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MANOBRA | Deputados recuam na votação da anistia para caixa 2

terça-feira 20 de setembro de 2016 | Edição do dia

A pressa para aprovar a anistia dos crimes de caixa-dois soou quase como uma confissão coletiva dos deputados. Frente à repercussão negativa, tiveram que recuar na medida.

Como denunciamos aqui os deputados tentavam, em uma uma manobra parlamentar, aprovar um projeto que lhes garantia a anistia pelos crimes de caixa-dois.

O projeto era incluir uma emenda em um dos itens das medidas repressivas, chamadas de medidas anti-corrupção. O texto, originalmente, criminaliza a lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro nas doações de campanha, e a emenda anistiaria os crimes cometidos até a data de aprovação da medida.
Com a Lava-Jato investigando diversas campanhas eleitorais e denúncias como a do marqueteiro do PT João Santana, afirmando que 98% das campanhas utilizam caixa-dois, os deputados buscavam rapidamente se proteger. Com os olhos voltados na garantia de estarem elegíveis em 2018, os deputados manobraram para garantir a votação rápida da medida.

Alguns deputados, como Ivan Valente (PSOL-SP), protestaram contra a votação, que foi inclusa na pauta por meio de um requerimento de urgência. As críticas, assim como o desgaste dos parlamentares frente à opinião pública com uma medida que beneficia unicamente eles mesmos, fez que com fosse decidido adiar a votação.

Os que defenderam a manobra parlamentar, como Renan Calheiros (PMDB-AL), Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), embora alegassem não ter em vista a anistia, tinham a pressa mas tiveram que acatar o recuo. Mascarando a medida de um combate ao caixa-dois "a partir de agora" a anistia dos crimes já cometidos seria um bônus aos parlamentares.

Além do perdão por seus crimes, os deputados debateram o retorno do financiamento empresarial de campanhas, o que é contraditório com o combate ao caixa-dois. Boa parte dos casos descobertos envolvem as doações de campanha das empresas, como no caso da Andrade Gutierrez, que confirmou o pagamento de proprina na campanha de Dilma em 2014. Essa é uma denúncia que, no caso da ex-presidente ser condenada, poderia impugnar toda sua chapa, inclusive o golpista Temer. Com a aprovação da anistia, eles também estariam livres do risco.

O recuo dos parlamentares não significa que desistirão de se inocentar pelos crimes nas campanhas. É um momento em que buscam evitar mais desgaste, com muitos deputados concorrendo nas campanhas municipais, o que torna os movimentos na Câmara ainda mais calculados. Mas o episódio demonstra o quanto estão dispostos a defender a si mesmos e garantir os interesses seus e do empresariado que representam.




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