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CRACOLANDIA | Dória espalha Cracolândia pela cidade e aprofunda crise de saúde pública

Ação repressiva de Dória e Alckmin na Cracolândia desrespeitou direitos, feriu pessoas e ainda espalhou usuários por todo o centro de SP aprofundando crise de saúde pública

sexta-feira 26 de maio de 2017 | Edição do dia

foto: Usuários de drogas se aglomeram na praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo. MIGUEL SCHINCARIOL AFP

No último domingo, em meio à Virada Cultural, uma operação policial planejada pelo prefeito de São Paulo, João Dória, e pelo governador Geraldo Alckmin (ambos do PSDB) tentou dispersar os usuários de crack da chamada “Cracolândia”, na região central da capital paulista. A ação, supostamente realizada para apreender drogas e prender traficantes, foi seguida de outras cenas bárbaras, como a demolição de imóveis (inclusive um deles tombado pelo patrimônio histórico) com pessoas dentro, provocando feridos.

A falta de políticas efetivas de acolhimento e de acesso a tratamentos de saúde por parte dos dois “gestores” fez com que, diante da grande ação repressiva da polícia, os usuários se dispersassem por várias regiões do centro. Até o momento já foram contabilizadas 23 novas “mini-Cracolândias”, da região da Luz até a Avenida Paulista, e uma nova Cracolândia, na Praça Princesa Isabel, próxima ao antigo local.

Segundo a Guarda Civil Metropolitana (GCM), o número de usuários na Praça Princesa Isabel subiu de 300 na noite de quarta-feira (24) para 600 na madrugada de hoje (26). Conforme reportagem do jornal Folha de São Paulo, isso tem provocado diversas reações entre os comerciantes da região, como contratação de seguranças, e desejo de mudar de ponto. Um despachante de veículos chegou a escrever carta ao Comando Militar do Sudeste, pedindo a intercessão do comandante do Exército junto a prefeitura para que a praça seja desocupada.

A real intenção das ações de Dória e Alckmin, muito longe de combater o tráfico ou de ajudar no tratamento médico dos dependentes químicos, é abrir a região da Cracolândia para a especulação imobiliária. Uma prova disso é o anúncio feito nessa semana por Dória sobre a doação de terrenos da prefeitura na Cracolândia para a construção de moradias através de PPP (Parceria Público-Privada). Esses terrenos se juntarão à PPP promovida pelo governo do Estado entre a CDHU e a empreiteira Canopus Holding S.A. A parceria inclui, segundo o próprio governo estadual, 60 lojas e a “revitalização” da região, um eufemismo para especulação imobiliária.

O movimento de “revitalização” do centro das grandes cidades é um fenômeno mundial a favor do mercado imobiliário. Ocorreu, por exemplo, em Barcelona e no Rio de Janeiro por conta dos Jogos Olímpicos. Em São Paulo ocorre agora às custas do patrimônio histórico e das vidas de milhares de dependentes químicos, tratados com bombas e balas de borracha da polícia.




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