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Mentirosos convictos | Doria e Rossieli lançam documentário mentiroso sobre educação durante a pandemia em SP

Depois de anos mentindo na mídia, João Doria e Rossieli Soares, secretário da educação em SP, fazem com a ajuda financeira da Unesco um documentário, de teor bastante eleitoral, elogiando como o governo lidou com a educação remota durante a pandemia. Uma verdadeira piada contra a comunidade escolar.

quinta-feira 31 de março de 2022 | Edição do dia

Foto de Rivaldo Gomes - Folhapress

Não bastassem todos os ataques de Doria (PSDB) e seu reacionário secretário, Rossieli Soares, contra a educação pública de SP, agora teremos que também aguentar as suas demagogias em um documentário chamado “Escolas Remotas”, que poderá ser transmitido nas escolas estaduais a partir de 4 de abril. Documentário esse que mostrará algo muito longe da realidade do chão da maioria das escolas públicas do estado.

Durante a pandemia o governo não garantiu acesso remoto a avassaladora maioria dos estudantes; deixou professores categoria O e eventuais sem atribuição passando fome em casa; intensificou a exploração dos professores que, quase sem suportes concretos, tiveram que levar a educação remota nas costas enquanto eram assediados pelas suas direções; deixou as terceirizadas da limpeza e merenda sem salários, por abrirem a possibilidade das empresas contratadas jogarem a crise nas costas destas trabalhadoras; seguiu não garantindo nenhum direito, nem mesmo do trabalho remoto, dos agentes escolares; fez propaganda de um protocolo sanitário para o retorno presencial, do qual jamais foram dadas estruturas para tal protocolo ser aplicado nas escolas, colocando em risco toda a comunidade escolar.

Ainda, aplicaram até o final a Reforma do Ensino Médio, que antecipa a exploração da juventude, ataca os conteúdos pedagógicos que, frente a precarização que os capitalistas estão passando na vida de toda a classe trabalhadora e a juventude, já não importam mais. Usou também a discussão sobre o ensino integral para transformar de maneira antidemocrática muitas escolas em PEIs, que no papel podem parecer maravilhosas, mas na prática é uma medida que precariza ainda mais a educação, segrega alunos, explora mais os educadores e não reverte em si o aumento da qualidade de ensino.

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Esses ataques e essa propaganda pelo ensino remoto, o governo faz como parte de um projeto de distanciar cada vez mais os alunos das escolas, principalmente dos professores, facilitando assim o caminho para uma educação programada que responda aos objetivos do governo de seguir com a precarização da classe trabalhadora. Usou da pandemia para impulsionar o centro de mídias - para tirar a educação da função dos professores, atacando a autonomia dos professores - ao invés de investir em estrutura para as escolas e em um planejamento concreto para o cumprimento do protocolo sanitário para o retorno presencial seguro.

Agora, Doria e Rossieli passam a nova carreira contra os professores estaduais, atacando direitos antes conquistados, abrindo espaço para uma maior fragmentação da categoria e o aumento do assédio das direções, ataca as abonadas para dificultar ainda mais a possibilidade de paralisações e greves daqueles que não querem abaixar a cabeça para governos reacionários como de João Doria, que apesar de tentar se passar como oposição a Bolsonaro, atua junto para descarregar a crise nas nossas costas.

Entenda aqui sobre esse ataque: "Nova Carreira" de Doria e Rossieli esconde precarização e controle sobre professores.

O tal documentário, que foi projetado por Rossieli Soares e Luca Jardim, foi patrocinado pela Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - comprovando que tais organizações representam os interesses dos capitalistas e não da maioria da população, como tentam parecer. Organizações que servem para fingir que os capitalistas se preocupam com a vida dos seus explorados.

