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GREVE DA USP | Em audiência de conciliação, USP propõe manter o corte de salários

A proposta que a Reitoria da USP fez em audiência de conciliação com os trabalhadores da universidade, em greve há 57 dias, foi uma verdadeira provocação: não ofereceram absolutamente nada em relação à pauta exigida, e ainda disseram que pretendiam manter o corte dos salários que fizeram de forma completamente ilegal. Mas, para supostamente mostrar sua “boa vontade”, ofereceram que os trabalhadores pudessem compensar dez dias de trabalho e recebessem dez dias de salário, dos sessenta que chegaram a ser roubados de centenas deles.

sexta-feira 8 de julho de 2016 | Edição do dia

O desembargador Wilson Fernandes, vice-presidente judicial do Tribunal Regional do Trabalho, que conduziu a audiência, declarou à imprensa: "A universidade não fez nenhuma proposta sobre nenhum dos itens reivindicados. A única proposta foi a de que os trabalhadores compensem dez dias e eles [a universidade] descontam o restante. É terrível, é inviável e previsível que os trabalhadores não aceitassem isso".

Uma nova audiência ficou marcada para terça-feira, dia 12. Nessa, se tratará apenas da questão do corte dos salários. O chefe de gabinete da reitoria, Thiago Rodrigues Liporaci, ainda fez questão de explicitar o cinismo da USP ao afirmar que a devolução dos salários roubados pela reitoria era tudo o que tinham “disposição” de negociar, e que a nova audiência permitiria que a reitoria “estude o impacto financeiro dessa medida” para avançar na proposta. É isso mesmo: a reitoria disse que vai estudar o impacto financeiro de pagar os salários que os trabalhadores recebem todo mês, e que ela ilegalmente confiscou como punição pela greve. E então irá “avançar na proposta” para ver se está disposta a pagar os salários ou não. Não é à toa que o próprio desembargador desdenhou da proposta da USP e deixou claro que os trabalhadores não deveriam aceitar.

Sobre o reajuste salarial demandado pelos trabalhadores, de 12,34%, Liporaci afirmou: “Nossa grande preocupação nesse momento é que em 2017 ou 2018, se as condições [financeiras] não melhorarem, nós teremos dificuldade até mesmo de pagar os salários em dia. É uma medida de precaução para todos os funcionários”

As pautas da greve estão muito além da questão salarial, e incluem a não desvinculação dos hospitais universitários da universidade e a contratação de mais funcionários para o atendimento à população, a manutenção das creches da universidade, a implementação de cotas raciais, a contratação de professores e a não mudança de seu regime de vinculação à universidade, e a manutenção da sede do sindicato que a reitoria quer, como fez com os salários, roubar.

Sobre todas essas demandas, o representante da reitoria disse que não iria negociar pois "não se restringem aos interesses dos servidores técnico-administrativos". De fato, os trabalhadores da USP estão fazendo uma greve que não se restringe aos seus interesses corporativos, mas que luta pela manutenção e ampliação do caráter público da universidade e para que esta esteja a serviço da população.

Especificamente sobre a questão da sede do sindicato, ele também se posicionou dizendo que a universidade precisa do espaço para atividades acadêmicas e de pesquisa, uma vez que prédios que estavam planejados para serem construídos para essas funções tiveram as obras paralisadas em função da crise financeira da instituição. "As entidades não têm direito a ter um pedaço de um imóvel público, ninguém tem direito a um pedaço da Cidade Universitária". É de uma hipocrisia escandalosa. A universidade gasta milhões em supersalários e alugava diversos prédios por toda a cidade, e agora diz que o despejo da sede que os trabalhadores ocupam há mais de cinquenta anos é para poder manter suas atividades acadêmicas.

Siga acompanhando no Esquerda Diário a continuidade da luta dos trabalhadores da USP.




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