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Racismo | Durante 2020, morreram 78% mais mulheres negras grávidas do que mulheres brancas por Covid

Pesquisadora de pós-doutorado do CIDACS/Fiocruz/Bahia, a doutora em Saúde Pública e integrante do GT Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Emanuelle Góes, mostrou a desigualdade que marca a mortalidade materna de mulheres negras e brancas.

sexta-feira 12 de novembro de 2021 | Edição do dia

Foto: Mateus Pereira/SECOM

A pandemia de Covid-19 reassentou a desigualdade entre mulheres negras e brancas quanto à maternidade, o que mostrou um levantamento feito pela ONG Criola.

A pesquisadora Emanuelle Góes explica que a mortalidade materna, de maneira geral, é um evento evitável e que vinha diminuindo ao longo dos anos, com uma estagnação nesta queda a partir de 2014. Ela observa, porém, que essa diminuição se deu de forma desigual, sendo maior para as mulheres brancas e em menor proporção para mulheres negras. E que esta questão piorou no contexto da pandemia.

Os profissionais e pesquisadores de saúde coletiva já previam que a Covid-19 iria impactar de forma diferenciada as gestantes. “Obviamente que ia impactar mais as gestantes negras, das regiões mais distantes dos centros, das periferias, da região norte e nordeste”, explica a pesquisadora.

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Ela disse ainda que o Estado brasileiro até o momento não apresentou nenhuma iniciativa para superação desses índices. “Não há qualquer iniciativa para redução da mortalidade materna com um olhar de enfrentamento ao racismo. As mulheres negras morrem porque o racismo é estruturante, ele é institucional”.

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Com o 20 de novembro se aproximando é preciso reafirmar e denunciar fortemente o quanto o Estado brasileiro é racista ao não propor políticas que visem minimizar esses números. São mulheres negras, em sua maioria pobres e periféricas, que morreram em decorrência do Covid por não terem acesso a hospitais públicos de qualidade, que não puderam fazer uma quarentena decente e razoável e tiveram que sair de casa para ganhar o sustento da família. Muitas são trabalhadoras do asseio, em sua maioria terceirizadas, que tiveram que se expor ao contato com o vírus.

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