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CONTAGEM | Encontro em MG debate o 28 de abril e qual greve geral para derrotar Temer e as reformas

Dezenas de trabalhadores e jovens se reuniram neste sábado (8) em Contagem e discutiram qual greve geral é necessária para derrotar o governo golpista de Temer e as reformas da previdência e trabalhista. Esse encontro foi parte de uma série de encontros organizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

segunda-feira 10 de abril de 2017 | Edição do dia

Em Contagem, se reuniram professores das escolas estaduais em greve Helena Guerra, Padre Camargos e professores das escolas municipais Jesu Milton e Funec Petrolândia, que se mantiveram em greve até seu final em Contagem; estudantes da UFMG e secundaristas de diversas escolas da RMBH, além de integrantes do grêmio Margem Esquerda da Escola Helena Guerra; operários metalúrgicos e trabalhadoras precárias. Debateram como derrotar as reformas de Temer, a trégua dada pelas grandes centrais ao governo e a necessidade de um plano para haver uma greve geral efetiva no país e não apenas uma paralisação rotineira, como querem a CUT e as grandes centrais burocráticas.

A atividade teve uma mesa de abertura com a presença de Flavia Valle, professora das redes municipal e estadual em Contagem e ex-candidata a vereadora pelo MRT no PSOL; Tassia Arcenio, assistente escolar na rede municipal de Contagem; Pammella Teixeira, coordenadora-geral do D.A. da Biologia da UFMG; e Bruno Gilga, diretor de base do Sindicato de Trabalhadores da USP. Contou com contribuições de professoras da linha de frente da greve da educação, estudantes e operários e com uma arrepiante intervenção organizada pela juventude Faísca, tudo em um ambiente muito agradável e com uma linda decoração feita pela juventude.

Os ataques do governo de Temer e da direita golpista vêm fazendo os trabalhadores se levantarem de norte a sul do país. As reformas trabalhista e da previdência significam morrer antes de aposentar e trabalhar a vida toda sem direitos. Um plano agressivo para fazer os trabalhadores e a maioria do povo pagarem pela crise capitalista, aumentando os lucros dos grandes empresários.

O clima do encontro foi marcado pela maior greve da educação em Minas Gerais nos últimos anos, expressão da entrada em cena dos trabalhadores com a paralisação nacional do 15 de Março, como expressou Flavia Valle ao ressaltar a militância de base dos professores nessa greve e as diversas iniciativas por fora das direções tradicionais em dialogar com a população, como as aulas públicas realizadas em Contagem. Porém, essa disposição de luta ainda tem que enfrentar os obstáculos criados pelas grandes centrais sindicais burocráticas que deram uma trégua para o governo golpista marcando uma paralisação nacional para o dia 28 de Abril, que levou inclusive ao desmonte da maior greve da educação no estado.

A política das centrais sindicais de tentar conter a luta de classes contrastou com a força que também se expressou em São Paulo, com a cidade parada no dia 15 de Março e o grande apoio popular nas ruas às paralisações dos trabalhadores. Bruno Gilga trouxe o exemplo da APEOESP, o forte sindicato dos professores do Estado de São Paulo dirigido pela CUT, cuja direção votou contra e impediu a greve dos professores, traindo a greve nacional da educação contra as reformas de Temer. Em contraposição a essa contenção, a que muitas vezes a esquerda tradicional se subordina, foi colocado o exemplo da esquerda argentina, que fez a diferença na paralisação nacional do último dia 6 de Abril no país, rompendo a rotina das grandes centrais com o protagonismo dos trabalhadores organizados ao redor da FIT (Frente de Esquerda dos Trabalhadores) e do PTS, organização-irmã do MRT.

A juventude, que teve peso na atividade com estudantes da UFMG e muitos estudantes secundaristas de várias escolas de Contagem, BH e região metropolitana, mostrou como a entrada em cena dos trabalhadores fortalece a juventude que já vinha lutando contra medidas como a PEC 55 e a Reforma do Ensino Médio, como na grande onda de ocupações pelo país. É necessário aprofundar a aliança da juventude com os trabalhadores, para que junto possam ter a força para realmente derrotar o governo golpista. Pammella apontou como na UFMG os estudantes também querem se organizar, mas o DCE dirigido pelo PT e pelo Levante Popular da Juventude também vem cumprindo papel de frear a organização desde a base dos estudantes.