Inclusive, uma das demagogias usadas pelo governo para o retorno inseguro às aulas, foram o aumento da violência doméstica contra crianças e jovens, e o aumento de problemas emocionais e psicológicos em alunos. Mas nunca esse governo de ataques profundos se importou com o estado mental ou a segurança das crianças e jovens. Isso porque enquanto os ricos foram enriquecendo ainda mais na pandemia, as famílias de alunos encararam situações de insegurança alimentar, desemprego e outros ataques contra direitos, empurrando muitos jovens precocemente para o mercado de trabalho para poder levar dinheiro para casa, aumentando assim a evasão escolar. Ainda, mantiveram o uso de seus aparatos repressivos, como a polícia, para seguir reprimindo nossa juventude, principalmente os negros que são a maioria dos alunos estaduais.

Outro ponto do documentário é a questão da busca ativa, que foi propagandeada pelo governo para dizer que se preocupava com os alunos que não haviam retornado às aulas presenciais. Essa busca na verdade foi realizada por todos os educadores, que além das suas funções ainda tiveram que cumprir isso para o governo, acumulando ainda mais trabalho. E como se o governo não soubesse que o não retorno de grande parte dos estudantes foi exatamente pelas suas políticas de ataques que deteriorou muito a vida e busca destruir qualquer esperança de melhoria de vida na nossa juventude. Fazendo a propaganda dessa busca ativa, o governo na verdade busca passar a conta para as costas dos alunos, colocando-os como culpados por não estudarem, ou que são os próprios alunos que não têm interesse em estudar. Os educadores não podem cair nessa armadilha, que só tem como objetivo distanciar educadores de alunos.

Precisamos rechaçar em todas as escolas a entrada desse documentário ofensivo contra a comunidade escolar. Usam de escolas modelos do estado para passarem uma imagem de que todas as escolas, ou todos os alunos, ou todos os trabalhadores da educação, não tivessem sofrido com a atuação reacionária e de ataques vindos do governo. Usam ainda do anúncio de Doria sobre a antecipação da vacinação para os educadores, como se isso não tivesse sido planejado para fins eleitorais, tentando parecer oposição de Bolsonaro, enquanto o maior número de mortes do país ocorreram em SP.

Rossieli, que é a grande estrela do documentário, fala na maior parte do documentário projetado por ele mesmo, em como ele “cuidou” da educação, mas que por trás sabemos que nada mais é do que uma propaganda de si mesmo para mostrar aos mais ricos que estará sempre disposto a passar mais ataques contra a educação e o que mais precisar atropelar pelos lucros. Henrique Pimentel, chefe de gabinete da Seduc, elogia Rossieli no documentário, dizendo que “o secretário foi muito corajoso de se colocar para a rede”. Não temos dúvidas disso, porque fazer um documentário com tamanha cara de pau, é preciso muita coragem mesmo.

Por fim, em um documentário tão de direita como esse, projetado pelo próprio Rossieli, seria inimaginável que alguém que pelo menos se diz oposição a todos os ataques de Doria e Rossieli poderia fazer parte. Mas não é o que vemos. Maria Izabel Noronha, a Bebel, presidenta de um dos maiores sindicatos da América Latina e da CUT, atual deputada estadual pelo PT e pré-candidata nas eleições de 2022, também aparece no documentário. Sua fala aparece por 1 minuto, com o conteúdo crítico de que nem todos os alunos tiveram acesso ao ensino remoto e que o centro de mídias - aquele que nós citamos que trouxe ainda mais trabalho para os professores, confunde mais os alunos, aprofunda o ataque contra a educação e não aumentou em nada a qualidade do ensino - ainda precisava melhorar. No mínimo vergonhoso a direção de um sindicato que deve representar aqueles que foram tão atacados por Rossieli e Doria, se sujeitar a participar de um documentário como esse.

Doria e Rossieli não nos enganam. Podem fazer suas propagandas, mas só quem vive lá no chão da escola sente na pele a realidade diária que esse governo projetou para toda comunidade escolar. Ao lado dos capitalistas, garantem precarizar as nossas vidas e, por mais que tentem se afastar, fazem coro com as políticas reacionárias da extrema-direita, seguindo ataques de Bolsonaro e Mourão, se alinhando com Judiciário e Legislativo para jogar toda essa crise nas costas da juventude e da classe trabalhadora.




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