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HISTÓRIA DO SAMBA | Dos protestos de outros tempos para a atualidade

Em 1º de Maio de um ano qualquer Cartola, Nelson Sargento e Alfredo Português conversavam sobre a situação do operário.

E por que não fazer um samba de protesto, já que ambos conheciam das lutas que essa classe tanto sofreu (e continua), Nelson Sargento trabalhou por quase 40 anos como operário da construção civil e Cartola que exercia esporadicamente a atividade de pedreiro.

A luta destes operários e o seu valor (este não reconhecido) que eles procuraram destacar na música já vinha muito antes, o surgimento da organização operária dá-se nos últimos anos do século XIX e passa fundamentalmente pelo processo de transformação da economia brasileira. O centro da economia agrária era o café, que substituiu o trabalho escravo pelo assalariado (com a abolição da escravidão) e a consequência disso foi a transferência do lucro do café para a indústria e o poder político concentrado nos cafeicultores. Em 1858 os tipógrafos do Rio de Janeiro fizeram a primeira greve no Brasil na luta contra as injustiças patronais e por melhores salários, após a I Guerra a crise da produção e vertiginosa queda dos salários impulsiona uma onda de greves em massas. Em 1917 em São Paulo houve greve geral iniciada numa fabrica de tecidos que recebeu solidariedade e adesão de todo setor têxtil, seguindo-se a demais categorias.

Em 1930 Getulio Vargas cria o Ministério do Trabalho com o objetivo de elaborar uma política sindical visando conter a classe operária nos limites do Estado e formular uma política de conciliação entre o capital e o trabalho. Movimento grevista foi intenso nesse período, e os trabalhadores conquistaram inúmeras vantagens trabalhistas, como lei das férias, descanso semanal remunerado, jornada de 8 horas, regulamentação do trabalho da mulher e do menor etc.

Avançando para os anos 80,década que houve maior volume de greves no Brasil e que através da inflação os salários eram comidos pelos patrões. Não satisfeito, o governo Figueiredo inventou várias leis que deveriam proibir aumentos salariais para compensar a inflação, mas os tempos eram outros e o Congresso Nacional barrou as medidas, neste período ocorre também o desemprego e recessão.
Inevitavelmente o cenário atual repete a trajetória dos anos 80 onde temos grande volume de paralisações/greves, demissões e a classe operária tentando manter o sustento de suas famílias e seus direitos trabalhistas. Que exige das principais Organizações Sindicais um posicionamento a favor do trabalhador e fazer uma leitura crítica da realidade e buscar transformá-la e não se aliar a direita como vemos a muito tempo e pensando somente em seus propósitos políticos.

Samba do operário

Se o operário soubesse
Reconhecer o valor que tem seu dia
Por certo que valeria
Duas vezes mais o seu salário
Mas como não quer reconhecer
É ele escravo sem ser
De qualquer usurário
Abafa-se a voz do oprimido
Com a dor e o gemido
Não se pode desabafar
Trabalho feito por minha mão
Só encontrei exploração
Em todo lugar

https://www.youtube.com/watch?v=vjusy7LdZC4


Temas

Cultura    Negr@s



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