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NÃO AO PL5069, DIREITO AO ABORTO JÁ! | É nossa escolha, é pela vida das mulheres

Nas últimas semanas as ruas e as redes sociais foram tomadas por um verdadeiro “junho feminista”. Junho pra relembrar as grandes jornadas em 2013, e feminista porque as demandas eram um verdadeiro grito contra toda a forma de opressão. No SP, RJ, MG e outros estados, milhares de mulheres foram às ruas pelo direito ao aborto, contra a violência às mulheres e o direito á sexualidade e ao próprio corpo. As redes sociais foram tomadas pela hashtag #primeiroassedio e o tema da redação do ENEM da violência contra a mulher.

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

sábado 7 de novembro de 2015 | Edição do dia

Em um país onde ocorrem mais de 50 mil estupros por ano, onde a cada 2 dias uma mulher morre em decorrência de complicações por abortos clandestinos e onde uma mulher é violentada a cada 12 segundos e assassinada a cada 2 horas é mais do que urgente que esse grito se faça ouvir.

Neste marco, é preciso discutir uma política e uma estratégia que contribuam na mobilização independente das mulheres junto a classe trabalhadora e não permita que nossos direitos e movimentos sejam “institucionalizados” ou “cooptados” como muitas vezes já vimos acontecer na história do feminismo.

Este fenômeno ocorre num momento de crise do governo Dilma e do PT, de implementação de um cruel plano de ajustes contra os trabalhadores e de reorganização dos setores da direita, como o PSDB e setores como Eduardo Cunha, do PMDB. A consigna de “Fora Cunha”, neste cenário, além de expressar um enorme repúdio a este que é dos representantes mais nefastos contra as mulheres e LGBT, é também parte de uma operação política bastante interessada que tem como objetivo poupar o governo Dilma, Lula e o PT da situação de crise atual. Concentrar todas as manifestações contra Cunha dá um grande respiro a Dilma pra implementar o ajuste. Não é a toa que o PL 5069, que retrocede em conquistas do direito ao aborto nos casos permitidos por lei, é de autoria também do Padre Ton, atual presidente do PT em Rondônia. Esta informação está oculta, inclusive por grande parte da esquerda.

Para fortalecer este grito feminista que rompe um silêncio de anos da opressão, assédio e agressões, não podemos deixar que seja cooptado nem pelo governo, nem pela direita. Precisamos deixar claro que se Eduardo Cunha é nosso inimigo quando quer retirar direitos das mulheres, nós não fechamos os olhos para o fato de que nos 13 anos de governo Dilma e Lula eles mantiveram o aborto ilegal, trocando nosso direito por acordos com setores da bancada evangélica. Na última reforma ministerial, a pasta da Secretaria de Mulheres foi reduzida, teve corte de orçamento e se unificou com duas outras Secretarias. É por estas e outras que leis como a Lei Maria da Penha não chegam a se efetivar.

Nossa luta é pela vida das mulheres. Pra que nenhuma morra por abortos clandestinos. Pelo direito de decidir. Pelo direito pleno à maternidade. Pelo direito de andar nas ruas, ônibus e metrôs sem ser assediada ou estuprada. Pelo direito a usar a roupa que quiser. Neste mês, e inclusive no dia 25 de novembro, precisamos organizar um forte movimento independente enraizado nos locais de trabalho e estudo pra levantar com muita força a luta contra o PL 5069, de Eduardo Cunha e Padre Ton do PT, e exigir ao mesmo tempo o direito ao aborto legal, seguro e gratuito já. Educação sexual nas escolas, contra os Planos Municipais de Educação que retiram o estudo de gênero. Contraceptivos gratuitos e de qualidade, bem como a pílula do dia seguinte pra todos que necessitarem. Nenhuma a menos!

O “novo” feminismo não tem nada de novo, precisamos de um feminismo revolucionário

A esquerda precisa se colocar como alternativa para as mulheres que querem fazer ouvir as suas vozes, pois já vimos o filme do “novo” feminismo que se discute agora. Estas direções dos movimentos feministas governistas, reformistas ou até mesmo “empresariais” (ligados a ONU ou ONGs e que fazem “consultoria de empresas”) podem empalmar com este sentimento assumindo demandas das mulheres, mas sem questionar o governo e o capitalismo.

O que querem é sustentar o governo, como por exemplo a direção da Marcha Mundial de Mulheres e outros grupos feministas ligados ao governo, ou então defender uma mudança individual de cada um ou uma luta individual contra cada homem que cometeu assédio ou violência contra a mulher, mas mantendo intactas as raízes que levam a esta situação de miséria e opressão que vivemos no capitalismo. Para o governo, empresários e patrões, são estes movimentos feministas os mais fáceis de cooptar e transformar em “produto” ou “propaganda institucional” de governo. Em pouco tempo a radicalidade acaba, e nossos direitos seguem rifados.

Como marxistas revolucionárias, participamos do movimento de mulheres tal como ele se apresenta, nos apoiamos na enorme força deste grito feminista e na força com que jovens, trabalhadoras e mulheres de todas as idades tem trazido a este movimento. Mas participamos com uma estratégia revolucionária, onde lutemos por cada direito elementar e contra todas as formas de opressão, mas desde uma perspectiva revolucionária que entenda que somente acabando com esta sociedade de opressão e exploração é que abriremos espaço para a verdadeira emancipação das mulheres.




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