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DESEMPREGO | Desemprego na juventude aumenta mais de 50% em um ano

sexta-feira 26 de fevereiro de 2016 | 00:00

O ano começa com uma crise econômica profunda no Brasil. As disputas entre os principais partidos políticos da ordem, como PT, PSDB e PMDB, escondem um grande pacto destes com os grandes capitalistas: despejar os efeitos da crise sobre os trabalhadores. O principal alvo tem sido a juventude que já não vê muitas alternativas de futuro.

Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em janeiro de 2016 a taxa de desocupação da população de 18 a 24 anos alcançou 18,9%, enquanto era de 16,5% em dezembro de 2015. Em janeiro de 2015 a desocupação desta faixa etária era de 12,9% segundo a mesma pesquisa.

O desemprego não cresceu apenas entre os jovens, mas, em menor proporção também cresceu em todas as faixas etárias. No grupo de 25 a 49 anos a taxa de desocupação ficou em 6,5% em janeiro, ante 6,1% em dezembro, em janeiro de 2015 a taxa era de 4,3%.

Foi de 3,2% em janeiro, ante 3% em dezembro a desocupação da população com 50 anos ou mais de idade. No primeiro mês de 2015 a taxa estava em 2,2%.

Só na região metropolitana de São Paulo são 120 mil pessoas a mais desempregadas em janeiro em relação ao mês anterior, em comparação a janeiro de 2015, 260 mil pessoas a mais buscam vaga de emprego.

Entre as atividades remuneradas apenas o comércio é uma contratendência que teve elevação no número de ocupados. É provável, contudo, que a elevação no número de ocupados no comércio seja efeito da demissão em outras atividades, elevando a precarização do trabalho. Por exemplo, parte dos 80 mil demitidos nas indústrias, ou dos atingidos pelas 72 mil vagas cortadas de serviços em São Paulo passaram a vender algum produto como ambulantes, para ter alguma renda e sustentar a família.

Os dados revelados pelo IBGE, no entanto, possuem enormes lacunas, sendo que o desemprego real deve ser ainda maior do que os números divulgados. Entenda como funciona a pesquisa feita pelo IBGE.

Os limites da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE

A pesquisa feita com periodicidade mensal se refere apenas às Regiões Metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, ou seja, há uma amostragem bastante delimitada, ainda que aponte tendências importantes. Mas o problema principal é que a pesquisa que revela a “taxa de ocupação”, na metodologia do IBGE, compreende “ocupação econômica remunerada” e também a “não remunerada”.

Na classificação oficial, além dos “empregadores”, dos “empregados”, e dos que trabalham por “conta própria”, o IBGE também entende como ocupados os “não remunerados”. Segundo o site do IBGE, os ocupados não remunerados são “aquelas pessoas que exercem uma ocupação econômica, sem remuneração, pelo menos 15 horas na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em sua atividade econômica, ou em ajuda a instituições religiosas, beneficentes ou de cooperativismo, ou, ainda, como aprendiz ou estagiário.”. Ou seja, pessoas desempregadas que fizeram alguma atividade beneficiente, ou que fizeram algum favor a alguém, ou até que estão aprendendo algum ofício com um parente estão ocupados.

Fica ainda mais claro o problema quando lemos a definição do IBGE para a população desocupada: “aquelas pessoas que não tinham trabalho, num determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomaram alguma providência efetiva (consultando pessoas, jornais, etc.).”. Ou seja, só contam na taxa de desocupação os desempregados que procuraram emprego, aquelas pessoas que de tanto procurar emprego por alguma razão desistiram não constam como “desocupados”.

Por se tratar de uma pesquisa mensal, os dados do IBGE apontam para movimentos importantes no mercado de trabalho, contudo, a partir deles não conseguimos compreender profundamente o nível de desemprego real pelo qual passa o país, uma vez a “desocupação” tende a encobrir um desemprego real muito mais elevado.

Explicando melhor, além do número alarmente dos 18,9% de jovens de 18 a 24 anos desocupados em janeiro de 2016 que a pesquisa aponta, ainda há os jovens desempregados que por alguma razão não procuraram emprego no período pesquisado, há também enorme contingente de jovens que estão desempregados, mas que fizeram alguma atividade beneficiente, alguma ajuda a instituição religiosa, ou que são aprendizes ou estagiários não remunerados.

Basta de ataques aos jovens trabalhadores

O Esquerda Diário tem divulgado dados de uma série de pesquisas que revelam os impactos da crise sobre os trabalhadores, como aqui, aqui, e aqui. Nesta crise quem sofre são os trabalhadores, pois os banqueiros tem batido recordes de lucros. Quase metade do orçamento federal vai para os detentores da dívida pública (banqueiros, acionistas da bolsa). A juventude trabalhadora tem aguentado cortes para saúde, educação, demissões, e precarização do trabalho.

O que está em jogo para estes jovens são seus sonhos de futuro roubados um a um pela ganância capitalista e por um governo que só atende aos interesses dos patrões. É necessário aprender com o exemplo dos estudantes que barraram a reorganização escolar em São Paulo ocupando escolas, e forjar uma juventude anticapitalista que se alie ao conjunto dos trabalhadores para barrar esses ataques. A esquerda precisa cobrir de solidariedade os operários da MABE que decidiram não aceitar a situação de humilhação imposta e decidiram ocupar a fábrica, buscando criar uma grande unidade da classe trabalhadora contra os despejos da crise em suas costas. Esta é a única saída de futuro para a juventude trabalhadora.




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