×

SYRIZA FAZ "ESFORÇO" | Entre a “troika” e as promessas eleitorais

sexta-feira 15 de maio de 2015 | 01:32

O governo de Syriza descartou ontem se precipitar a um plebiscito para propiciar o apoio público às reformas em convênios coletivos, salários mínimos e aposentadorias exigidas pela troika, optando no lugar por fazer um "esforço" final para conseguir um compromisso com seus credores no final do mês.

O primeiro ministro, Alexis Tripras e seu ministro de finanças, Yanis Varoufakis, que insiste que "A Grecia sempre cumprirá suas obrigações com seus credores", dispõe de cada vez menos dinheiro e opções, questão que é aproveitada pela troika para desatar todo tipo de pressões, apertos e armadilhas. Tsipras tinha previsto presidir na quarta feira sua terceira reunião de gabinete em quatro dias para buscar uma saída às complexas conversações com seus credores/intimidadores, que se recusam a entregar mais ajuda se as reformas propostas pelo governo grego não lhes parecerem suficientes.

À pressão geral acrescentam-se as listas de qualificação que, aumentando a pressão sobre o governo, publicaram ontem, oportunamente, dados mostrando que o país voltou à recessão no primeiro trimestre, retornando à situação que arrasta há seis anos.

Naturalmente, os analistas “neutros” creditaram a contração de 0.2% na economia grega principalmente ao golpe à "confiança" e a demanda que está supondo a situação.

Por enquanto, o Executivo afirma que seu objetivo continua sendo chegar a um acordo com os credores internacionais no lugar de recorrer a um plebiscito ou adiantar as eleições.

Durante uma reunião do gabinete realizada na terça, Atenas reiterou suas esperanças em fechar um acordo no final desse mês, quando poderia ficar sem dinheiro se não chegam novos fundos.

"Estamos trabalhando em favor de um compromisso honorável", disse o ministro do interior, Nikos Voutsis, ao canal Mega TV. "Um recurso imediato a um referendum ou às eleições não está em nossos planos por enquanto".

A armadilha do plebiscito

As especulações sobre um plebiscito vêm aumentando. Ainda que inicialmente a ideia foi promovida pelo governo grego, há alguns dias Alemanha a vem utilizando como um novo mecanismo de extorsão, sugerindo que Grécia poderia necessitar realizar um para provar o conjunto das reformas econômicas em que insistem seus credores. Sem dúvida, trata-se de uma armadilha porque é sabido que, enquanto a grande maioria dos trabalhadores e o povo pobre da Grécia não concorda com as reformas em questão, também é majoritariamente favorável a permanecer no euro.

Portanto, frente a uma falsa opção desse tipo, poderia ganhar o medo de ficar fora do euro. Ainda que não pareça estar na agenda imediata, o próprio governo do Syriza poderia eventualmente apelar a esse engano para sair da encurralada de suas promessas eleitorais, sua absoluta disposição a pagar e a pressão dos credores.

Por enquanto, o governo de Tsipras, que nesta altura do ano devolveu pontualmente todas as dívidas, e entre outras coisas permitiu várias privatizações e a uma reforma do IVA que o comissário europeu Pierre Moscovici parabenizou e falou que não há que subestimar, não aceita ceder às exigências dos recortes adicionais nas pensões e reformas trabalhistas que facilitem as demissões, medidas que significariam atravessar a "linha vermelha" de suas promessas eleitorais.

Adiantando a resistência que enfrentará Tsipras se fizer mais concessões, o sindicato PAME (ligado ao partido comunista grego KKE) exigiu dos sindicatos que se manifestem no dia 11 de junho e preparem uma greve contra qualquer nova medida que seja aceita como parte do acordo com os credores.

O executivo grego afirma que não ultrapassará as "linhas vermelhas", mas que está fazendo o possível para conseguir um acordo e pediu aos credores que também façam sua parte.

"Estamos acelerando, estamos fazendo tudo o que foi acordado", afirmou Nikos Pappas, um conselheiro de Tsipras, na emissora Sto Kokkino. "Trabalharemos com a mesma vigilância e determinação para completar esse acordo, apesar dos que querem boicotá-lo".

Não obstante, os países da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) acusam a Atenas de "manobras dilatórias" e de não mostrar "compromisso suficiente" com as reformas. No entanto, a Grécia enfrentou essa semana o pagamento de 750 milhões de euros ao FMI, esvaziando suas reservas no organismo para evitar mexer com suas arcas.

Os dados orçamentários do Governo mostraram também que no intuito de poupar dinheiro para pagamentos presentes e futuros, o gasto público foi reduzido em 2000 milhões de euros, comparados com o objetivo previsto para os quatro primeiros meses do ano.

Fonte: Reuters / Redação ED




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias