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CAMPANHA SALARIAL METROVIÁRIOS | Em votação apertada, ’Fora todos’ é aprovado no seminário dos metroviários

domingo 10 de abril de 2016 | Edição do dia

Sabado (09/04) foi realizado o Seminário da Campanha Salarial dos Metroviários de SP, na quadra do sindicato. Por 41 votos, contra 36 e 4 abstenções, venceu a proposta apresentada pela maioria da Diretoria do Sindicato (PSTU/ Unidos para Lutar) "Fora Todos Eles/Impeachment não é solução/ contra os ataques dos governos aos trabalhadores/por uma alternativa dos trabalhadores", diante da outra proposta da minoria da Diretoria (Coletivo Chega de Sufoco/NOS- Nova organização Socialista, a qual Pasin, Presidente da Fenametro, integra) "Contra o Impeachment orquestrado pela Direita reacionária/ Contra o ajuste fiscal e as contrarreformas do Governo Dilma/ Em defesa das liberdades democráticas, a saída é pela Esquerda!".

Vale destacar o papel lamentável do PC do B/CTB, que mobilizou apenas 5 militantes só para defender o governo Dilma, reproduzindo o que fizeram nos últimos atos governistas, sequestram a bandeira da luta contra a direita, apoiando-se no progressismo de diversos setores de jovens e trabalhadores. Está mais do que evidente que a CTB e a CUT não querem mobilizar os trabalhadores numa luta para barrar o impeachment, mas sim costurar por cima acordos para defender um novo governo com Lula ministro que ira propor novos ajustes e tentar reestabelecer as alianças com os partidos da direita tradicional da atual e antiga base do governo (PMDB, PP, PSD, etc).

"Ser contra o impeachment e a direita, é defender o governo do PT!" Esse foi o principal argumento utilizado, principalmente por correntes como o PSTU e os poucos militantes do MES (corrente interna do PSOL da ex candidata a presidente Luciana Genro) e da CST (também corrente interna do PSOL), que apoiaram a proposta defendida pela maioria da Diretoria, para atacar as posições do MRT e do Coletivo Chega de Sufoco. Já na apresentação da posição do MRT, Guarnieri cipista da Linha 1 azul do Metrô, desmascarou esse falso argumento:

"Concordamos com a posição da minoria da diretoria do Sindicato e defendemos a necessidade de um plano de luta contra o impeachment e os ataques do governo do PT... A responsabilidade da crise nacional que vivemos hoje é do PT, que durante os últimos anos fortaleceu uma direita reacionária que hoje sai as ruas para defender o impeachment, compartilhada também pelas Centrais Sindicais como a CUT e a CTB, que durante esses mesmos anos freiou a mobilização e ajudou o governo do PT a aplicar inumeros ataques aos direitos conquistados pela classe trabalhadora...Altino (Presidente do Sindicato dos Metroviários), diz que se estivessemos a beira de um golpe Militar saíriamos as ruas para defender o governo, mas dizemos que não, pois nossa defesa não é do governo Dilma hoje, e nem dessa democracia dos ricos que vivemos como defendem setores do MTST e de grupos que compõe os Atos da frente Povo sem Medo, saíriamos as ruas pelos direitos dos trabalhadores historicamente conquistados a partir de suas lutas. Dizem estar surpreendidos com a posição do MRT, não posso dizer o mesmo dos companheiros que assim como no Brasil, defenderam a mesma política no Egito onde hoje vigora um Ditadura Militar, na Libia com as tropas imperialistas da OTAN e na Venezuela se adaptando a oposição da direita".

Marilia, metroviária demitida política da greve de 2014, também reforçou essa posição:

"Os companheiros veem o mundo em preto e branco e dizem que quem é contra o Impeachment é a favor desse governo. Nós somos a favor de derrubar o governo do PT. A questão é quem derruba esse governo? Essa é uma questão que não importa para os companheiros que estão defendendo o "Fora Todos". Se forem lá na Paulista está colado no acampamento da FIESP os cartazes com a política do PSTU, agora eu quero ver se o PSTU já tentou ir lá na Paulista com a sua bandeira do PSTU para ver o que acontece... Está muito claro o setor que esta dirigindo o movimento pelo Impeachment, que os companheiros acham que é progressivo."

No plenário, Adriano diretor de base do Sindicato dos Trabalhadores da USP, apresentou a posição aprovada em assembleia do SINTUSP sobre a crise nacional:

“As posições debatidas no seminário também discutimos bastante em assembleia dos trabalhadores da USP, onde foi aprovado uma politica clara de exigir um plano de luta contra o impeachment e contra os ataques do governo do PT e por uma mobilização independente dos trabalhadores do governo e da oposição de direita”.

Outros temas debatidos foram as saídas colocadas para a crise nacional. Enquanto os governistas da CTB resumem toda a política na defesa incondicional do Governo do PT e de Dilma. Os setores que defendem o Fora Todos, acreditam que hoje é possivel além de Dilma cair toda a direita, como Cunha, Temer, Aécio, Marina Silva. Guarnieri, analisou as saídas propostas pela burguesia e problematizou o equivoco da política da maioria da diretoria:

"Existem 3 saídas que nossos inimigos propõem para resolver a crise que está em curso. A primeira é pela via do impeachment, através dos setores da direita, que tramita no Congresso e no processo do TSE. O impeachment é em si um mecanismo reacionário, pois retira o poder de decisão da população e o transfere para 500 políticos no parlamento. A segunda saída é através da Operação Lava Jato, encabeçada pelo Juiz Sérgio Moro, que fortalece instituições reacionárias como o Judiciário e a PF, e coloca o poder nas mãos de 1 juiz, não eleito pelo povo, que almoçou uma hora antes com José Serra antes de dar o despacho que suspendia a nomeação de Lula como ministro. E a terceira saída, pelo PT através de construir um novo governo com Lula ministro, tentando reconstruir a governabilidade para propor novos tipos de ajustes a classe trabalhadora... Diante disso, nossa diferença com os companheiros do PSTU não se dá em torno de lutar contra os ataques do PT, mas sim de como é um grave erro não ter um posicionamento claro contra o Impeachment, como se expressou no pequeno Ato impulsionado pelo Espaço Unidade de Ação no dia 01/04."

Já Marilia, aprofundou ainda mais o equivoco da política de "Fora Todos" que para alguns setores como o PSTU e o MES/PSOL se materializa em novas Eleições Gerais:

"O Fora todos hoje é sim jogar areia no caminhão do Impeachment ou alguém acha que o Alckmin vai sair junto com a Dilma? Nós temos acordo em lutar contra os ataques do governo. A questão é a seguinte: A política antes do Impeachment não era a greve geral? Se era essa a política, por que os companheiros do PSTU não tentaram se quer fazer uma greve na GM contra as demissões? E agora, greve geral para eleições gerais? Vou dar um recado para vocês não é necessário fazer uma greve geral para defender eleições gerais. Basta esperar a proposta de Marina Silva no TSE, ou a de Renan Calheiros."

Guarnieri e Marilia, ainda apresentaram a proposta do MRT que foi a única corrente a exigir no seminário um plano de luta nacional as centrais sindicais, e a partir da mobilização construir uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana:

"O que está para nós colocado é unificar a classe trabalhadora através de um programa que responda de fundo o problema da crise nacional...Se tivesse de fato os trabalhadores nas ruas, Fora Todos e Eleições gerais não seria uma resposta.E não é serio pensar em um greve geral hoje sem ter uma exigência concreta para que as centrais sindicais como a CUT e a CTB, rompam sua subordinação com o governo e passem a levar a frente um plano de luta nacional contra o Impeachment e os ataques do Governo do PT. A única saída para os trabalhadores é a partir da mobilização construir uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que faça os trabalhadores emergirem com uma política independente para dar uma resposta a crise que esta colocada!", disse Guarnieri

"Diferente do que parte da esquerda que reivindica a constituição de 1988, que na verdade foi tutelada pelos militares. O que a gente defende é uma constituinte para acabar com os privilégios dos políticos, para acabar com o privilégio dos juízes, para poder ter júri popular, para que todo político tenha o salário de uma professora, para que tenha revogabilidade nos mandatos.", disse Marilia.

No fechamento, Guarnieri ainda expos o posicionamento das duas principais organizações políticas que compõe a FIT (Frente de Esquerda dos Trabalhadores na Argentina), diante da situação política brasileira:

"Se hoje temos um exemplo do que é um campo de independência política dos trabalhadores, temos que partir da referência internacional que é a FIT na Argentina. Lá os trabalhadores diante o Kirchnerismo e o governo Macri, tem uma alternativa, que não se baseia apenas numa frente parlamentar mas esta também lado a lado a luta cotidiana dos trabalhadores e obteve nas ultimas eleições uma votação histórica, a maior da esquerda argentina nos últimos anos. Não podemos dizer que lá se discute o mal menor, e não é a toa que aqui no Brasil as principais organizações que compõe a FIT também se posicionaram contra o Impeachment e os ataques do governo do PT."

No encaminhamento da votação, o MRT ainda propôs que a votação dos pontos fosse dividida em 3 (1- a favor ou contra o impeachment; 2- a favor ou contra os ataques do governo do PT; 3- a saída para a crise), já que se afirmava que não havia discordância em relação a ser favor ou contra o impeachment por parte da maioria da Diretoria. Entretanto, não foi aceita em votação pelos setores da maioria essa proposta, mostrando que de fato não se tratava de uma falsa polêmica.

Todas as correntes que apoiaram ou defenderam a proposta da maioria da Diretoria do Sindicato, foram as mesmas que compuseram o Ato do dia 01/04 o Espaço Unidade de Ação, onde se demonstrou a fraqueza da política do “Fora Todos” que foi incapaz de atrair setores de massa para as suas manifestações. Isso também acontecerá na categoria, pois apesar de ter passado a proposta na votação, foi através de uma margem muito apertada, e está distante de expressar a realidade da categoria. Os metroviários do MRT, continuarão dando a batalha para colocar de pé a exigência de um plano de luta nacional contra o impeachment e os ataques do governo do PT, fazendo o debate na base e seguindo com o abaixo assinado que já possui centenas de assinaturas para essa política em diversos locais de trabalho.




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