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MEIO AMBIENTE | Em vídeo, irmão de brigadista de ONG preso acusado de incêndio, denúncia ação da polícia

Em vídeo gravado por irmão de um dos quatro brigadistas de ONG que combate o incêndio nas florestas de Alter do Chão no Pará, denúncia ação da polícia e diz que militantes são vítimas e que "o que aparece na mídia não é verdade". Eles estão sendo privados de defesa e informação.

quarta-feira 27 de novembro de 2019 | Edição do dia

Nesta última terça (26), quatro brigadistas de Alter do Chão, em Santarém no Pará, foram presos pela Polícia Civil sob a acusação de terem ateado fogo na floresta para produzir vídeos e vender para ONGs e conseguirem patrocínio internacional. A polícia prendeu os brigadistas sem terem provas e nem sequer uma ordem judicial.

Nesta quarta (27), o irmão de um dos brigadistas presos gravou um vídeo denunciando a ação da polícia e dizendo que os militantes presos estão sem acesso à informação e privados de defesa.

“Faço este vídeo apelando porque o que aparece na mídia não é a verdade. Estão colocando estes quatro meninos como criminosos, eles são vítimas de alguma coisa que agente não sabe direito o que acontece, mas a gente precisa de ajuda. Estes quatro meninos arriscavam a vida combatendo o fogo na Amazônia, defendendo a floresta, e agora eles precisam de nossa ajuda para que essas informações sejam dadas de forma verdadeira”, diz o jovem.

“Ajude a mostrar às pessoas que esta história tem um outro lado e que a gente tenha a divulgação real do que está acontecendo. Até o momento a gente não sabe nem do que eles estão sendo acusados. Eles estão sendo privados de informação , privados de defesa”, ressalta.

Veja o vídeo abaixo:

Ambientalistas e indígenas da região saíram em defesa dos brigadistas e em repúdio à ação da polícia. A ONG Saúde e Alegria afirma não saber qual é a acusação contra ela."Eu queria deixar claro que a gente desconhece, não sabemos até agora porque a gente está sendo acusado. Porque foram no nosso escritório sem decisão judicial, com um mandato genérico para apreender tudo. Do que que a gente está sendo acusado?", desabafou.

Em nota oficial, a polícia civil do Pará afirma que os brigadistas teriam colocado fogo na floresta para produzir vídeos e vender para ONGs, como a WWF-Brasil. A polícia afirma que a instituição comprou as imagens para conseguir patrocínio internacional para combater os incêndios.

Essa narrativa muito se assemelha ao discurso de Bolsonaro e de sua base governamental mais ferranha, que durante as escandalosas queimadas na Amazônia, que tiveram expressão internacional, com atos protagonizados por ONGs e ativistas ambientais, bem como uma massiva população jovem, afirmou queos incêndios teriam sido provocados por "ONGs para atacar seu governo".

Sob o governo Bolsonaro vemos uma inversão do discurso de proteção ambiental. Seu ministro do Meio Ambiente advoga em primeiro lugar em nome do interesse do agronegócio, sempre colocando como antagônico o desenvolvimento econômico, a preservação ambiental e a garantia das terras dos povos originários. A perseguição e criminalização das ONGs é mais um fato dessa inversão de discurso, cujo verdadeiro intuito é a devastação ambiental em nome do máximo lucro para o agronegócio.

Repudiamos a ação da polícia e exigimos que os brigadistas tenham direitos à defesa jurídica contra as acusações que estão sofrendo.




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