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Os novos bafafás da mídia capitalista sobre a família real britânica relembram a tarefa que as revoluções burguesas não concluíram e que cabe às novas gerações de trabalhadores: a extinção de todas as monarquias.

quarta-feira 10 de março de 2021 | Edição do dia

Foto original: Parstoday

Domingo, foi ao ar a entrevista da apresentadora Oprah Winfrey com o príncipe Harry, “Duque de Sussex”, e a duquesa, a atriz norte-americana Meghan Markle. O novo episódio dos dramas palacianos viraram o bafafá do início da semana na imprensa britânica e em grande parte dos tabloides internacionais de fofocas de luxo.

Na entrevista, Meghan e Harry, os nobres liberais, revelam casos de racismo dentro do palácio contra o bebê deles, enquanto ela estava grávida, e acusam a família real e a burocracia que a serve de uma perseguição e desdém impetuosos. Por outro lado, o Palácio acusa Meghan de assédio moral contra seus funcionários e a imprensa britânica levanta todos os podres do casal, e afirma que é uma jogada de marketing para o mercado estadunidense e que já há contratos com Netflix e Spotify.

Mas, assim como escorre sangue operário e jornalista dos brincos da Duquesa de Sussex, presenteados pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, também escorrem rios de sangue negro dos diamantes da coroa e dos corredores infinitos do cofre do Banco da Inglaterra.

E onde ficam os reles mortais, isentos de direito divino e de grandes riquezas herdadas, nessa história? No mesmo lugar de sempre: nos locais de trabalho, sob jornadas extenuantes e cada vez novos mecanismos de exploração; no desemprego; na escravidão do trabalho doméstico; nas ruas e periferias sendo atingidos pelas balas da polícia. A casta parasitária e putrefata das nobrezas é mantida em cima dos séculos acumulados de exploração nacional e imperialista.

Essa classe medieval, que hoje vive do rentismo sobre propriedades e como penduricalho de enfeite do Estado, não tendo sido destruída nas revoluções burguesas quando os capitalistas tomaram o poder político, foi preservada pela própria burguesia contra a classe trabalhadora, a única classe que tem o potencial de jogar a nobreza e os capitalistas na lata de lixo. Em 1917, com a Revolução Russa que derrubou o czar Nicolau II durante a primeira guerra pelo domínio imperialista mundial, Jorge V (seu primo) da casa britânica de Saxe-Cobugo-Gota, abdicou do sobrenome e fundou a atual casa de Windsor, fugindo da associação com os germânicos e temendo pelo crescente sentimento anti-monárquico que a vitória da revolução no oriente semeava. Seu outro primo, Guilherme II da Alemanha, teve que abdicar em 1918 diante da derrota militar e do levante operário que se seguiu.

Como faz a juventude que declara guerra à monarquia espanhola decrépita dos Bourbon, que em meio à pandemia se vê envolta em escândalos de corrupção e perseguindo a oposição política com o respaldo do governo e do judiciário burguês, preparemos nossa classe arduamente para que, nos vindouros confrontos da luta de classes internacional no século XXI, monarquia e burguesia se tornem temas apenas das páginas de história, como bem fizeram os bolcheviques na Rússia em 1917.

Enquanto os jornalecos e programas burgueses lucram fofocando qual abastado brigou com quem, pouco se fala da mamata estrutural que as monarquias recebem. Questionar o direito de propriedade de uma classe de parasitas é muito arriscado para a outra classe de parasitas que de fato comandam o mundo hoje. A juventude, as trabalhadoras e trabalhadores, os pobres e imigrantes, todos os explorados e oprimidos que estão sofrendo diretamente com a brutal crise capitalista e com a incapacidade dos de cima para dar uma solução ao vírus: é a esses que o futuro da humanidade pertence. Primeiro, porém, precisamos arrancá-lo das mãos carcomidas das classes possuidoras e espremer os carrapatos, antes que seja tarde demais.

“Cavalheiros, a vida é muito curta…
Se nós vivemos,
vivemos para andar sobre a cabeça dos reis”

Shakespeare, em Henrique IV.




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