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CAMPINAS PRA QUEM? | Entre escândalos políticos e recessão, uma cidade cada vez mais desigual

O país está atravessado por um ajuste econômico, e em Campinas, a realidade não foge a regra: retirar direitos para conservar os lucros. Dilma, Alckmin e Jonas são a santíssima trindade na proteção dos empresários contra os trabalhadores da região.

terça-feira 11 de agosto de 2015 | 03:50

A inflação, que baterá os 10% em 2015, corrói os salários dos trabalhadores e piora as condições de vida do povo pobre. Enquanto isso, a prefeitura aumenta impostos e arrecada 10% a mais que no ano anterior. O plano de Jonas é claro: mostrar serviço e preparar o terreno para a reeleição, ou, há quem diga, alçar vôos maiores com o apoio de Alckmin.

Mas é impossível esconder a cidade verdadeira: espremidos nas calçadas em obra da Glicério, a obra da campanha futura, os operários da construção dividem espaço com os trabalhadores que olham atentos os murais das agências de emprego. Em menos de um ano, um aumento exponencial das demissões, chegando a mais de 120 mil desempregados na região metropolitana.

$erviços públicos

No balcão de negócios da prefeitura, o avanço da privatização da saúde e da educação com as OSs, tem objetivos claros de aumentar os “investidores” da próxima campanha, ainda que isso custe o aprendizado das crianças e a vida de milhares de pessoas nos hospitais e postinhos de saúde. São as regras do jogo: uma mão lava a outra, como vemos no transporte. Em um escandaloso aumento de 275% no repasse de dinheiro para a máfia do transporte coletivo, o valor chegará a 45 milhões de reais em subsídio nesse ano, enchendo os bolsos dos empresários da VB, na cidade com a tarifa mais cara do Brasil.

SANASA

Não poderíamos, obviamente, deixar de mencionar a SANASA, líder em escândalos e cargos comissionados. Em um lapso de sinceridade em entrevista a rede Globo, o presidente da empresa, Arly de Lara, disse em rede nacional que ia aumentar a conta em 15% porque a população economizou água frente a crise hídrica. Simples e direto, como o capitalismo. Por ora, o aumento foi barrado pela Defensoria Pública, já que as tarifas haviam sofrido aumento de 12% em fevereiro. O presidente da SANASA e a prefeitura alegam que seria um “ajuste extraordinário”, portanto não se trataria de um “segundo reajuste” (em menos de seis meses). Essa classificação é meramente formal e um argumento para fazer passar essa medida e garantir os lucros, a revelia do peso que terá um novo ajuste, ainda maior que o primeiro, no caderninho de contas dos trabalhadores e da população de Campinas.

Emenda da Opressão

A partir da proposta de Campos Filho (DEM), desde o inicio do ano se desenvolve na câmara de vereadores o debate acerca da proposta de calar professores nas escolas em relação ao debate de gênero e sexualidade. O debate sobre a emenda percorreu três sessões na câmara, se combinou à discussão acerca do Plano Municipal de Educação e está em aberto para avaliação jurídica, já que infere na constituição federal. Mais que uma lei da mordaça contra os professores, essa emenda quer calar setores oprimidos, as mulheres e LGBTs, bem como legitima os escandalosos índices de violência contra mulher e os recordes de assassinatos LGBTs que o Brasil expressa nos rankings mundiais. Professores, jovens e coletivos de defesa das mulheres e LGBTs da cidade tem tomado a frente da luta para derrotar essa emenda.

Cargos comissionados

Enquanto o trabalhador sofre pra arrumar emprego em Campinas, os apadrinhados de Jonas na SANASA tomam sol no Arpoador em horário de expediente, conforme mostrou reportagem da TV Bandeirantes . Com salários que somam milhões de reais anuais aos cofres públicos, o Ministério Público investiga a rede de sustentação de mais de 840 cargos comissionados diretos na prefeitura, base de sustentação do amplo arco de alianças do PSB. PMDB, PV, PSDB, PC do B e cia: haja guarda-roupa pra tanto cabide de emprego.

Unicamp: campeã em altos salários

O elitismo da Unicamp ganha novos capítulos, e mais uma vez, a cara-de-pau de sua burocracia acadêmica, muitas vezes formada por críticos demagógicos da “máquina pública”, vem a tona, e está a altura da burocracia da prefeitura. Em mais um ano, a universidade toma as manchetes dos jornais, e não é por aumentar as vagas da universidade ou pela expansão dos cursos noturnos. Na verdade, nesse terreno 2015 bateu recorde com a menor entrada de jovens de escolas públicas nessa universidade em sete anos. O que ganhou as mídias e a indignação da população foi o fato de que seu reitor recebe a bagatela de 50 mil reais junto com mais um grupo seleto de privilegiados que recebem mais que 20 mil reais e, procuram não só justificar, mas discutem que devem aumentar ainda mais o teto de seus salários.

Os trabalhadores e a juventude precisam lutar pelo futuro: construir a terceira via

A corrupção e privilégios são as engrenagens dessa cidade, desse sistema, e atinge todas suas esferas. Os ataques duros do governo Dilma pesam sobre a vida do trabalhador, e não podemos nos calar sobre isso. Qualquer ato que não denuncie claramente a responsabilidade do PT nesses ataques, é um apoio velado ao governo, e por isso não iremos compor o ato do dia 20. Mas também não apoiamos o ato do dia 16 pelo impeachment: a oposição de direita é farinha do mesmo saco do PT, e não passa de hipocrisia falar que defende os trabalhadores, que vai solucionar a corrupção do país, pois sabemos muito bem como o PSDB trata os professores em SP e no Paraná, e como os tucanos no cartel do metrô organizaram um grande esquema corrupto.

Infelizmente, setores da esquerda como a Intersindical/Central, Juntos! e RUA assinam o manifesto do dia 20, junto aos governistas da burocracia da CUT e da UNE, em defesa da “democracia”, sem denunciar Dilma, ao invés de construir e fortalecer uma via independente.

É preciso construir a terceira via, uma alternativa dos trabalhadores e da juventude, verdadeiramente independente, que questione esse sistema político no qual a ordem é ataques e corrupção, que seja capaz de dar uma saída para a crise política e econômica do governo Dilma. Buscamos nossa entrada no PSOL para contribuir com esse enorme desafio.

É fundamental colocar de pé um pólo antiburocrático que se apresente como alternativa real em Campinas, lutando contra os ataques dos governos e seus esquemas mafiosos. É preciso unir o Sindicato dos Metalúrgicos, Químicos Unificados, Químicos de Vinhedo, Sindicato dos Correios, trabalhadores da previdência em greve, subsede da Apeoesp de Sumaré, minorias do STU, oposições da Apeoesp Campinas, de Municipais, assim como todos aqueles trabalhadores que lutam contra os ajustes e a burocracia sindical. A força dos trabalhadores, unificada com as organizações de esquerda, junto aos coletivos de juventude da esquerda anti-governista que lutam contra a redução da maioridade penal, das entidades estudantis combativas, da geração de Junho, dos coletivos de gênero e das dezenas de mulheres, negros, jovens e LGBTs que se enfrentam contra a emenda da opressão, poderia se tornar uma força real na cidade, que se apresentasse como alternativa.

Venha discutir conosoco a construção de uma alternativa dos trabalhadores e da juventude, participe da plenária aberta do MRT em Campinas no dia 23 de agosto.




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