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PRIVATIZAÇÃO DOS CORREIOS | Empresa que planeja privatização dos Correios é suspeita por superfaturamento de contrato milionário

Apuração interna dos Correios aponta que a empresa de consultoria Accenture já deu prejuízos de R$10,9 e R$36 milhões à empresa por superfaturamento de contrato. A consultoria é responsável por elaborar um plano para a privatização dos Correios.

quinta-feira 3 de dezembro de 2020 | Edição do dia

A empresa de consultoria, escolhida através de licitação pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em agosto de 2020 para realizar uma pesquisa sobre a concessão dos serviços postais à iniciativa privada, é alvo da apuração interna dos Correios sobre superfaturamento de contrato, que aponta R$10,9 milhões em 2017, além de uma investigação já aberta pelo MPF de um superfaturamento anterior de R$36 milhões.

A licitação aberta pelo BNDES em agosto foi vencida por todo o grupo do qual a Accenture faz parte, o consórcio Postar, que inclui o escritório Machado, Meyer, Sendacz, Opice e Falcão Advogados. O banco pretende pagar R$7,89 milhões para a consultora da privatização dos Correios.

O contrato superfaturado foi fechado entre a Accenture e a CorreiosPar, subsidiária que é um braço de investimentos da própria Correios e que foi extinta em 2019. O valor inicial do contrato era de R$11,1 milhões e saltou para R$44,4 milhões depois de assinado. Essa contratação foi feita sem licitação e teve como justificativa que ela realizaria apenas uma assessoria para negociação de ativos das Correios e busca por novas parcerias.

Esse salto no valor do contrato, no caso, foi feito totalmente “sem justificativa”, segundo relatório sigiloso da corregedoria, além de que a apuração também identificou que diversas partes do contrato não foram cumpridas e que as parcerias propostas nunca saíram do papel. "A quadruplicação indevida do valor global na contratação da Accenture gerou prejuízo aos cofres do Grupo Correios no valor de R$ 10.966.164,83", diz relatório do dia 6 deste mês. Mas documentos internos, no entanto, mostram que as irregularidades eram conhecidas desde o fim do ano passado, segundo o Estadão.

E a conclusão proposta pela corregedoria é de que essa alteração no contrato partiu da própria cúpula que comandava a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) na época: o ex-deputado Guilherme Campos (PSD), que foi indicado pelo então ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD) e deixou a estatal em 2018.

A privatização dos Correios, atualmente presidido pelo general Floriano Peixoto, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, é uma promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro, que serve para levar adiante o projeto que o golpe institucional de 2016 veio para efetivar. Isso pode ser comprovado não somente por Guedes ter anunciado a privatização dos Correios e da Eletrobrás para o final de 2021, mas também pelo ataque aos direitos dos trabalhadores que o próprio Judiciário, na instituições do STF e TST, um dos principais agentes do golpe, em 2016.

Floriano Peixoto, Bolsonaro e o Judiciário são a continuação desse projeto que serve para salvar os empresários da crise e entregar serviços essenciais para a população para empresas estrangeiras. Na verdade, enquanto os direitos mais essenciais dos trabalhadores são retirados, como o tempo de amamentação, a ECT prevê lucro superior a 1 bilhão de reais e bate recorde de entregas na BlackFriday às custas da sobrecarga e precarização do trabalho.

Veja mais: Correios tem previsão de lucro bilionário para 2020: a quem interessa a privatização da empresa?




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