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CRISE AMBIENTAL | Do fogo para a frigideira: empresários querem Meio Ambiente nas mãos de militares e do agronegócio

Por meio das pressões de empresários e militares, o Ministério do Meio Ambiente pode ser fundido com o Ministério da Agricultura, e o combate e fiscalização do desmatamento passarem ao Conselho da Amazônia nas mãos de Mourão.

sábado 3 de outubro de 2020 | Edição do dia

IMAGEM: PAULO WHITAKER/REUTERS

Nas últimas semanas, vem sendo cada vez mais escancarada a intenção do governo Bolsonaro e de seu ministro Salles, para devastar o meio ambiente em nome dos lucros do agronegócio, através de inúmeras medidas ecocidas, culminando na iminência de intensas queimadas na Amazônia e no Pantanal, atingindo um patamar extremamente alarmante. Tal situação acabou provocando ainda mais a visão negativa que o país vem tendo internacionalmente, no que diz respeito a negligência e destruição do meio ambiente. Contudo, a única pressão relevante na visão do governo é a de inúmeros empresários do agronegócio para que o ministério do meio ambiente seja incorporado para o ministério da agricultura.

A ideia consiste em transferir a fiscalização e o monitoramento ambiental para o Conselho da Amazônia, chefiado pelo vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, e o restante das atribuições do ministério para o Ministério da Agricultura. Ainda que tal possibilidade já venha sido ensaiada desde 2018, diversas alas do empresariado, assim como do conjunto do regime, como setores do próprio governo e militares vem pressionando desde Junho por essa fusão, algo que se intensificou ainda mais com a imensa devastação ambiental em Agosto.

Ainda que tal absurdo tenha enquanto pretexto o repasse de uma imagem de que o governo poderia mudar a sua atuação em relação ao meio ambiente, sabemos que trata-se não só de uma pressão para que esses empresários não percam mercado internacional, pela visão negativa do governo e do agronegócio, mas também enquanto uma oportunidade para enraizar ainda mais seu controle acerca do meio ambiente, submetendo o mesmo aos interesses da agricultura e pecuária.

Por outro lado, a retirada de Salles do suposto combate a essa destruição para dar nas mãos de Mourão, também implica num salto ainda maior da influência dos militares e de sua alta cúpula em assuntos governamentais. Porém, não trata-se de uma ligação inédita, a relação dos mesmos com essa questão do meio ambiente. Sua inserção já vem sendo levantada há bastante tempo e o próprio fato de Mourão estar a frente do Conselho da Amazônia, em meio a devastação da floresta amazônica, também aponta como tal setor não tem nenhum interesse em sua defesa. Tanto Bolsonaro e Salles, como o empresariado, Mourão e outras alas do regime acabam sendo os principais responsáveis por essa destruição, na medida que compõem esse regime golpista e que visa maximizar o lucro dos empresários e dos grandes fazendeiros a qualquer custo.




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