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PROPINA | Economista diz que delator mandou para Delcídio R$ 1,5 milhão "em caixas"

Antônio Alberto Leite Godinho confirmou para a Polícia Federal que, entre 2006 e 2007, em nome do então senador Delcídio Amaral (Sem partido, ex-PT/MS), recebeu R$ 1,5 milhão do operador de propinas e delator da Lava Jato Fernando Falcão Soares.

quarta-feira 27 de julho de 2016 | Edição do dia

O economista afirmou que foram enviados a ele "em várias ocasiões, pacotes de dinheiro deixados na portaria do prédio". Os valores foram destinados, segundo Antônio, a credores da campanha de Delcídio ao governo do Mato Grosso do Sul.

Um interlocutor foi identificado como "Godinho", que tinha sido citado pelo ex-diretor da área internacional da Petrobrás Nestor Cerveró em março deste ano. Cerveró confirmou em delação premiada que, em 2006, Delcídio pediu "contribuição financeira para ajudar na campanha eleitoral". Ele declarou que Baiano repassou US$ 1,5 milhão à uma pessoa ligada a Delcídio do Amaral de nome Godinho, indicada pelo senador.

Na sua delação, Delcídio relatou que disse a Cerveró que Godinho, "amigo de longa data" iria procurá-lo para receber US$ 1 milhão, a ser entregue por Fernando Baiano. O ex – senador afirmou que o valor recebido não foi contabilizado oficialmente por ele e as dívidas de campanha foram pagas. O ex- senador afirmou ter se arrependido ‘da campanha eleitoral que disputou em 2006 e que soube, posteriormente, que a origem desses recursos teria advindo de propinas pagas a partir da compra da Refinaria de Pasadena, no valor global de US$ 15 milhões’.

O depoimento de Godinho foi dado à Polícia Federal no dia 25 de maio de 2016. Na ocasião, ele contou que estudou com Delcídio no Colégio São Luiz, em São Paulo. Em 2002, segundo Godinho, ele organizou um encontro da turma da escola para comemorar trinta anos de formatura e se reaproximou de Delcídio, recém eleito senador. "Após essa reaproximação, o declarante teve a oportunidade de acompanhar Delcídio do Amaral, em entrevistas e eventos, quando realizados em São Paulo, além de tê-lo encontrado em diversas ocasiões, sobretudo de cunho social, envolvendo as famílias de ambos". Godinho disse também ter ocupado cargos na administração pública, tais como na Casa Civil do Estado de São Paulo, no Ministério da Agricultura e na Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.

"Em algum dos encontros que travou com Delcídio do Amaral, este lhe mostrou uma lista com diversas pessoas e empresas, as quais seriam credores da campanha eleitoral ao Governo do Estado do Mato Grosso do Sul, realizada naquele ano de 2006; que o então senador queixou-se de que estava enfrentando muitas dificuldades para saldar tais dividas, alegando que recém havia obtido a possibilidade de um apoio financeiro no Rio de Janeiro; perguntando ao declarante (Antônio Godinho) se este poderia prestar-lhe ajuda para a operacionalização desses pagamentos; que a tarefa do declarante seria apanha os valores e realizar o pagamento dos credores das dívidas de campanha".

Conforme confirmou o economista, Delcídio então lhe passou um número de telefone para que fosse feito um primeiro contato com Fernando Baiano, "que seria o responsável por disponibilizar os valores no Rio". Antônio Godinho declarou que ligou para Baiano, "a quem não conhecia e, ao mencionar o nome Alberto Godinho, Fernando afirmou que sabia do que se tratava, orientando o declarante a comparecer no Rio de Janeiro, em endereço do qual não recorda".

À Federal, o economista citou que acabou indo de São Paulo ao Rio de Janeiro em três ocasiões. Na primeira, depois da campanha de 2006, esteve em um endereço no centro da capital fluminense. De acordo com o economista, tratava-se de "um prédio velho, pequeno, aparentemente empresarial, em que Fernando Soares mantinha um escritório".

"Ao chegar ao endereço, o declarante conversou pessoalmente com Fernando Soares, mas não obteve nenhum valor, tendo apenas tratado a respeito", disse, "Fernando Soares confirmou que disponibilizaria os valores, cerca de R$ 1,5 milhão, mas não dispunha, naquela oportunidade, de nenhuma parcela dessa monta".

No depoimento, Antônio Godinho tinha citado que as duas idas seguintes ao Rio, também para cobrar valores de Fernando Baiano, foram "sem sucesso". Todas as viagens, afirmou, foram realizadas por transporte aéreo, com ida e retorno no mesmo dia, pelos aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio.

"Em algum momento das tratativas com Fernando Soares ficou acertado que o dinheiro seria levado até a residência do declarante em São Paulo, o que de fato ocorreu; que esclarece que foram enviados ao declarante, em varias ocasiões, pacotes de dinheiros deixados na portaria do prédio; que tais valores estavam acondicionados em caixas cobertas por papel pardo, contendo o nome do declarante; que foram entre cinco e sete entregas de dinheiro realizadas na forma recém-descrita’’, disse.




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