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Descubra à serviço de quem está a deputada Marcia Lia do PT

Deputada Marcia Lia do PT é convidada pela atual gestão do Centro Acadêmico Florestan Fernandes do Curso de Ciências Sociais da Unesp Araraquara, Chapa Dialética, para a mesa “As mulheres e movimentos sociais do campo”. Descubra quem é a deputada e de quem ela está à serviço.

domingo 8 de novembro de 2015 | 12:18

É recorrente escutarmos a expressão do “mal menor” nos meios da esquerda e em campanhas eleitorais, principalmente de setores governistas no que tange defender o Partido dos Trabalhadores (PT). Acabam colocando as massas em um dilema: entre lobo e o lobo com pele de cordeiro, o que parte da premissa de que temos algumas poucas opções postas no cenário politico e aquela que se apresenta como “menos pior” e que se acredita que atacará menos os trabalhadores, a juventude e os setores oprimidos é a que devemos seguir e defender, mesmo que, na prática, seja a que está mais atacando. A premissa teria algum nível de coerência se estivéssemos falando de um plano abstrato que não corresponde com a realidade. Para romper com isso precisamos deixar concreto e demonstrar em quais relações o PT está envolvido até a medula.

Para isso devemos entender qual é a relação que os partidos da ordem, indo do PT, PMDB e PSDB, representam no cenário politico e o que representa a natureza do Estado. “Como o Estado é a forma sob a qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns, na qual se condensa a sociedade civil de uma época, segue-se disso que todas as instituições comuns têm como mediador o Estado e adquirem, através dele, uma forma politica” (La ideologia alemã, pg 61), e combinado com a famosa expressão do Manifesto do Partido Comunista em que denuncia que “o governo moderno não é senão uma comitê administrativo dos negócios da classe burguesa”, com essas citações é possível deixar claro a natureza do Estado Capitalista dentro da teoria Marxista. A partir do “18 de Brumário” de Marx, e em sua analise do poder executivo podemos ter um insight que o Estado Capitalista se constituiu de um exercito de burocratas, militares e políticos profissionais que tem como objetivo colocar todos os conflitos da sociedade civil a favor da burguesia em geral, e segundo uma fração da burguesia x ou y.

Partindo para o cenário politico brasileiro vemos então a configuração das principais forças politicas da burguesia: PT, PMDB e PSDB que representam cada qual à sua maneira, o interesse de determinadas frações da burguesia e seus interesses diferenciados, com uma margem de manobra muito pequena quando analisamos seus interesses diferentes frente aos interesses comuns que eles fazem valer dentro do Estado. No atual cenário de crise econômica podemos ver que a política social do PT é cortar tudo, cortes na educação, previdência, direitos trabalhistas, saúde, não negociando com os trabalhadores em greve das universidades federais e privatizando o que pode. Para os banqueiros eles aumentam os juros da divida, para o agronegócio aumentam as linhas de empréstimos, para empreiteiras são os contratos superfaturados.

Tudo isso é o mesmo receituário do PSDB dos anos 90, tanto que o PSDB não levanta a voz contra essas ações e no máximo critica o governo por corrupção, sendo ele protagonista de seus próprios escândalo na Alston no metro. Por outro lado enquanto o PSDB prepara uma operação para fechar escolas no Estado de São Paulo, 96 escolas somente no primeiro ano e acabar com educação pública, o ministro da educação, do PT, Aloísio Mercadante entende como recomendável essa ação.

A função do PT e o papel da APEOSP

Diferentemente das outras frações burguesas o PT em sua trajetória política se constituiu em base a diversas mobilizações e com isso conquistou posições em entidades e federações sindicais através da CUT. Estas posições acabam sendo utilizadas como linha auxiliar na política institucional e a voz do PT no movimento de massas. Assim, ela se aproveita do descontentamento da base para atacar seus adversários políticos, contudo sem comprometer a governabilidade dos governos do PSDB e PMDB, já que não são oposições, e sim unidade na aplicação dos ajustes. Um dos exemplos que temos é o sindicato dos professores do Estado de São Paulo, a APEOSP, que sob a direção da chapa 1, CUT e CTB, decretaram o fim da greve dos professores em 2013 mesmo quando a assembleia votou a favor da continuidade e para isso mandou a policia bater nos professores e na greve de 2015 em que nada fez para mobilizar a base dos professores para a luta e conduziram à derrota da greve que abriu espaço para a proposta da reorganização escolar. Para não falarmos sobre a recente edição do jornal da APEOSP que em meio ao maior ataque à educação pública no Estado de São Paulo não fala uma linha sobre a reorganização escolar, pelo contrario é utilizado como coluna social dos dirigentes do sindicato.

