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EDUCAÇÃO | Educação em pandemia: EaD ou escolas a serviço do combate ao COVID-19 e à crise?

Que condições nossos alunos mais carentes tem de realizar tarefas à distância? Quem consegue estudar com fome? Quem tem internet e computador em casa se falta comida nos armários e água na torneira? Quais serão os efeitos de lutos mal resolvidos e do medo quando as mortes começarem a chegar? Como os espaços escolares podem ser usados para informar, prevenir e acolher com segurança?

sexta-feira 10 de abril de 2020 | Edição do dia

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A educação na pandemia capitalista revela profundos problemas estruturais e pedagógicos na organização da formação da classe trabalhadora pelo Estado. Mais do que nunca é preciso pensar e organizar a educação pública de forma democrática desde cada local de trabalho, de baixo para cima. Contra todos os cortes de investimentos, unidos nós educadores podemos fazer muito. Este texto é uma breve reflexão sobre qual papel podemos cumprir neste momento

Quem acompanha diariamente os canais de notícias assiste a falência da economia, da política e do Estado capitalista em absurdas tramas de super investimentos públicos para bancos e empresas e declarações escancaradas de que as vidas importam menos que os lucros. Mas quem mora nas periferias vive a realidade da morte rondando e batendo à porta. O desemprego, a fome e as condições sanitárias precárias como falta de água e esgoto a céu aberto são emergências que há muito existem, mas que com a pandemia do novo coronavírus se manifestam como uma ferida aberta e dolorosa na sociedade. Em meio a hemorragia incessante dessa ferida os governos de sul a norte do país querem que a educação continue à distância, cumprindo os conteúdos programáticos como se nada estivesse acontecendo. Mas nós professores e professoras, que estamos na linha de frente no contato com a realidade concreta dos nossos alunos e comunidades o que pensamos? Que papel podemos cumprir juntos das comunidades independente da vontade dos governos?

A epidemia e a consequente crise social fez os invisíveis aparacerem. Invisíveis que nós professores sempre vimos, acompanhamos e muitas vezes sofremos junto. Não podemos acatar as ordens dos governos e agir como se não vissemos o que está acontecendo. Porque os capitalistas e seus representantes no executivo, legislativo e judiciário querem manter essa invisibilidade social, ainda que isso custe milhares de mortes. Mas não irão conseguir escoder os corpos, como no Equador, que já anuncia o que pode acontecer aqui também. O colapso do sistema de saúde pode levar a um colapso das condições funebres. E esse será o preço que pagaremos para manter os lucros capitalistas?

Nossa resposta tem que ser não, mas um não ativo. Um ‘não’ que abra um caminho de auto organização das classes baixas e trabalhadoras, que continuam expostas tendo que seguir seu ritmo de trabalho sem equipamentos de segurança para manter seus empregos que não estão garantidos.

A educação pública que cumpre o papel de formar as futuras gerações da classe trabalhadora, vem sofrendo profundos cortes de investimentos justamente porque o programa do governo Bolsonaro é formar uma classe trabalhadora ainda mais alienada e precarizada. Contra isso, a parcela mais consciente e ativa dos educadores precisa se levantar. A metáfora da ferida aberta cabe aqui também para a educação, com a lei do teto dos gastos em saúde e educação, que congelou os recursos para os próximos 20 anos, professores sendo atacados com perda de direitos em todos os estados, congelamentos de salário e até parcelamentos como no RS e RJ. Diante disso é que os professores e professoras, funcionários e funcionárias de escola devem se unir pela base em contato com as comunidades escolares para pensar a educação para uma classe trabalhadora que tenha nas mãos todos os meios de produção em função de salvar vidas nesse momento e não de manter os lucros dos patrões. Se parece impossível agora isso, é porque é preciso começar, começar a pensar e construir uma educação para um novo modelo de sociedade que seja anticapitalista e verdadeiramente inclusiva. Só assim o impossível se tornará inevitável, construído coletivamente.

A sede macabra de lucro dos capitalistas é movida a sangue e suor. A cada dia que passa essa frase vai deixando o imaginário e vai se transformando em velórios vazios e covas e mais covas abertas para receber os corpos de quem não tem acesso aos melhores hospitais e médicos, os corpos da nossa classe. Cada vez fica mais evidente que somos nós ou eles, os capitalistas, a pagarem por esta crise. Se não nos unirmos para pensar as respostas, que eles não querem dar, pelas nossas próprias mãos estaremos fadados à precarização do trabalho, à fome e à morte.

As escolas públicas podem cumprir um papel muito importante nos lugares onde estão, em cada bairro. Se transformando em centros de informação correta, acolhimento, prevenção, testagem massiva da população junto com os trabalhadores da saúde e organização política dos de baixo para que sejam os capitalistas que paguem pela crise que criaram. Mas para isso antes é preciso construir um movimento e é esse um dos propósitos pelos quais fazemos uma chamado para os comitês do esquerda diário. Entre em contato pelo email [email protected] e venha debater conosco para que juntos sejamos a força necessária para pôr em marcha um programa anticapitalista e revolucionário.




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