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CIPA E CONJUNTURA | Em entrevista, metroviário comenta o papel da segurança do trabalho na nova conjuntura nacional

terça-feira 13 de outubro de 2015 | 01:21

Na próxima semana, dia 19/10, iniciam-se os processos para eleger os novos membros da bancada de trabalhadores na CIPA do Metrô de São Paulo. Nesta semana iniciaram-se a campanha de diversos trabalhadores que irão participar do processo de eleição e muitos debates surgem para buscar eleger os candidatos que melhor representarão os trabalhadores no próximo ano.

Conversamos com Felipe Guarnieri, candidato pela agrupação Metroviários pela Base na categoria, também militante do MRT, membro da última bancada da CIPA Linha 1 Azul do Metrô que concorre a reeleição.

Perante a situação do país, como você vê o papel da CIPA na nova conjuntura nacional de cortes e ajustes do governo?

A CIPA por se tratar de um organismo paritário, onde a empresa tem poder de veto nas decisões em todas as reuniões, ela tem um papel limitado pros trabalhadores conseguirem aumentar suas conquistas e seus direitos a partir dela. Portanto é tarefa de todo cipista denunciar e organizar na sua base a luta e mobilização por melhores condições de trabalho, sejam elas quais forem, das mais específicas e imediatas, como hoje o problema que tem da falta de água em várias estações do Metrô, no calor com a falta de ventiladores, as condições das salas internas pros funcionários, enfim, todas estas questões específicas e imediatas relacionadas às condições de trabalho é dever do cipista denunciar pra empresa, cobrar melhorias e pressionar através da organização de base a ampliação dos direitos da categoria. Porém esta atuação hoje diante da conjuntura nacional que passamos no país, de crise do governo do PT, ajustes, e em particular em São Paulo com o plano político de Alckmin de privatização do Metrô, esta própria atuação do cipista é insuficiente se ela não se coloca numa perspectiva de mobilização e de luta, e que coloque como centro hoje lutar contra estes ajustes e ataques. A defesa dos direitos dos metroviários, a defesa das conquistas e a luta por melhores condições de saúde e segurança dos metroviários passa pela perspectiva de nós organizarmos os trabalhadores hoje numa via independente, antiburocrática, contra os ajustes e cortes do governo.

Qual acha que deve ser a política da CIPA para os trabalhadores terceirizados do Metrô no próximo período?

No meu mandato anterior, junto ao mandato do França no Pátio de Manutenção do Jabaquara, nós demos bastante peso para retomarmos dentro da CIPA subcomissões que dessem mais centralidade em acompanhar as condições de trabalho dos terceirizados do Metrô. Nós sabemos que parte da política mais ampla do governo de privatizar e terceirizar é poder dividir os trabalhadores tentando diminuir suas forças através da terceirização, que rebaixa conquistas, diminui os direitos trabalhistas, diminui o salário, e coloca condições de trabalho diferentes para os efetivos e terceirizados. Sabendo da necessidade de unificar os trabalhadores efetivos e terceirizados, nós retomamos o papel destas subcomissões da CIPA, e acreditamos que nesta próxima eleição nós temos que aprofundar ainda mais a defesa dos trabalhadores terceirizados do Metrô, aumentar as denúncias, principalmente na Linha 1 Azul, em relação à empresa Higilimp, onde no mandato da CIPA anterior fez uma ampla campanha na Linha 1 Azul em defesa das trabalhadoras da Higilimp que são humilhadas, desrespeitadas nos seus locais de trabalho com assédio moral, por falta de condições de saúde, que levaram inclusive a funcionária Regina a falecer numa das salas operacionais em pleno horário de trabalho na estação Santa Cruz, e achamos que tem que fortalecer esta unidade entre efetivos e terceirizados pois eles tem o direito de ter o mesmo salário, os mesmos direitos que o trabalhador efetivo sem precisar prestar concurso público porque eles todos os dias provam estar aptos para realizar o trabalho cotidiano que eles fazem, e fazem muito bem. O governo fala que o Metrô de São Paulo é um dos Metrôs mais limpos do mundo só que esconde que quem está por trás disso são os trabalhadores terceirizados, que ganham 700 reais por mês, não tem direito a vale alimentação, não é pago o vale transporte, e é por isso que dentro da perspectiva de lutar contra a privatização e terceirização nós vamos dar todas as nossas forças também defendendo os trabalhadores terceirizados, defendendo seus direitos e defendendo a nossa unidade de classe.

Como acha que deverá ser a atuação da bancada de trabalhadores no próximo período para enfrentar os cortes que estão por vir?

Está colocado o desafio pro Metroviários pela Base para a próxima bancada da CIPA renovar e fortalecer a bancada dos trabalhadores nas CIPAS da Linha 1 Azul, da Linha 3 Vermelha, da Linha 2 Verde, pra de fato incomodar hoje os planos da empresa que quer retirar os nossos direitos e atacar as nossas conquistas. Renovar pois nós não precisamos de cipistas como os antigos diretores do sindicato ligados à CTB, ligados à CUT, que hoje defendem o governo Dilma e tentam blindar este governo pros trabalhadores diante à crise e os ajustes, e não precisamos destes setores que forjaram uma tradição na categoria de fazer conchavos com a empresa, de fazer negociações de portas fechadas com a chefia, e não levando o enfrentamento necessário até o final pelos nossos direitos. Por outro lado também não precisamos de cipistas que sejam meramente "apêndices" do sindicato, "apêndices" de uma política que se resume em um "leva e trás" de informações na base, por fora de uma perspectiva de organização e mobilização na base, pois sabemos que não é apenas a atuação do cipista na bancada que vai transformar as coisas hoje como são, mas sim a partir da atuação e força dos trabalhadores através da mobilização e da luta que nós vamos conseguir avançar. Parte disso é voltar a evidenciar a defesa da luta pela readmissão dos nossos demitidos para que a categoria novamente se moralize e volte a protagonizar batalhas históricas como foi a greve de 2014, pra junto com a população também lutar por um Metrô sob controle dos trabalhadores, usuários, estatal, sem terceirização e sem privatização.




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