Empresários do setor do transporte de Minas Gerais importaram vacina da Pfizer, não doaram ao SUS e vacinaram cerca de 50 familiares, pagando R$600,00 por duas doses
quinta-feira 25 de março de 2021 | Edição do dia
Fonte: Revista Piauí
Um grupo de políticos e empresários, a maioria ligada ao setor de transporte de Minas Gerais, e seus familiares, tomou na terça-feira, dia 23, a primeira das duas doses da vacina da Pfizer contra a Covid-19, em Belo Horizonte. Eles compraram o imunizante por iniciativa própria e não repassaram ao SUS. As duas doses custaram R$600,00.
Os organizadores da compra foram os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur. A garagem de ônibus de uma das empresas foi improvisada como posto de vacinação.
O ex-senador Clésio Andrade, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), foi um dos que receberam o imunizante e disse: “Estou com 69 anos, minha vacinação [pelo SUS] seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim”, disse ele à Revista Piauí.
O deputado estadual de Minas Alencar da Silveira (PDT) também foi vacinado, segundo relatos de pessoas presentes. Silveira contou que já tinha tido Covid, mas foi se vacinar com autorização de seu médico. À Revista Piauí, ele disse que já tinha sido infectado pelo novo coronavírus e negou que tivesse participado da imunização paralela. “Não estou sabendo, não. Até gostaria, mas estou com coronavírus, nem posso”, afirmou.
A Pfizer disse, em nota, que “nega qualquer venda ou distribuição de sua vacina contra a COVID-19 no Brasil fora do âmbito do Programa Nacional de Imunização. O imunizante COMIRNATY ainda não está disponível em território brasileiro. A Pfizer e a BioNTech fecharam um acordo com o Ministério da Saúde contemplando o fornecimento de 100 milhões de doses da vacina contra a COVID-19 ao longo de 2021”.
Após a publicação da reportagem na Revista Piauí, o deputado estadual João Vítor Xavier (cidadania), presidente da CPI dos Fura-Filas da Vacina na Assembleia de Minas, afirmou que, na quinta-feira, vai “ouvir Ministério Público, corregedoria e ouvidoria do governo”. O objetivo é averiguar se a CPI tem competência para investigar o caso.
A professora Flavia Valle publicou em seu Twitter:
Escandaloso:empresários do ramo d transportes d MG importou imunizante da Pfizer sem fazer a doação p/o SUS e vacinou familiares por R$600/dose. Enquanto trabalhadores morrem na fila da UTI. Cretinos! Fim das patentes. Estatização das empresas produtoras de vacina #vacinapratodos
— FlaviaValle (@FlaviaValle_ED) March 24, 2021
