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TRIBUNA ABERTA | Desvendando o outro lado do telemarketing. Imagine escutar a versão dela? Quais são suas reclamações e o que ela gostaria de fazer neste dia 28 de abril

quarta-feira 26 de abril de 2017 | Edição do dia

Ano 2012: comediante Fábio Porchat grava um vídeo com o corpo pintado de azul, falando ao telefone e tentando efetuar o cancelamento de uma linha de telefone . O vídeo que tem mais de 18 milhões de compartilhamentos relata de uma maneira cômica o trabalho de um operador de telemarketing. Será que pensaram em dar a voz para a Judite? Será que ela existe?

O dia a dia de um operador de telemarketing não é fácil, não existe nada de engraçado. Muitas pessoas avaliam como um trabalho fácil por ser um expediente de 6 horas, ou em alguns casos, 6 horas e 20. Existe mesmo esta facilidade?

O que se vive diariamente no ambiente de central de atendimento é um clima de cobrança excessiva por metas, ausência de treinamento para reciclagem e solicitações muitas vezes abusivas para hora extra, com ameaça de perda de benefícios, como troca de horário. O trabalho pode ser reduzido, mas o estresse é equivalente um dia inteiro de trabalho.

O que você faz em 20 minutos? A Judite esquenta a comida e almoça, ou melhor, engole a comida. Especialistas da área da nutrição relatam sobre a importância de comer devagar e mastigar de forma lenta, mas isso não é possível no Call Center. Outro absurdo neste meio é o controle da ida ao banheiro, conhecida como pausa toalete.

O fluxo de ida ao banheiro é estreitamente controlado, normalmente, uma pessoa por vez na equipe (leva-se em consideração 20 pessoa por equipe), a pessoa precisa despertar o interesse na ida ao toalete, é inserida na fila e quando chega à vez, é informada.

Ano de 2017: O presidente da republica interino, Michel Temer deseja realizar diversas reformas abusivas na sociedade brasileira, como por exemplo, a trabalhista e a previdenciária. Dia 28/04/07 data da greve geral, onde os trabalhadores de diversos setores da sociedade vão parar contra esta reforma. Você se pergunta neste momento: a Judite vai parar também?

Ela não sabe, por que está inserida no meio de um ambiente que só visa o lucro, o resultado e o alcance de metas. Parar uma central de atendimento não é algo fácil, além de iniciar uma briga entre patrão e empregado, não existe um meio de defesa do funcionário. Além do sindicato não trabalhar de forma unificada, a visão é sempre favorecer o empresário.

Judite é guerreira como todos os brasileiros, queria parar as atividades na sexta, mas como não sabe se vai ser possível, vai torcer pelo sucesso das paralisações e continuar torcendo por dias melhores e sem reformas.




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