrome respiratória aguda grave, que foi detectada pela primeira vez em 2002 -, em aerossol e em superfícies variadas (plástico, aço inoxidável, cobre e papelão), mostraram que os vírus apresentam similaridade de estabilidade nas circunstância testadas, assim, os pesquisadores colocam que, possivelmente, a alta carga viral no trato respiratório e o potencial de transmissão é que podem ter levado a pandemia, diferentemente do que ocorreu com a SARS em 2002.

Obviamente que existem outros fatores que devem ser considerados para que uma doença tenha tido tanta amplitude acima do que a outra e estes fatores vão além dos biológicos. Em outras palavras, precisamos ver as questões socioambientais de agora. Com mais de uma década de crise, na qual a burguesia internacional vem intensificado os ataques aos trabalhadores do mundo todo, para fazer com que seja sobre seu sangue, suor e vidas se tenha a resolução desta crise é um fator extremamente importante.

Dentre todas as categorias de trabalhadores precisamos dar um destaque especial aqueles que trabalham com a limpeza no Brasil. Em sua maioria são trabalhadores terceirizados, negros, que vivem em condições insalubres dentro e fora dos ambientes de trabalho, já que muitos moram em comunidades. Assim, as condições básicas para se manter um indivíduo saudável, que é com alimentação de qualidade, saneamento básico, descanso, acesso a assistência à saúde, dentre tantas coisas que estamos privados de conjunto, mas que estes sofrem em uma qualidade muito mais intensa, já são privados por causa do capitalismo.

Veja mais:Para combater o coronavírus precisamos de justiça para os trabalhadores da limpeza

Quando pegamos os resultados deste estudo, que indica que o novo coronavírus fica viável para causa infecção quando disperso em aerossol (que é uma suspensão de formas líquidas, semelhante ao espirro e a tosse) por três horas e tendo um decaimento de infectividade relacionado com o aumento de quantidade de ar presente; que em superfícies de plástico e aço inoxidável o tempo sobe para até 72 horas; em papelão por menos de 24 horas, comprovamos o quão criminoso é a política de precarização das condições de trabalho dos trabalhadores terceirizados da limpeza.

Estes trabalhadores que não tem acesso a nenhuma informação (a não ser fake news que chegam em correntes de whatsapp), que trabalham sem as condições mínimas necessárias em situações rotineiras da vida, neste momento, serão os mais afetadas em todos os âmbitos, já que suas atividades são consideradas essenciais (e são mesmo) e não poderão parar para cumprir o isolamento social.

A resposta para esta questão precisa vir justamente da classe trabalhadora, que, com acesso as atualizações científicas referentes a pandemia, poderão dar verdadeiramente uma resposta a esta questão, na qual perpassa pela sua auto organização para exigir tudo que está ao alcance para responder, indo desde a divulgação das informações, EPI em quantidade e qualidade, recursos necessários para prevenção (como álcool em gel para sua prevenção e para a realização da limpeza), maior número de contratações com jornadas de trabalhos mais curtas sem corte de salário, dentre outras que se liguem as outras categorias de trabalhadores para termos testes massivos, estatização dos leitos e dos recursos hospitalares da rede privada, em defesa do SUS gratuito e de qualidade.

Somente a classe trabalhadora pode dar uma resposta a barbárie que vivemos, pois cada dia mais fica evidente que nossas vidas não valem nada para os burgueses.




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