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CORONAVÍRUS | Em Nova York dezenas são enterrados em valas comuns, escancarando a desigualdade social

Em mais uma demonstração da gritante desigualdade social no país mais rico do mundo, dezenas de vítimas do Covid-19 são enterradas em valas comuns, com caixões empilhados um sobre os outros, simplesmente por não possuírem as condições financeiras para pagar um enterro.

sexta-feira 10 de abril de 2020 | Edição do dia

Imagens aéreas divulgadas nessa sexta-feira, 10, pela agência de notícias Associated Press chocaram o mundo ao mostrar dezenas de caixões empilhados em uma longa vala comum, aberta por escavadeiras e manejada por coveiros em roupas especiais de proteção. Essas cenas assustadoras foram registradas em Nova Iorque, a maior cidade do país mais rico do planeta, demonstrando a extensão e a gravidade da pandemia de Covid-19.

Essas imagens também demonstram como são os mais pobres que arcam com os efeitos mais devastadores e mortais da pandemia, como já havia sido demonstrado antes através dos dados de diversas cidades americanas que apontam que negros e latinos são os que enfrentam as maiores taxas de infecção e morte em decorrência do coronavírus, inclusive em Nova Iorque.

Esses índices alarmantes são causados pela estrutura social profundamente desigual dos EUA, que apesar de ser a maior potência capitalista do mundo mantém boa parte de sua população sem condições de pagar a utilização do caríssimo sistema de saúde americano, que é inteiramente privatizado. Processo semelhante ocorre com o serviço funerário norte-americano, que também cobra altos valores pelo serviço de funeral e enterro, deixando muitas famílias de trabalhadores sem condições de enterrar seus mortos com dignidade devida.

Nesse ponto é que entram as macabras valas comuns citadas acima. Elas foram abertas na ilha Hart, no Bronx, uma região afastada das áreas nobres da cidade é ocupada majoritariamente por negros, onde já são enterrados habitualmente cerca de 25 pessoas por semana, seja porque não tiveram seus corpos reclamados por seus parentes, porque não teve dinheiro para os custos funerários ou por ambos os motivos É um local utilizado para esse fim desde o século XIX e estima-se que mais de um milhão de nova-iorquinos tenham sido sepultados lá.

Entretanto, a pandemia aprofundou ainda mais a desigualdade e situação de privação do povo pobre e agora dezenas de vítimas do Covid-19 são enterradas diariamente por não conseguir arcar com altos custos funerários. Segundo o New York Times, atualmente são enterradas cerca de 25 pessoas por dia no local, o que levou a administração do local a abrir mão das covas individuais e enterrar dezenas de pessoas pobres em valas que lembram as utilizadas em guerras ou genocídios.

A administração da ilha fica a cargo do departamento de prisões de Nova Iorque, que costuma utilizar detentos de prisões próximas para realizar o enterro e só teve essa tradição autoritária interrompida atualmente por conta de surtos de Covid-19 nas prisões que administram.

Situações assim demonstram, mais do que nunca, como mesmo no país mais poderoso e rico, o capitalismo é ineficiente e injusto. Também apontam como é necessário, para superar essa situação, uma resposta dos trabalhadores, os únicos que podem e devem organizar os esforços para o combate à pandemia no interesse de todos, e não de uma minoria que só pensa em manter seus lucros a qualquer custo




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