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TRIBUNA ABERTA | Deputado machista do PSL de SC defende que sofrer assédio é "direito" das mulheres. Não aceitaremos mais este ataque caladas!

Muito antes das últimas eleições se concretizarem e darem mais voz a extrema direita, já discutíamos o perigo do retrocesso em diversos campos da sociedade, inclusive sobre a violência de gênero, paralelo a uma eleição maciça de candidatos conservadores em Santa Catarina, tivemos um primeiro ano de governo com um número alarmante para as catarinenses: os feminicídios em 2019 chegaram a 59 mulheres vítimas de violência de gênero, ultrapassando em dezessete o número do ano anterior.

terça-feira 14 de janeiro de 2020 | Edição do dia

Infelizmente essa crescente nos casos não foi registrada apenas em Santa Catarina, o aumento no Brasil chega a 13% em relação aos anos anteriores. Não existem fatos que possam vincular essa crescente na estatística aos discursos misóginos que estamos tendo acesso, mas a algumas ações políticas com certeza.

Aqui em Santa Catarina, em pleno recesso parlamentar, o deputado estadual Jessé Lopes (PSL), por meio de suas redes sociais, promoveu ataques machistas ao movimento de conscientização feminista “Não é Não”, que pretende atuar no carnaval catarinense em 2020.

Alheio à realidade do que é ser mulher no quinto país que mais mata mulheres no mundo, o deputado disse que o assédio massageia o ego, que as mulheres inclusive já conquistaram mais direitos que os homens e que as pautas feministas visam o extremismo, que apenas retirou direito e “imbecializou o comportamento delas”.
Além das falas irresponsáveis que menosprezaram a luta e sofrimento de todas nós, o deputado ainda invadiu o perfil de uma internauta que comentou a publicação dele lamentando as suas falas, colou uma foto da mesma como resposta onde a mesma estava com um vestido decotado e escreveu “Nessa foto, não parece que você está muito preocupada com assédio” “inclusive, você é muito bonita. Parabéns”.
Como já é de praxe por parte dos representantes do PSL, de forma infantil e covarde o parlamentar atacou uma cidadã de forma gratuita e criminosa.

Em um ato de coragem em um estado tão conservador, a jornalista Laine Valgas no jornal do almoço pelo NSC notícias, reproduziu um texto tirado do instagram de Luciana Corrêa, que viralizou nos veículos de informação catarinenses e nas redes sociais que contém os seguintes trechos:

“Poder ser assediada não é um direito, é uma triste realidade com a qual as mulheres são obrigadas a conviver por conta do machismo que torna normal, rotineiro e até lisonjeiro coisas que constrangem as mulheres”

“É crime, definido por lei, e caso não esteja claro, vamos dizer mais uma vez, inclui a realização de ato libidinoso de forma não consensual e também enquadra ações como beijo forçado ou passar as mãos no corpo alheio sem permissão”

“Segundo pesquisa do Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva, 97% das mulheres já passaram por situação de assédio no transporte coletivo no Brasil”

“O discurso contra o assédio, só mostra o quanto falta informação da realidade da violência de gênero no Brasil. No ano passado, em 2019, 59 mulheres foram assassinadas em Santa Catarina apenas por dizerem não aos companheiros e ex-companheiros, 59 mulheres que tiveram o direito mais fundamental previsto na nossa Constituição, o de garantia da vida, negado, pois esses companheiros e ex-companheiros não entenderam que não é não. E ainda tem pessoas que acham que mulheres têm mais direitos que homens”

A comissão da Mulher dos Advogados do Brasil (OAB/SC) se manifestou dizendo que acredita no poder de conscientização que ações como a do movimento tem poder em alertar a população feminina sobre situações de abuso e violência. Já o Conselho Estadual dos direitos das Mulheres disse que assim que a câmara retornar do recesso buscará por ações legais de punição para o parlamentar.

Lembrando que em maio do ano passado Jessé já havia se manifestado por meio de falas que só perpetuam a cultura do estupro, dizendo que teriam roupas que “provocariam o estupro”.

Cada dia mais trabalhamos com a urgência na eleição de mulheres que nos representem nos órgãos de governo, é de suma importância que tenhamos representantes que impossibilitem a perpetuação de homens falando por nós sem nenhum conhecimento sobre as nossas feridas, diminuindo o nosso trabalho e restringindo o nosso acesso aos espaços públicos em segurança.

Além do mais, movimentos como o mencionado nesta matéria e tantos outros nos fortalecem como antes de eleitoras, cidadãs que se organizadas conseguiremos articular soluções por nós mesmas.
Se o deputado em questão se expos dessa maneira é porque se sentiu incomodado com crescimento do feminismo e na organização das mulheres.
Ao contrário do que esse machista espera, parece que o carnaval em Florianópolis terá resistência ao machismo, sim!

A nossa solidariedade ao movimento Não é Não, as irmãs expostas e invadidas nesse acontecimento desastroso e o profundo desejo de união para as próximas lutas que estão por vir.




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