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DESEMPREGO | Em dois anos, setor automotivo corta 200 mil vagas

A crise econômica capitalista que levou à redução drástica nas vendas e na produção de veículos no Brasil provocou o desemprego, de 2014 até agora, de 31 mil vagas nas montadoras, onde normalmente os empregos são considerados de melhor qualidade.

terça-feira 13 de setembro de 2016 | Edição do dia

Na rasteira, foram demitidos mais de 50 mil trabalhadores nas autopeças e mais de 124 mil nas concessionárias, numa conta que supera 200 mil trabalhadores desempregados. Estes números vão seguir em alta, pois ainda há ajustes que vão ser feitos em algumas fábricas, como as de Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR), onde a Volkswagen deve seguir o mesmo procedimento realizado na unidade do ABC paulista, com abertura de programa de demissão voluntária (PDV), que atraiu pelo menos 1,2 mil funcionários nos últimos dias.

Na Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP), 1.047 trabalhadores se inscreveram em um PDV nas duas últimas semanas, após a montadora oferecer R$ 100 mil como incentivo, além dos direitos da rescisão. Apesar disso, a empresa não obteve as 1,4 mil adesões que esperava e, por isso, demitiu mais 370 funcionários. Alguns trabalhadores aderiram ao programa por não verem mais o futuro que esperavam no setor, até pouco tempo muito cobiçado. “O ambiente atual é de muita pressão”, diz Gustavo, funcionário da Mercedes há cinco anos que pediu para não ter o sobrenome divulgado, por questão de segurança.

Ele vai aproveitar o salário extra e a rescisão para quitar as prestações do apartamento em Santo André (SP), onde mora com a esposa, que trabalha numa administradora de condomínios, e a enteada, de 12 anos. Gustavo, de 39 anos, vai começar a distribuir currículos em indústrias, mas já dá “este fim de ano como perdido”. Se não conseguir emprego nessa área, pretende voltar a dar aulas de história, área em que é graduado.

A intenção do ex-metalúrgico é ir para o Canadá ou Austrália, mas ele se preocupa com a dívida que deixará no Brasil, de “muitas” prestações do imóvel adquirido em São Bernardo do Campo (SP) há poucos anos. A esposa e os três filhos de 17, 10 e 7 anos ficarão no País. Ela faz bicos como manicure e em confecção de roupas.

No fim de 2013, as montadoras do País empregavam 157 mil trabalhadores, número que, em agosto, era de 126 mil. Desse total, 2,5 mil estão em lay-off (com contratos suspensos por cinco meses) e 19,8 mil no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que reduz jornada e salários. A partir de 2014, quando a crise econômica e política se intensificaram, a produção nacional despencou de 3,7 milhões de veículos para as esperadas 2,3 milhões de unidades neste ano.

O mercado interno encolheu 1,7 milhão de veículos e caminha para chegar ao fim do ano com vendas de no máximo 2 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, retornando assim a volumes próximos aos de dez anos atrás. Voltar a vender anualmente mais de 3 milhões de unidades, como ocorreu de 2009 a 2014, deve levar no mínimo quatro anos, prevê Rodrigo Custódio, diretor da área automotiva da consultoria Roland Berger para a América do Sul.

Enquanto as montadoras alegam que estão demitindo por falta de dinheiro, os patrões escondem cinicamente que antes da crise enriqueceram com o suor dos trabalhadores. Apesar da crise econômica capitalista e crise política que o Brasil esta vivendo, sabemos que os patrões ainda continuam enriquecendo as custas do suor dos trabalhadores. Enquanto para muitos faltam feijão no prato, outros podem fazer viagens luxuosas.

O motivo da demissão generalizada nas montadoras de automóveis é porque os grandes empresários estão encontrando dificuldades com a crise econômica capitalista de aumentar a sua taxa de lucro. Para voltar enriquecer cada vez mais, os grandes capitalistas aumentam violentamente o numero do desemprego assim como já se articula pela retirada dos direitos trabalhistas e sociais.

O que o governo golpista de Michel Temer e os patrões querem é que a vida dos trabalhadores se deteriore cada vez mais. Para que uma meia dúzia de parasita continue lucrando com o trabalho alheio, eles precisam necessariamente aumentar a miséria entre os trabalhadores e os demais setores populares da sociedade.

É preciso impedir que cenário aumente cada vez mais. Para isso é necessário que a CUT e a CTB rompam com a sua paralisia e coloque em pé um plano de luta para poder reverter ás demissões e a reforma trabalhista. As Centrais Sindicais e diversos sindicatos dos metalúrgicos do Brasil inteiro estão chamando nesse dia 29 um dia de paralisação entre os trabalhadores. É preciso que esse dia seja o primeiro passo para derrotar o golpista Michel Temer e para isso é preciso organizar esta luta pela base, chamando assembleias de base e buscando unificar com outros trabalhadores e a população pobre que vai sofrer com estes ataques.




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