O que os empresários esperam da Marcia Lia

Como todos sabem empresários não doam, eles investem, assim é importante entender a figura do politico profissional dentro do teatro politico. O politico, comprado pelo empresário, é categoricamente um representante comercial e de seus interesses mais vis, assim é de lei que sua vontade nunca seja contrariada. Dentre os R$3,3 milhões (3.302.365,60 reais) gastos na campanha da Deputada Estadual Marcia Lia, boa parte veio da iniciativa privada. Pelo preço de quase R$ 920 mil ela se compromete a defender a Cutrale, mesmo sabendo que a empresa foi responsável por uma das maiores ofensiva midiáticas contra o MST em 2009, por uma ocupação de terras que resultou na CPI do MST. Também se compromete a nunca denunciar o cartel que a Cutrale, junto com outras empresas do ramo que afetaram mais de 20 mil citricultores. Também se omiti sobre o massacre indígena dos povos Guarani Kaiowá que ela é responsável em Dourados/MT, como dito lideranças indígenas em ato contra o massacre dos Guaranis Kaiowá em Araraquara. Lembrando ainda que a Cutrale é a principal doadora/investidora da bancada ruralista, que caça índios, trabalhadores rurais, camponeses e escraviza milhões de pessoas.

Qual seria o interesse das empreiteiras em pagar quase 1,6 milhões de reais para financiar a campanha da Marcia Lia? Porque uma empresa ligada aos escândalos da Lava-Jato, como UTC engenharia, seu dono Ricardo Pessoa, e uma das articuladoras internas para a privatização da Petrobras deu 600 mil reais para sua campanha? (Fonte no TSE)

Do mesmo jeito que o movimento sindical é utilizado para fazer a defesa do governo Dilma e seus cortes, diversas entidades do movimento estudantil são utilizadas na defesa do governo federal. O CAFF, centro acadêmico Florestan Fernandes do curso de Ciências Sociais da UNESP/Araraquara, tem na sua atual gestão grandes entusiastas e quadros do PT, mesmo que neguem que as linhas políticas do CA não giram entorno da defesa do governo Dilma, eles seguem as mesmas linhas de atuação de desmobilizar, burocratismo e ataques à democracia de base na mesma esteira que a CUT faz. Do mesmo jeito que a CUT nos professores não se manifesta contra a reorganização escolar o CAFF também não faz nada nesse sentido. Todavia, são os primeiros a fazer a defesa das autoridades petistas quando elas são indagadas, como, por exemplo, na audiência pública do Plano Estadual da Educação quando a Deputada Estadual Marcia Lia foi indagada sobre os cortes de 13 bilhões na educação e sobre sua campanha ser financiada pela UTC, empresa que assumiu que roubo da Petrobrás. Em seguida, o membro da atual gestão e vereador do PT fez uma fala em defesa da deputada e se utilizando do nome do CAFF e do conjunto dos estudantes do curso de Ciências Sociais. Na verdade deveria ser o contrario, o CA deveria estar cobrando isso e não a defendendo. Ainda devemos lembrar que a mesma gestão atual se construiu politicamente em 2014 em torno da campanha pela reforma politica que tinha como pauta o fim do financiamento privado de campanha eleitoral e com o discurso que com o congresso dominado pela bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) não tem como mudar. A incoerência é construir a campanha da Marcia Lia mesmo sabendo que esta era financiada por empresas privadas e também pela principal empresa financiadora das campanhas das bancadas BBB, a Cutrale. Outro fato de peso foi que Marcia Lia foi chamada para fazer uma palestra sobre as “As mulheres e movimentos sociais do campo” na Semana de Ciências Sociais, representando a Marcha das Margaridas, sendo a Margarida militante histórica do MST que foi assassinada por ruralista.




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