segunda-feira 10 de fevereiro de 2020 | Edição do dia
Chove desde ontem na Grande São Paulo onde grande acúmulo de água de chuva deixa o solo mais encharcado, fragilizando-o e aumentando assim as chances de deslizamentos em encostas e dificultando o escoamento da água em regiões alagadas. Para a população pobre e trabalhadora, o risco de deslizamentos representa a perda de tudo: sua casa, sua vida. Como ocorreu no Morro de Socó, no Parque Imperial em Osasco hoje pela manhã.
Desabamento brutal no Morro do Socó em Osasco. Com as chuvas torrenciais fruto das intensas mudanças climáticas, somadas ao descaso do governador João Doria milhares ficarão sem casa hoje.
Mais uma tragédia capitalista! #alagamento #sp pic.twitter.com/zTYWfTx6Mq
— Esquerda Diário (@EsquerdaDiario) February 10, 2020
No vídeo, publicado em redes sociais, é fácil notar que se trata de uma comunidade carente pelas casas de alvenaria com os tijolos expostos e suas coberturas de telhas. Por hora não há notícias de vítimas fatais. No entanto, há vários feridos, segundo os bombeiros que estiveram no local pela manhã para também retirar moradores do entorno do deslizamento. Na imagem abaixo, do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas do Município de São Paulo (CGE), pela manhã já apontava estado de alerta na região da subprefeitura de Perus (PR), região noroeste do município de São Paulo que faz limite com a região do município de Osasco onde ocorreu o deslizamento.
Em vermelho, regiões em situação emergencial. Na parte superior esquerda a região da subprefeitura de Perus. Fonte: site CGE, acesso em 10/02/2020 às 9h40min.
Ano após ano se enfrenta o mesmo problema com as chuvas. No entanto, não é culpa da natureza e sim do estado que não investe em infraestrutura e prevenção de enchentes. Em São Paulo, Dória e Covas deixaram de investir milhões de reais para favorecer a iniciativa privada Frente a essa situação calamitosa é necessário o governo imediatamente tomar ações que assolam a população. É preciso liberar os prédios e espaços públicos, devidamente estruturados, para atender as vítimas desabrigadas deste incidente e de outros possíveis deslizamentos. Também é preciso, que seja concedido o abono do ponto aos trabalhadores que não conseguiram chegar aos seus postos de trabalho e que não sofram perseguição dos patrões devido a atrasos, proporcionados pelos alagamentos.
É fundamental a imediata a revogação da MP 905, a "Carteira Verde e Amarela", um ataque brutal aos trabalhadores, que alterou mais de 86 itens da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), deixando de caracterizar o "acidente de trajeto" como "acidente de trabalho", deixando os trabalhadores mais vulneráveis e que estimula as empresas a forçarem seus trabalhadores a se colocar em situação de risco, como as ocasionadas pela chuva de hoje, pois não existe mais a obrigatoriedade da empresa de emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) ao INSS.
Para além disso, é urgente a construção de um plano de ação contra a especulação que impede aos trabalhadores o direito a uma moradia digna, empurrando-os a firmar morada nas encostas como a do Morro do Socó e um plano de obras públicas financiada por impostos progressivos sobre as grandes fortunas e fim de isenções fiscais para poder destinar investimento público a uma reforma urbana radical.
[Saiba mais: Não é a chuva, é o capitalismo! 7 Medidas emergenciais para enfrentar a crise de responsabilidade do governo Doria-> http://www.esquerdadiario.com.br/Nao-e-a-chuva-e-o-capitalismo-7-Medidas-emergenciais-para-enfrentar-a-crise-de-responsabilidade-do}
