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ELEIÇÕES EUA | Eleições EUA: com vitória Democrata, um novo mapa político

Com as apurações caminhando para o final, desenha-se um futuro mais complicado para o presidente Trump, que, apesar de manter o controle do Senado, perde a Câmara dos Deputados.

quarta-feira 7 de novembro de 2018 | Edição do dia

imagem: bbcnews

Nesta terça-feira, 6, os olhos do mundo se voltaram para os Estados Unidos para acompanhar as eleições do governo de Donald J Trump, que ele mesmo havia transformado em uma espécie de referendo sobre seu governo. Estava em jogo o controle do congresso e uma redistribuição dos governos que redesenham o mapa político do país.

De importância mundial, essas eleições e a derrota de Trump impactam especialmente em nosso país, por exemplo nas relações com o novo governo Bolsonaro, e o notório projeto norteamericano de maior, mais agressiva e acelerada subordinação de toda a América Latina.

O Partido Republicano de Trump reteve o controle do Senado, mas o Democrata recuperou a Câmara dos Deputados depois de mais de 10 anos. Neste momento, com 412 de 435 cadeiras apuradas na Câmara, o Partido Democrata está na frente com 219 a 193 do Partido Republicano, sem mais possibilidade de virada.

Os primeiros resultados foram encorajadores para o partido azul (Democrata) que rapidamente ganhou dois novos assentos para a chamada "câmara baixa" (deputados) no estado da Virgínia, e ainda tinha a esperança de avançar na câmara alta (senadores). Mas, à medida que a noite avançava, o partido do governo deu um passo cada vez mais firme nas disputas para o Senado, conseguindo conquistar pelo menos quatro assentos que anteriormente eram da oposição. Com 96 de 100 cadeiras apuradas para o câmara alta, Republicanos vencem com 51 a 43.

O partido do governo ganhou pelo menos quatro novas representações, a de Dakota do Norte, Missouri, Indiana e uma importante posição na Flórida. De todos as cadeiras Democratas que estavam em perigo, a única que conseguiram manter foi a de Joe Manchin, Virgínia do Oeste, um estado onde Trump arrasou em 2016. Manchin não teve nenhum problema em discordar do seu partido na votação para a confirmação do juiz Supremo Tribunal Kavanaugh e alguns analistas dizem que isso lhe permitiu se manter no cargo. A maioria dos senadores permitirá aos republicanos, entre outras coisas, gerenciar à sua maneira a nomeação dos membros dos gabinetes ou dos juízes, que precisam ser aprovados por esta câmara.

Por outro lado, o Partido Democrata recupera uma boa parte do poder, pois pode bloquear qualquer iniciativa legislativa do presidente ou do seu partido. Ainda mais se lembrarmos que mesmo enquanto Trump tinha a maioria em ambas as casas, o único grande projeto que conseguiu aprovar foi a reforma tributária, uma enorme transferência de recursos do trabalho para o capital com a desculpa de aliviar o ônus sobre as empresas que, assim, gerariam mais empregos, o que não aconteceu.

Além disso, tendo a maioria, o partido azul também terá o que é conhecido como Subpoena Power, que é o poder de convocar qualquer membro oficial do governo para testemunhar sobre um assunto que a câmara considere importante. Isto é particularmente perigoso para Trump, devido a investigação que está sendo conduzida pelo promotor especial Mueller sobre a possível interferência da Rússia nas eleições de 2016, e pela qual poderia ser chamadas a depor ao Congresso, mesmo que o promotor não o convoque a depor na justiça. A atual líder dos democratas na Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, disse ontem à noite que, mesmo que não citem o presidente, somente essa possibilidade ampliará sua margem de manobra e de negociação.

Pelosi também tem o seu próprio jogo, para voltar a presidir a Câmara dos Deputados, como fez em 2007, quando se tornou a primeira mulher americana a atingir essa posição e, como consequência, a terceira pessoa na linha de sucessão presidencial, atrás do vice-presidente. Mas ainda terá que se entender com uma camada cada vez mais ampla de democratas que a consideram a encarnação viva do aparato partidário, uma defensora da velha guarda que impede a regeneração ideológica e geracional dos setores progressistas.

Para as conquistas democratas no congresso devemos acrescenta ao menos 4 novos governadores nos estados de Michigan, Illinois, Novo México e Kansas. Menção especial merece a Flórida, onde o republicano Ron DeSantis venceu Andrew Gillum no que se tornou uma questão pessoal para Trump, que fez campanha na Flórida em repetidas ocasiões e certamente celebrará como uma parte da "grande conquista", como declarou em seu twitter sobre a eleição.

O resultado ainda está se assentando, mas os dois lados já se proclamaram vencedores. Pelosi anunciou na madrugada que "amanhã será um novo dia para os EUA" e o presidente se gabou em sua conta no Twitter do "tremendo sucesso" de seu partido nas eleições, que ele vê como seu sucesso pessoal. O que, sem dúvida, é um sucesso para Trump, é o fato de ter disciplinado sua tropa que até o ano passado ainda resistia à sua liderança. Independentemente de ser por verdadeira afinidade ou porque Trump é agora o dono dos votos, o partido republicano deve segui-lo até a batalha de 2020 que começa hoje mesmo.




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