No encontro foi ressaltado o fato de as mulheres estarem na linha de frente da greve da educação em Minas Gerais e na luta contra o governo golpista. O golpe e as reformas também são um ataque frontal aos direitos das mulheres, que são as que mais sofrem com a precarização do trabalho e com o desemprego, em um país que também é recordista em agressões e assassinatos de mulheres. Tassia chamou todos a lutarem para que as mulheres e homens da classe trabalhadora tomem em suas mãos as demandas das mulheres e de todos os oprimidos, como os negros e LGBT, e que se fortaleça essa forte aliança na luta contra o capitalismo. Por fim, chamou as mulheres a se organizarem no Pão e Rosas e a serem a linha de frente da paralisação do dia 28 de Abril.

Professoras presentes expressaram o repúdio às manifestações da direita reacionária como as de Trump, Le Pen e Bolsonaro e o repúdio a Fernando Holliday e sua defesa de projetos de censura e perseguição de professores nas escolas; também foi rechaçada a manipulação da grande mídia pelos interesses golpistas. Para combater essa direita reacionária é preciso superar as velhas direções reformistas como as que estão hoje na CUT e seguem apostando em saídas por dentro desse regime carcomido pela corrupção, como as que apontam para a eleição de Lula em 2018 em base aos desvios e contenção das lutas da classe trabalhadora.

Já apontando para as resoluções do encontro, foi debatido quais passos dar para exigir das grandes centrais que rompam a trégua de um mês dada aos golpistas e que preparem um verdadeiro plano de lutas para uma greve geral efetiva no país, organizada por comitês massivos de trabalhadores junto com a juventude e a população a partir das escolas e locais de trabalho. “Nós vamos batalhar para fazer comitês assim nas escolas onde estamos como a Escola Estadual Helena Guerra, que já mostrou o papel de grande protagonismo na greve da educação na cidade com os chamados das aulas públicas que já reuniram centenas de pessoas em praças e nas escolas junto aos professores em greve; e também em faculdades que vêm construindo uma nova militância estudantil, como no curso da Biologia da UFMG. A burocracia sindical vai ter que engolir que as vozes anticapitalistas se expressem na força da juventude e dos trabalhadores, apesar da traição que preparam para uma saída dos trabalhadores frente à crise ”, afirmou Flavia Valle.

Ao final foi feito um chamado para cada um que concorde com as ideias debatidas tome pra si não só a preparação do dia 28, mas também a construção das agrupações ao lado dos trabalhadores do Nossa Classe, da juventude Faísca, do grupo de mulheres Pão e Rosas, e que ao avançar em acordos na teoria e na prática possamos dividir também as fileiras no MRT. Também foi feito um chamado a que o Esquerda Diário seja tomado por todos como uma ferramenta de luta contra as reformas de Temer e de denúncias e organização em cada local de trabalho e estudo.

Veja a seguir as resoluções votadas ao fim do encontro:

1) Exigir das grandes centrais e sindicatos a construção de comitês massivos de luta contra as reformas, construídos pela base para preparar uma greve geral efetiva para romper a trégua ao governo golpista.
2) Participar das reuniões das centrais e dos sindicatos de preparação do dia 28 para também lá fazer essa exigência.
3) Fazer uma ação contra o corte de ponto dos trabalhadores da educação de Contagem (mais uma medida da direita, dos golpistas e do STF), que covardemente terão o salário referente aos 16 dias de greve cortado pela prefeitura do PSDB da cidade.
4) Panfletagens do Pão e Rosas, Faísca e Nossa Classe em locais de trabalho e estudo, começando pela siderúrgica Vallourec.
5) Realizar novo encontro do MRT junto à agrupação de trabalhadores Nossa Classe, o grupo de mulheres Pão e Rosas e a Juventude Faísca, após dia 28 de abril para balanço da paralisação e avaliação dos próximos passos da luta contra os ataques do governo golpista.




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