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GOLPE INSTITUCIONAL | Engolir Bolsonaro até quando?

É preciso que os trabalhadores, a juventude e todos os setores democráticos exijam a cassação do mandato de Jair Bolsonaro e que ele seja julgado e punido por todos os crimes que cometeu e segue cometendo na condição de parlamentar.

Evandro NogueiraSão José dos Campos

quarta-feira 20 de abril de 2016 | Edição do dia

Os 513 deputados que protagonizaram o show de horrores na votação do impeachment no último domingo custam em média R$ 86 milhões ao contribuinte todo mês ou R$ 1 bilhão por ano (dados de levantamento do site Congresso em Foco), somando salário de R$ 33.763, auxílio-moradia de R$ 4.253 ou apartamento de graça para morar, verba de R$ 92 mil para contratar até 25 funcionários, de R$ 30.416,80 a R$ 45.240,67 por mês para gastar com alimentação, aluguel de veículo e escritório, divulgação do mandato, entre outras despesas, além de dois salários no primeiro e no último mês da legislatura como ajuda de custo, ressarcimento de gastos com médicos.

Desfrutando disso tudo desde 1990, quando assumiu seu primeiro mandato como deputado federal, está o racista, homofóbico, estuprador declarado, defensor da tortura, do regime militar e presente no listão da Lava Jato, Jair Bolsonaro.

Apesar de aparecer na liderança do ranking dos deputados mais ausentes entre os representantes cariocas na Câmara dos Deputados em 2015 (levantamento feito pelo jornal O Globo), com 3,2% de ausências sem justificativa no plenário, e de ter nesse mesmo ano conseguido pela primeira vez a aprovação preliminar de uma proposta de emenda constitucional (PEC) de sua autoria em 25 anos de mandato, Bolsonaro consegue se promover como deputado e foi o mais votado no Rio de Janeiro em 2014, com mais de 464 mil votos.

Ele resume sua estratégia dizendo que "Tão importante quanto fazer uma cesta de três pontos é dar um toco lá atrás e evitar que o adversário faça uma cesta", o que exemplifica, "Eu segurei aqui na Câmara e consegui dar uma guinada pela não aprovação (...) "O kit gay é um material escolar homoafetivo, com crianças se beijando, estimulando crianças a serem homossexuais." Na questão, o governo Dilma recuou da polítia de combate a homofobia após as ameaças e articulações da bancada evangélica, junto com Bolsonaro. Falamos mais sobre essas relações em outro texto.

Não faltam exemplos para suas atitudes abertamente reacionárias, como a entrevista no programa de televisão em 2011, quando indagado pela cantora e apresentadora Preta Gil "se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?”, respondeu, "ô Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o seu". Em 2014, durante um debate na câmara, Bolsonaro disse, “Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde [da Câmara] e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fique aqui para ouvir”, repetindo a frase que já havia dito em 2003.

Embora tente se esconder como uma figura que não se envolve com corrupção, o partido no qual permaneceu por mais tempo, o PP (partido de Maluf), teve lugar de destaque entre os denunciados na Lava Jato, assim como seu atual partido, o PSC, recebeu mais de 6 milhões de reais vindos de empresas denunciadas na operação. Na chamada Lista de Furnas, que traz os nomes de 156 políticos e os respectivos valores recebidos na campanha eleitoral de 2002 do caixa 2 de empresas que prestaram serviços para a estatal mineira, Bolsonaro aparece como destinatário de 50 mil reais como demonstrado neste site.

É preciso que os trabalhadores, a juventude e todos os setores democráticos exijam a cassação do mandato de Jair Bolsonaro e que ele seja julgado e punido por todos os crimes que cometeu e segue cometendo na condição de parlamentar. A permanência de seu mandato só mostra como é degradado o sistema político, assim como seu envolvimento com tantos partidos e aliados do governo do PT em tantos anos mostra como não se pode esperar o menor esforço desse partido para banir esses setores mais reacionários da política. Até quando vamos seguir engolindo Bolsonaro (seus filhos e outros)?




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