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METRÔ | Eleitos do Metroviários pela Base falam sobre as eleições da CIPA no Metrô

Do dia 19 à 27 deste mês, ocorreram as eleições para a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) para eleger a bancada de trabalhadores que representará a categoria no Metrô no próximo ano. A agrupação Metroviários pela Base (MPB) conseguiu uma ótima votação com a eleição de dois candidatos titulares (Felipe Guarnieri na Linha 1 Azul - segundo mandato - e Marcio Hasegava na Linha 2 Verde), e 5 suplentes (Sean e Daphnae na Linha 3 Vermelha, e Thiago Barba, Pedro Melo e Gabriela Farrabrás na Linha 1 Azul), e alguns dos candidatos eleitos responderam ao Esquerda Diário uma entrevista sobre as perspectivas para o trabalho como cipista.

sábado 31 de outubro de 2015 | 00:00

Resultado final e número de votos dos candidatos da Operação/Estação nas Linhas Azul, Vermelha e Verde para a CIPA-Metrô:

ESTAÇÃO/LINHA AZUL - 7 titulares + 4 suplentes: Adelson - 311 (T) / Granito - 275 (T) / Guarnieri - 251 (T) / Tolentino - 213 (T) / Borjão - 193 (T) / Pane - 187 (T) / Bossini - 175 (T) / Gabriela - 171 (S) / Pedro - 162 (S) / Elza - 158 (S) / Thiago Barba - 153 (S)

ESTAÇÃO/LINHA VERMELHA - 7 titulares + 3 suplentes: Godoi - 363 (T) / Iborra - 328 (T) / Vitão - 292 (T) / Urias - 241 (T) / Elaine - 229 (T) / Bras - 200 (T) / Odean - 181 (T) / Daphnae - 174 (S) / Sean - 162 (S) / A. Carlos - 152 (S)

ESTAÇÃO/LINHA VERDE - 5 titulares + 2 suplentes: Paulo - 244 (T) / Lelão - 195 (T) / Marcio Hasegava - 140 (T) / Fanti - 102 (T) / Bisulli - 98 (T) / Gabriel - 97 (S) / Luis - 80 (S)

1. Como você avalia o resultado das eleições da CIPA?

Guarnieri: As eleições da CIPA no Metrô se deram em meio a uma conjuntura de crise do governo do PT onde Dilma e Lula estão tentando blindar seus aliados em torno da governabilidade para impor ajustes a todos os trabalhadores, e em particular no Estado de São Paulo isso se influi com a política tucana do Alckmin e seu anuncio da política de privatização da Linha - 5 do Metrô, que é parte do projeto de privatização de todo o sistema metroviário, e que, se passar, vai só não afetar a qualidade dos serviços prestados à população mas também as condições de trabalho dos metroviários. E é em meio a esta conjuntura, junto a um clima de pouca mobilização que teve no pós-greve e com as demissões que perduram até hoje na categoria que a empresa no cotidiano vem tentando atacar conquistas e direitos dos trabalhadores relacionados a saúde e segurança, e por isso a gente levantou um programa nas nossas candidaturas do Metroviários pela Base, e vamos colocar nossas força para lutar pelas questões mais imediatas dos locais de trabalho (bebedouros, problemas como a falta de água, assédio moral das chefias, etc), mas tendo esta perspectiva, de que é necessário ter organização de base pra voltar a mobilizar a categoria contra os ataques do governo.

Marcio Hasegava: Eu vejo pontos positivos e alguns pontos negativos. O meu caso particular e de alguns colegas acho que ficou muito latente a renovação que a categoria quer ver em seus representantes. O MPB é um grupo com funcionários relativamente novos dentro da categoria, e eu acho que a eleição de cipistas e suplentes materializa esse desejo de renovação. Eu acho que tivemos uma votação maior do que a que esperávamos, o que mostra uma confiança na política como fonte da solução dos problemas, mesmo após o recuo na categoria desde a greve de 2014. Como pontos negativos, teve muitos chefes eleitos em algumas das bancadas, no caso supervisores de estação, que são tipos de cargos que cumprem um certo papel dentro dos ambientes de trabalho que talvez deveriam ser feitos por trabalhadores de base. Um outro ponto negativo é que pra mim, ainda que uma parte da categoria tenha buscado nestas eleições uma saída de esquerda votando no MPB, uma outra parcela da categoria deu uma guinada conservadora no caso, apelando para candidatos de uma política "mais velha", votando nos candidatos ligados à CTB, e eu acho que esse é outro ponto negativo pois a categoria está querendo apelar para soluções que já não deram certo.

Daphnae: Na linha vermelha os dois principais candidatos eleitos são supervisores e grande parte da bancada é da CTB, da antiga diretoria do Sindicato, uma central sindical que está apoiando os ataques que o governo federal está realizando contra os trabalhadores, como por exemplo o PPE. O que esses supervisores vão dizer, por exemplo, quando formos discutir a redução de quadro ou os remanejamentos que vem ocorrendo nas estações? Esses elementos colocam um cenário bastante complicado para uma atuação independente dos trabalhadores. Nós queremos ser parte de construir uma nova forma de representação, ligada ao trabalho de base nas estações, que seja contra esses ataques tanto do governo estadual como federal, e completamente independente da empresa.

