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TERCEIRIZAÇÃO | E se a CUT tivesse feito uma paralisação nacional pra barrar a terceirização?

Por que a CUT e a CTB não chamaram uma nova paralisação nacional contra a PL da terceirização que estava sendo aprovada no Congresso? O que teria acontecido se os trabalhadores tivessem parado a produção do país contra esse ataque?

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

sexta-feira 24 de março de 2017 | Edição do dia

Nessa quarta-feira, 22, uma semana após o grande dia nacional de paralisações, a Câmara de Deputados aprovou o PL 4302/98, o projeto de lei que permite a terceirização irrestrita e sem freios.

7 dias após uma grande demonstração de força dos trabalhadores, que demonstraram que quando param as inúmeras escolas pelo país, os transportes em diversas cidades, em especial São Paulo e Curitiba, e diversos ramos da produção, ou seja, que eles estão com muita disposição para barrar qualquer ataque, os golpistas atearam fogo na CLT, nos direitos dos trabalhadores, sem termos visto qualquer sinal de articulação de resistência.

No máximo, vimos alguns parlamentares, em especial do PT e PSOL, tentando obstruir a votação do projeto, iniciativa tímida se descombinada com um forte levante de trabalhadores que parasse o país. A CUT e a CTB, centrais sindicais ligadas ao PT e seus aliados, estão em milhares de sindicatos, eram capazes de pôr de pé essa grande luta. Então por que não o fizeram??

Por outro lado, por que mesmo o PSOL, as direções sindicais de movimentos populares, como o MTST, a Frente Povo Sem Medo, ou a Frente Brasil Popular, não colocaram todas as suas forças em movimento nesse dia, como uma forma de pressionar que a CUT e CTB saíssem dessa paralisia?

Certamente que não foi por desânimo ou falta de espírito de luta dos trabalhadores, afirmar isso seria negar o que significou o 15M e suas potencialidades, que fez com que Temer e sua base tremesse e ficasse ainda mais na defensiva em aprovar a Reforma da Previdência. Os ataques estão vindo em ritmo acelerado e exigem que essa vontade de lutar contra eles, latente nos trabalhadores e juventude, ganhe corpo.

Essas centrais sindicais, que estão sempre jogando a culpa da sua paralisia e trégua aos golpistas nos trabalhadores, não moveram uma palha contra a PL 4302/98, de modo que certamente sabiam antes de todos que ela estaria sendo articulada na Câmara. Se eles sabem, como todos sabemos depois do 15M, que os trabalhadores são capazes de incendiar o país na luta contra os ataques, por que não chamaram uma paralisação para essa semana? Para ontem??

A única explicação para isso é que essas centrais só decidem se mexer depois de muita pressão das suas bases de trabalhadores, e de maneira controlada, sem que o ímpeto de luta delas ultrapasse seus cálculos eleitorais de um possível #Lula2018.

A CUT e a CTB estão chamando um “dia de mobilização” apenas para o dia 31 desse mês, ou seja, sem qualquer indicativo se quer de paralisação, principalmente porque não se ouve falar de assembleias sendo convocadas para organizar na base uma demonstração de forças dos trabalhadores. Que tipo mobilização será essa, sem ter sido construída nos locais de trabalho? Será capaz de realmente colocar os trabalhadores para parar a produção? E se até lá mais um ataque for aprovado porque as centrais não chamaram paralisação?

Por isso, é necessário que nós, trabalhadores, jovens, mulheres, negros e LGBTs, nos auto organizemos aonde trabalhamos e estudamos, pois já vimos que com a luta nas mãos dessas centrais sindicais (não esqueçamos das ligadas diretamente ao patrão, Força Sindical e UGT), a nossa luta será traída. É a nossa força, organizada através de comandos de delegados eleitos, que deve tirar a nossa luta das mãos dessas centrais paralisadas e traidoras, e que devem decidir os rumos da nossa mobilização.




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