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REITORIA DA USP MANTÉM INTRANSIGÊNCIA | Em nova audiência na justiça, USP mantém a proposta de cortar ilegalmente salários

quarta-feira 13 de julho de 2016 | Edição do dia

Na primeira audiência, desembargador desdenhou proposta da USP de pagar dez dias mediante reposição de horas

Hoje ocorreu uma nova audiência de conciliação na justiça entre os trabalhadores da USP em greve e a reitoria da universidade. Na primeira audiência a USP havia proposto que os trabalhadores recebessem dez dias dos salários cortados mediante reposição, e negou categoricamente qualquer outra reivindicação dos trabalhadores, que têm uma pauta que vai desde as questões salariais, passando pela manutenção da sede de seu sindicato que a reitoria quer tomar, e incluindo questões como a manutenção das creches, a não desvinculação dos hospitais universitários, a contratação de funcionários e a implementação de cotas raciais na USP.

Alguns trabalhadores da USP chegaram a ter dois meses de seus salários confiscados pela reitoria, num claro ataque ao direito de greve. A orientação partiu do reitor Marco Antônio Zago, que disse aos diretores de unidade que fizessem o desconto. Contudo, esse não foi implementado em todas as unidades da universidade, mas principalmente naquelas dirigidas por aliados próximos de Zago, como o Serviço de Assistência Social, que têm sob sua responsabilidade os “bandejões” (restaurantes universitários), cujos funcionários tiveram os dois meses integralmente roubados de seus salários em muitos casos.

Na ocasião da primeira audiência o próprio desembargador Wilson Fernandes, vice-presidente judicial do Tribunal Regional do Trabalho, que conduziu a audiência, declarou à imprensa: "A universidade não fez nenhuma proposta sobre nenhum dos itens reivindicados. A única proposta foi a de que os trabalhadores compensem dez dias e eles [a universidade] descontam o restante. É terrível, é inviável e previsível que os trabalhadores não aceitassem isso".

A segunda audiência manteve a proposta de corte dos salários, reduzindo para 50% mediante reposição de horas

Na audiência de hoje, a USP fez uma nova proposta, igualmente ilegal e atentatória contra o direito de greve: que os trabalhadores recebessem 50% dos salários confiscados mediante a compensação das horas paralisadas. A greve já chegou a 62 dias, o que significa que diversos trabalhadores perderiam mais de um mês de salário, além de passarem meses fazendo horas extras para poderem compensar os dias de greve. Como se não bastasse, ainda condicionou esse acordo ao retorno imediato ao trabalho e que o sindicato desistisse da ação judicial contra esse corte ilegal. Os trabalhadores rechaçaram prontamente essa proposta absurda, e por sua parte fizeram a proposta que tradicionalmente é acordada por eles: que os dias de greve sejam pagos integralmente e que eles reponham todo o trabalho acumulado (e não as horas paralisadas, como propõe a reitoria). A reitoria rejeitou essa proposta. O fato de que o corte de salário não foi implementado em todas as unidades foi denunciado pelos trabalhadores como uma evidência de que a reitoria está tomando medidas para dividir os trabalhadores e punir os grevistas.

Ao fim da audiência, o desembargador reconheceu que o fato de existir uma greve acarreta prejuízos à empresa em qualquer lugar, e que sem isso não poderia se considerar uma greve, já que é por meio desse mecanismo de pressão que os trabalhadores atingem suas demandas. O advogado do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Alceu Luis Carreira, avaliou que a sentença sobre o pagamento ou não dos salários deve sair até sexta-feira. Paralelamente, corre o julgamento do mérito do processo como um todo, que inclui as demais reivindicações da pauta dos trabalhadores.

Trabalhadores aprovam continuidade da greve e avaliam próximos passos

A assembleia realizada hoje pelos trabalhadores da USP deliberou pela continuidade da greve com a pauta principal de pagamento dos salários confiscados e em defesa do direito de greve. Também foi feito um debate de avaliação sobreos novos ataques aprovados pelo Conselho Universitário ontem em que se previu que tais medidas são um prenúncio dos próximos passos pretendidos pela reitoria no segundo semestre. Assim, os trabalhadores consideraram fundamental se manter em alerta para mobilizar contra novos ataques, como a implementação do PIDV (Plano de Incentivo à Demissão Voluntária) aprovado ontem. Também foram feitos alertas sobre os novos ataques planejados pelo governo golpista de Temer, contra os quais os trabalhadores precisam se organizar.

Os trabalhadores realizarão uma nova assembleia na sexta-feira para avaliar o possível resultado do julgamento. Na quinta-feira, 14, ocorre um ato unificado com Unesp e Unicamp durante reunião em que o reitor da Unesp receberá representantes das categorias de professores, estudantes e funcionários das três universidades.




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