2. Quais são as perspectivas para a bancada dos trabalhadores?

Guarnieri: Em particular no Metrô o que expressou o resultado da eleição da CIPA é hoje a crise que tem da diretoria do sindicato, que abre espaço para um fortalecimento dos setores da antiga diretoria (que hoje estão na oposição pela direita), que são setores da CUT e da CTB, as mesmas centrais sindicais hoje tentam blindar o governo Dilma e toda a sua política de ajuste, e que nessas eleições da CIPA voltaram com toda a força na Linha Vermelha, e na Linha Azul principalmente. Além disso, a gente também teve candidatura de supervisores da estação, que é um problema também em relação a levar em frente uma política de independência de classe. E o sindicato está sendo bastante questionado por conta da sua ausência do seu trabalho de base cotidiano. Se vê poucos diretores de bases nas áreas, nos locais de trabalho, e isso abre um fortalecimento de conclusões a direita do que da nossa greve, com poucas iniciativas de mobilização, abrindo espaço pra essas correntes governistas. Não a toa que o próprio PSTU, que é direção majoritária do sindicato, praticamente não teve nenhuma renovação na base nas eleições e principalmente na Linha Azul. A gente do Metroviários pela base vê a importância das nossas candidaturas nessa situação, pois conseguimos oferecer uma alternativa concreta a esquerda para estes trabalhadores diante da ameaça que é o fortalecimento desses setores da burocracia sindical. Nesse sentido foi uma votação muito importante pra nossa corrente de conjunto, onde os números de votos expressam um trabalho de base cotidiano e sistemático, discutindo cotidianamente com os trabalhadores, organizando reuniões nos locais de trabalho, impedindo que a chefia e a supervisão do Metrô avance sobre as conquistas dos trabalhadores, por isso que saímos com o "lema" a votar em nós para que se votassem naqueles que incomodavam a empresa, para ser um obstáculo concreto pela não efetivação dessa retirada de direitos, colocando a importância da necessidade de renovar e fortalecer a bancada dos trabalhadores da CIPA, e é nessa perspectiva que nós vamos atuar com os nossos mandatos, pois sabemos que as candidaturas do MPB vai batalhar pra este tipo de política, pra que a empresa não avance sobre a conquistas dos trabalhadores, e que o principal instrumento pra resistir a isso é a organização de base, e não fazendo negociatas de portas fechadas com chefes, e muito menos esta distancia do trabalho de base, pois ficar somente no discurso não adianta nada. Na verdade a prática prevaleceu sobre o discurso nessas eleições e hoje podemos oferecer esta alternativa concreta na Linha Azul com três companheiros que foram eleitos como suplentes e eu, que entrei como titular. Na Linha Vermelha elegemos dois companheiros suplentes, e na Linha Verde entrou outro companheiro titular. Então nossos mandatos na bancada dos trabalhadores da CIPA vai estar a serviço da organização dos metroviários na luta pelas reivindicações mais imediatas, e na luta contra a privatização do Metrô, pela readmissão dos companheiros demitidos e sempre com a perspectiva de que o Metrô se mantenha estatal, e a melhor forma de acabar com essa corrupção que tem nos transportes é que os trabalhadores junto com a população tomem conta e gerenciem o Metrô porque só assim vai ter um serviço de qualidade e os trabalhadores não vão ter seus direitos afetados, vai ter expansão das linhas e vamos poder dar uma saída de fundo em meio a esta situação política nacional que a gente vive.

Marcio Hasegava: A perspectiva para a bancada dos trabalhadores que temos a princípio, em conversa com trabalhadores da Linha 2, é de briga e de luta, porque estamos percebendo recentemente o avanço da empresa sobre os direitos dos trabalhadores, e direitos você só defende brigando. Não se pode contar que a chefia vá compreender o nosso lado, o lado dos trabalhadores. Eles cumprem um outro papel, o papel de oprimir o trabalhador dentro do seu local de trabalho. E eu acho que temos que ser uma fonte de defesa para o operário para esta questão. Temos que lembrar também que a CIPA é um espaço de debate político, porque nunca é demais lembrar que muitos dos demitidos da greve de 2014 eram cipistas, eram líderes da categoria, então não dá pra perder isso de vista. E além disso, o cipista tem que tratar os problemas dos locais de trabalho de maneira objetiva, no caso sanando problemas que efetivamente sejam denunciados pela base, e politicamente também, que é conscientizar os trabalhadores de que estes problemas que acontecem de forma microestrutural no trabalho faz também parte de problemas maiores, faz parte de uma demanda, no caso do Metrô, de uma agenda privatizadora e terceirizadora que é algo que gostaríamos de impedir, e que só precariza a vida do trabalhador.

Daphnae: Acredito que teremos muitos desafios nesse próximo ano pela CIPA, não só porque vemos as condições de trabalho se degradando no Metrô, como a questão da falta de quadro generalizada, o que aumenta os problemas em relação à segurança do trabalho, mas também porque isso é combinado com um plano mais de conjunto de privatização do Metrô, como já foi anunciado pelo Alckmin do plano de privatização na Linha 5. Muitos trabalhadores mais antigos de empresa dizem que sempre se falou de privatização, mas agora a ameaça está real, pelas condições de trabalho. Nós do Metroviários pela Base que estamos na bancada dos trabalhadores teremos muito trabalho pela frente, em conseguir fazer da CIPA um instrumento ligado com as estações e com a organização pelas estações para combatermos esse plano de privatização.




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