Os atos que aconteceram por todo o país no último sábado marcaram uma inflexão na conjuntura política. No entanto, as direções burocráticas que convocaram esses atos querem que sejam manifestações eleitorais para eleger Lula em 2022. A crise sanitária, econômica e social exige uma saída para agora através da luta, sem conciliação com os golpistas.
quinta-feira 3 de junho de 2021 | Edição do dia
Em meio a mais de 460 mil mortes por Covid no Brasil e altos índices de desemprego e fome, os atos foram uma expressão do grande descontentamento da juventude, dos trabalhadores e do conjunto da população com Bolsonaro e sua corja. Esse descontentamento estava sendo “comprimido” pelas centrais sindicais e pela UNE, que com o objetivo de alimentar ilusões no impeachment que colocaria Mourão no poder ou na CPI que é um teatro para salvar o regime do golpe institucional de 2016, buscava controlar a força dos atos e da aliança da juventude com os trabalhadores. Agora, os sindicatos e a UNE, dirigidas pelo PT e PCdoB, chamam as manifestações que mostraram uma disposição de luta de diversos setores, mas com um objetivo: desgastar Bolsonaro para preparar as eleições de 2022.
A política do #FicaEmCasa é uma grande contradição dos governadores, STF e Congresso Nacional, pois ao mesmo tempo que impulsionam essa demanda, também são entusiastas de milhares de trabalhadores terem que continuar suas atividades para garantir o lucro dos patrões. Bolsonaro, Mourão e todos esses setores deixam muito claro que apesar de buscarem se diferenciar entre si, têm um acordo central: descarregar a crise nas costas dos trabalhadores e do povo pobre.
Recentemente o regime golpista no Brasil reabilitou Lula como presidenciável devolvendo a ele seus direitos políticos retirados por este mesmo judiciário de forma absolutamente arbitrária e golpista, questão que denunciamos desde o Esquerda Diário fortemente diante não somente do golpe institucional, mas também da ofensiva imperialista da Lava Jato. Entretanto, que seja esse mesmo regime o que “devolva” os direitos políticos de Lula é expressão de um rearranjo rumo a 2022 e não que o regime “deixou de ser golpista” ou que as massas em luta tenham conquistado esse direito.
Assim, é preciso ter claro o papel que Lula e o PT cumprem como contenção das mobilizações mirando 2022. Enquanto Lula negocia com diversas figuras como FHC, Sarney e Kassab, ignora as manifestações para preservar suas alianças com golpistas e burgueses, que também são responsáveis por todos os ataques que foram implementados desde o golpe, e que Lula já sinalizou que não serão revertidos por ele. O dia 29M pode seguir com uma agenda de mobilizações, unificando a luta de trabalhadores e estudantes com uma forte paralisação nacional. Para isso, precisamos confiar somente na nossa força, organizada a partir de cada local de trabalho e estudo, sem confiança no PT que se dispõe a perdoar os golpistas, contra Bolsonaro, Mourão e todo o regime do golpe para que sejam os capitalistas que paguem pela crise. Ao contrário disso, os atos são somente uma massa de manobra para as eleições do ano que vem.