Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG
segunda-feira 26 de outubro de 2015 | 10:30
Sério na boa, não ia entrar nessa de falar da redação do ENEM e tal, até descobrir a transfobia instucionalizada e ver o post de uma mina trans contando que mesmo pedindo o nome social na prova teve esse direito mínimo negado.
Nem o mínimo que era nome social eles colocaram na prova.
Aí todo mundo comemora pqorque o tema da redação era a violência contra a mulher.
O ENEM não virou feminista só porque na suas questões falam do movimento de mulheres. O ENEM ainda é um vestibular, um filtro que barra milhões de mulheres, jovens e trabalhadores do acesso ao ensino público.
E se teve que abordar a luta das mulheres nas questões é porque não dá mais pra ignorar nossa luta, não dá mais pra ignorar que a cada dia ficamos mais fortes pra reivindicar nosso direitos. Então o governo faz o que melhor sabe fazer, tenta cooptar nosso movimento fingindo que se importa com a nossa luta, "olha só como se importam, até colocam como tema da redação".
Mas no final das contas corta bilhões na educação, tira nossa permanecia, creches, precariza as universidades e desconta os custos da crise sobre nossos ombros.
O ENEM sempre vai ser um filtro social e minha luta não é e nunca vai ser pra que ele aborde a violência contra as mulheres na redação, minha luta é pra acabar com todo e qualquer filtro social representado pelo ENEM e por todos os outros vestibulares, minha luta é pra que todas as mulheres, LGBT, negros, toda população possa ter acesso a uma educação pública, gratuita e de qualidade.
Ahh, se só pra constar de que adianta ter questões sobre as mulheres no ENEM se o PT e juntamente com a oposição de direita proíbem o debate de gênero nas escolas?